Cenário 1 —
Dia destes — dos tantos que se repetem teimosos
convidando à reflexão e à provação — circulou na rede uma ameaça militar
ao Estado de Direito. Descobrem agora que o ameaçador recebeu, em junho último,
a sinecura correspondente a 100,7 mil reais líquidos a título de remuneração.
‘Apenas’ 30,9 mil o foram de salário/vencimentos; o restante (2,3 três vezes o
principal), beirando 70 salários mínimos, sob a rubrica “outras remunerações
eventuais”.
Estranha nomenclatura essa: “outras
remunerações eventuais”. Primeiro, porque ‘outras’ pode muito bem ser exposta
de forma clara, não esconder-se em biombos. Pior essa tal de ‘eventuais’. Que
escondem de tão singulares que não encontram tradução como ‘diárias’,
‘gratificações’, ‘férias’, ‘antecipação do décimo terceiro’, ‘ressarcimento de
despesas’ etc.?
Este escriba de província entendeu estar
‘justificada’ a ameaça de golpe. O indigitado não pode perder tal ‘boquinha’ que
lhe assegura a jabuticaba tupiniquim denominada “outras remunerações eventuais”.
Cenário 2 —
Para não descurar de seus compromissos o
Vice-Presidente visitou Angola. Este escriba de província imaginou ser viagem
“de Estado”. Lula, por exemplo, viajava muito, acompanhado de dezenas de
empresários para abrir espaços para os negócios brasileiros. É função do
governante. Os Estados Unidos fazem, de modo competente (incluindo com ameaças)
— e sempre
fizeram — de tudo
para garantir espaço para os seus negócios e de seus empresários além
fronteiras.
Mas, a informação que circulou diz que a
viagem “de Estado” de Sua Excelência visava outra coisa: aparar as arestas
angolanas contra a Igreja Universal, que botou para fora os pastores/ministros
brasileiros que arrecadavam em território Angolano para os cofres da matriz, no
Brasil.
Registre-se que Angola ainda não fez o que a
França ameaça: bani-la. Tampouco tomou posição como a Alemanha...
Não sabemos se o Vice-Presidente fez outra
coisa além disso. Quanto ao propósito maior encontrou um sonoro não.
Cenário 3 —
Uma parlamentar sofre agressão violenta em seu
próprio apartamento funcional. Deixara de lado a defesa do ‘mito’ e mesmo
anunciou ter ouvido dele (cerca de quinze dias antes do ‘fatídico’ ocorrido em
2018) que ‘uma facada lhe garantiria a eleição’. Por razões difíceis de
explicar no ‘fatídico’ dia o hoje inquilino do Alvorada ‘dispensou’ o uso do
colete de segurança que, segundo a ex-aliada, nunca deixara de usar, assim como
naquele dia reduzira o número de seguranças.
Está explicada a agressão. Pode vir de gente
que se vê ‘vingador’ inspirado naquele ‘senhor’ do Antigo Testamento.
Cenário 4 —
De outra banda, o chargista e ativista
político Carlos Latuff confirma o óbvio ululante (perdoe-nos o leitor a
expressão hiperbólica): os militares são testa de ferro da CIA.
Desde priscas eras, senhor Latuff: o Brasil
integrou a Tríplice Aliança contra o Paraguay para atender aos interesses da
Inglaterra, que via em Solano López um inconveniente à sua manutenção no
controle da América Latina. (Basta que lembremos que o Paraguay avançava na
indústria bélica e naval, competindo em nível regional com os britânicos).
Depois da II Guerra, os EEUU ocuparam o lugar
da Inglaterra. Imposta a ‘guerra fria’ o Brasil militar sempre alinhado com os
Estados Unidos. A experiência anterior — Lula/PT no governo — legou, em
nível de política externa, uma certa autonomia e construiu ambições
geopolíticas ‘inconvenientes’ ao ‘irmão do Norte’.
Sabe ele que o retorno de Lula implica em
retomada de alianças com China, Índia, Rússia...
Conclusão —
Por fim, um jornal da maior tradição do
conservadorismo pátrio, um dos órgãos de imprensa a serviço do conservadorismo
em todas as suas dimensões ataca, em editorial, o inquilino do Alvorada,
afirmando estar ele de joelhos perante a Igreja Universal.
Nos cenários acima muitas formas de rezar.
Há quem de joelhos fique para rezar, para
pedir ou para se humilhar. Para ameaçar não há necessidade.
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Algumas fontes que ilustram a matéria aqui aqui aqui aqui aqui