domingo, 28 de outubro de 2018
Em meio às singularidades
Revolução
dos Cravos
Quando concluímos
a coluna (às 19:00h) ainda não havia publicação de qualquer resultado nas apurações.
Mas, uma
coisa nos ficou evidente nestes últimos dias: a militância petista e a reação e o despertar
da sociedade diante do discurso autoritário impulsionaram um movimento de
virada em favor de Fernando Haddad.
Qualquer
que seja o resultado, ainda que a derrota petista venha a se consumar, isso
ficou evidente.
Lembrou
a este articulista aquele verso “Foi bonito, pá”, de Tanto Mar, de Chico
Buarque, cantando a Revolução dos Cravos, saudoso em seu tempo, como fora
Fernando Pessoa no poema inspirador (Navegar É Preciso), buscado em Pompeu
(106-48 a.C.).
Covarde, porque sou...
Dados concretos demonstram a evidência de manipulação no processo eleitoral, que significativamente interferiu nos resultados para presidente no primeiro turno, fato alheio em nível de apuração por este omisso e acovardado Poder Judiciário (TSE e STF).
A matéria de Mauro Lopes e Pablo Nacer, no 247 o diz
claramente, basta que se veja a queda nos índices analisados (quesito busca)
depois da denúncia de Patrícia Campos Melo na Folha de São Paulo, de intervenção
econômica indevida e ilegal de parcela de empresários em favor de Bolsonaro,
veiculando mentiras (fake News) na rede referentes a Fernando Haddad.
Para o quanto delimitado em lei
tudo viola o processo eleitoral, porque através de meios ilegais (doações
vedadas em lei) o eleitor foi induzido a erro de avaliação a partir de mentiras
veiculadas. Em torno disso – e da gravidade nele contida – o Poder judiciário
NUNCA poderia se omitir.
Especialmente tão zeloso quando
no centro de suas decisões está Lula/PT etc.
Ao leitor a análise dos dados. E
a ele transferimos também a compreensão do quanto custará ao país a postura
acovardada, omissa e irresponsável do Poder Judiciário.
Há quem
acredite...
Em Papai Noel, mula sem cabeça, boitatá, super homem etc. Inclusive
quem acredita no que diga Rosa Weber, ministra do STF, ora presidindo o TSE. No
caso concreto Alex Solnik, que andou gastando tinta para interpretar a
afirmação de Sua Excelência, em coletiva, de que “Todos
os brasileiros são inocentes até o trânsito em julgado do processo”.
Para o ilustrado intérprete teria a Ministra afirmado nas entrelinhas “Lula é inocente, está preso injustamente e deveria estar em liberdade até o trânsito em julgado do processo do tríplex.”
Para o ilustrado intérprete teria a Ministra afirmado nas entrelinhas “Lula é inocente, está preso injustamente e deveria estar em liberdade até o trânsito em julgado do processo do tríplex.”
Mas,
caro Solnik, não foi essa a posição adotada no caso do habeas corpus, quando –
mesmo declarando ser contrária (atualmente, sabe Deus até quando!) à prisão em
2º grau, julgou contrariamente para “acompanhar” a votação dos que a
antecederam.
Confiar
no que diz tal figura é acreditar em Papai Noel, boitatá, etc. etc. etc.
Mesmo
porque pode fazer como no julgamento de José Dirceu, quando trouxe ao mundo
jurídico essa pérola: não tenho prova contra Dirceu mas a literatura jurídica
me autoriza a condená-lo.
Lindo de
morrer! De rir!
Causa e
efeito
Bem
poderia explicar o ministro Roberto Barroso, do STF, o que quis dizer com “os
países, como as pessoas, passam pelo que tem que passar, para amadurecerem e
evoluírem”, como observou Tereza Cruvinel. Justamente porque aplicou aos “países” princípio inerente à
espiritualidade, pois a lei cármica, da causa e efeito, está afeta às
individualidades que, pela reencarnação, tendem ao aprimoramento.
Muito em
especial pelo fato de Sua Excelência, a quem compete – em nível da lei dos
homens à qual está submetido – aplicar fundamentos que regulam
institucionalmente o Estado Democrático de Direito que nunca foi elaborado sob
a égide de centros espirituais, até porque em tais lugares não se faz o que,
por exemplo, Sua Excelência o faz, como negar vigência à lei a que está
vinculado a cumprir por desígnio funcional e não espiritual.
