As
declarações de Geraldo Simões no sábado 18, durante entrevista ao programa Resenha
da Cidade, de Roberto de Souza, na Rádio Difusora, deixam-nos pasmo em relação
à dimensão histórico-comparativa recente, tendo como ator o próprio
entrevistado. Registre-se que, dos melhores administradores da história itabunense
– fato não reconhecido na dimensão justa pela população e por quem mais
competia fazê-lo – vem sofrendo profundo desgaste político-eleitoral no curso dos
dez anos de últimas eleições. E tal não ocorreu à conta dos criticados.
Disse
GS estar, em nível de subordinação política, vinculado ao ex-governador Jacques Wagner. E
pôs na atual direção estadual do partido, e mesmo na governança baiana, senões observados sob o olhar de sua experiência política.
“Acha”
que o governador Rui Costa “errou feio” ao não se fazer presente na região nas
eleições municipais de 2016 (deixando de registrar o compromisso político do governador de não comparecer em qualquer deles onde não houvesse unidade da base) e assumiu posição contrária à permanência da atual
direção do PT em nível estadual reputando a ela o fracasso do resultado eleitoral
nas majoritárias passadas, a quem atribui a redução do comando do partido em cerca de 70%
dos municípios por “concessão exagerada aos partidos da base”.
Considerando
o dito – a partir do lido em blogs, uma vez que não ouvimos o programa
radiofônico – FG tem no governador Rui Costa um adversário à sua campanha em
2016 e, na esteira, a direção estadual como conivente a um processo que
denominou de “concessão exagerada”.
Punge-nos,
sobremodo, vislumbrar GS no universo dos descontentes com a atuação política do
governo estadual. Como punge-nos vê-lo na situação de liderança partidária, ora
buscando afirmar-se como tal nos limites meramente itabunenses. Ou seja, aquela
liderança regional, estadual, transitando por uma carreira que se imaginava
perene, demonstra não mais a força originária no nível de importância
conquistada no curso de três décadas.
Nesse
viés, a sua reação a companheiros da estadual, pretéritos parceiros da
administração primeira como prefeito de Itabuna, expõe o conflito. Onde deixa
de explicar as razões porquê.
Certo
oportunismo revela a entrevista. Começando por lembrar que a ‘liderança’ do
então governador Jaques Wagner não foi escutada em 2008 e 2012 quando sugeria o
nome dele, então deputado federal, para encabeçar uma chapa majoritária. Tampouco,
que imagem ficou de o líder assumir parceria de uma candidatura do filho a
deputado estadual (que pode ter custado uma ou duas vagas ao PT na Assembleia
Legislativa) por coligação diversa da aliança que ele denomina de “concessão
exagerada”.
Sua
crítica à atuação da direção estadual do PT em relação ao número de municípios ficou
no viés paroquial, minimalista em relação à realidade. Ou seja, para GS o
massacre por que passou o Partido dos Trabalhadores no país somente o foi na
Bahia.
Neste aspecto foi mesquinho ao não aventar para o eleitor/ouvinte – até como
alerta em relação ao que aconteceu – para a atuação da mídia capitaneada pela
Globo repercutindo a atuação de agentes do Ministério Público, Procuradoria da República
e mesmo do Judiciário, incluindo o STF, desenvolvendo uma campanha odienta e
levando ao imaginário da população o partido como causa de todos os males.
Parece-nos
que Geraldo Simões – liderança inconteste no passado mediano – assume uma
dimensão apenas local. Talvez reflexo da percepção do que ocorreu nas últimas
eleições a que concorreu para deputado federal onde cresceu como rabo de cavalo – como dizia vó Tormeza – saindo de 88.796 mil votos em 2006 para 75.997 mil em
2010 e 55.636 em 2014. No
particular de sua paróquia, Itabuna, de 35 mil em 2006 para 23 mil em 2010 e 16.518
em 2014.
Por
fim, não está no contexto de GS uma explicação para a atuação do PT, sob seu
controle, em nível municipal: da expressiva votação de Juçara em 2008 (42 mil
votos) para quase 17 mil em 2012 e a votação dele Geraldo em 2016, 8.104
votos, que dispensa adjetivação.
A
análise fria de suas declarações revela, apenas, que Geraldo Simões disputa
posições em busca da retomada de uma carreira que lhe fica a cada dia mais
distante. Não mais aquela liderança ceplaqueana aos 30 anos – quando unia a
categoria – tampouco a do administrador que chegou até a ser aventado como
pré-candidato a governador em 2006 (caso houvesse sido reeleito em 2004 para prefeito).
O resto Freud explica.
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