Ou
estaria Sua Excelência, utilizando-se da lei de causa e efeito para realizar o
messianismo que ora se anuncia para o país, pátria do Evangelho?
E acrescentamos: Sua Excelência, com a espatafúrdia declaração, lança as bases do singular 'pentecostalismo kardecista'.
E acrescentamos: Sua Excelência, com a espatafúrdia declaração, lança as bases do singular 'pentecostalismo kardecista'.
Considerações
Quando publicamos este dominical não dispúnhamos dos resultados das
eleições, em segundo turno. O alimento informativo ainda o que ocorria: vitória
de Bolsonaro.
Em torno disso refletimos.
Considerando uma série de denúncias de manipulações as mais várias, que
teriam comprometido o resultado de forma direta já no primeiro turno, a vitória de Bolsonaro efetivamente é “sua” vitória?...
Não, afirmamos.
É a vitória de um projeto onde o candidato entra no Credo como Pilatos: por
conveniência e falta de opção.
Judiciário, mídia (capitaneada pela Globo) e dinheiro empresarial (ilicitamente) asseguraram a eleição de Bolsonaro.
O mais vergonhoso não é a mídia e o empresariado em defesa de seus interesses e dos
grupos que os sustentam. A vergonha, em plenitude, está no Judiciário.
Acovardado. Preferimos tachá-lo de acovardado, não só porque as atitudes
recentes o demonstram à saciedade.
Mas, repetimos, preferimos tachá-lo de acovardado para não afirmá-lo conivente com os absurdos perpetrados em defesa de uma ordem econômica incompatível com os interesses pátrios.
Mas, repetimos, preferimos tachá-lo de acovardado para não afirmá-lo conivente com os absurdos perpetrados em defesa de uma ordem econômica incompatível com os interesses pátrios.
Preferimos
tachá-lo de acovardado para não afirmá-lo agente de interesses escusos
comandados de além mar.
Sem comparação
Há quem queira comparar os dois instantes, considerando o retrocesso: o
golpe civil/militar de 1964 e aquele consumado em 2016 que se perpetua em
desígnios neste 2018.
Tomando o Poder Judiciário, na representação institucional do Supremo
Tribunal Federal, como paradigma, podemos ver, de imediato, quão diferentes os
instantes. Em 1964, ultrapassado o golpe, quedou-se acovardado o STF. Em 2018,
o acovardado STF participou efetivamente do processo. Seja-o por omissão em
temas capitais, seja-o por comissão/atuação objetiva e consciente no próprio
processo eleitoral.
Tudo o que ora acontece, desde 2016, acontece porque o apoiou o STF.
No primeiro instante (1964) a força das baionetas; no segundo, o da
caneta do Judiciário.
Singularidades
Nestes
dias turbulentos, quando as ideias perderam espaço para as ações, convivemos
com situações inimagináveis: Joaquim Barbosa (carrasco do PT) declarando voto
no petista e Ciro Gomes ficando em cima do muro.
Coisas
da política, dirá o homem comum. E acrescentamos nós: deste singular Brasil.
Onde um, cuja postura como julgador, foi a negação ao Direito e outro, que se converte em afirmação ao que negou.
domingo, 21 de outubro de 2018
De surpresas várias ao que nos aguarda
Ninguém
esperava por isso
Às
vésperas do segundo turno muito do que nunca imaginamos aconteceu: o PT
renunciar ao vermelho como cor do partido na campanha e o seu candidato elogiar
o juiz Sérgio Moro, o carrasco maior do partido.
Ou não
se faz PT como antigamente ou fica comprovada a falta de percepção de muitos de
seus expoentes diante da fatalidade.
Para
muitos, desolação. Lula confiou no técnico Fernando Haddad. Não conhecia o
político Haddad, que em vez de defender bandeiras parece demonstrar que tão
somente pensa no poder.
A ponto
de tornar-se patético e ridículo declarando o que deu de declarar.
Conspiração
Costumam
dizer – os que se beneficiam do quanto denunciado – que se trata de ‘teoria da
conspiração’. Ou seja, invenção de quem vê pelo em casca de ovo ou chifre na
cabeça de burro.
A
análise de André Barrocal na Carta Capital, aqui veiculada a partir do Conversa Afiada, ilustra em torno da possibilidade concreta do pelo em ovo e do chifre
na cabeça do burro.
A depender do Judiciário... melhor reclamar com o Papa
Juristas
reclamam ao TSE diante das fraudes eleitorais cometidas.
O pessimismo deste
escriba os vê naquela situação dos cavaleiros de Granada, de Miguel de
Cervantes, que ‘saíam em louca disparada pela madrugada: para quê? Para nada!’
Afinal,
o que alimenta o pessimismo deste escriba: não é o próprio Judiciário (de STF e
TSE) a legitimar tudo que aí está?
Reclamar
só a um: ao Papa.
Pergunta
inocente
A pauta
de julgamentos do STF passa pelo controle do seu presidente. No caso presente,
Tóffoli. Ou seja, se Tóffoli não quiser não pauta o processo para julgamento.
Na
pendência de pauta um tema aflitivo: a prisão após decisão em segunda
instância. Posição inconstitucional admitida pelo STF em 2016 que pode ser revista
e beneficiar todos aqueles que se encontram presos em razão deste absurdo
jurídico à luz da Constituição brasileira. Dentre eles, Lula.
Tóffoli
hoje é assessorado por um general, do qual desconhecemos a razão por que da
escolha(?); Talvez por saber jurídico que a plebe ignara – nós em meio a ela –
desconhece.
Estando
em jogo a possibilidade de libertar Lula antes que o façam os tribunais
superiores, o que poderia depender de Tóffoli ainda depende dele?
Uma
pergunta inocente para uma conclusão em desdobramento: Lula está ferrado.
Detalhe:
o Ministro Dias Tófolli, como outros muitos, foi indicação de Lula/PT.
O que
nos aguarda I
As
eleições presidenciais deste 2018 negaram ao povo/eleitor a mais elementar de
suas finalidades: o conteúdo da proposta do pacto eleitoral.
Esse conteúdo se
manifesta através do debate das propostas de cada candidatura, levadas à
escolha. Estas, as propostas, por sua vez, expressam as políticas de Estado na
dimensão de políticas de governo que o futuro eleito pretende implantar. Ou
seja, sem o debate qualquer candidato eleito cuida de administrar sem a
necessidade de corresponder ao prometido através de suas propostas. Assim,
administrará como se portador de um cheque em branco eleitoral, como se o
eleitor houvesse dito ‘faça o que melhor entender’ que nada tenho a exigir ou
cobrar de você.
Lembremo-nos
de que a reeleita Dilma Rousseff de logo foi alcançada pela denúncia de que
cometera fraude eleitoral porque não correspondia seu novo governar ao
prometido durante a campanha.
No que
diz respeito a esse cheque em branco, nuvens plúmbeas, caminhando para negras,
se nos são exibidas no horizonte próximo.
O pacto
eleitoral integra o pacto político que legitima a administração. Passa – no
presidencialismo nosso – pela composição entre Poder Legislativo e Poder
Executivo, porque através daquele este efetiva as políticas que integraram suas
propostas debatidas.
O que
nos aguarda II
Ausente
qualquer compromisso formal para a efetivação do pacto político e sentindo-se o
Presidente sem obrigação de corresponder ao pactuado, porque não existiu,
tenderá a conduzir a gestão política tão somente amparado na legitimação dos
votos recebidos.
Ocorre
que – aí reside o busílis – quem o elegeu espera uma resposta para corresponder
às suas necessidades, que passam não só por segurança (tão alardeada) mas por
alimento, emprego, educação, saúde etc. etc.

A reação
ao governo, eleito sem debater o pacto político-eleitoral, pode, então, trilhar
por reprimir, pura e simplesmente, todo e qualquer movimento crítico,
sustentado na legitimidade obtida nas urnas e naquele cheque em branco, uma vez que
tenderá a acreditar que sua presença à frente do Poder Executivo o foi sob a
égide da confiança e que cabe ao povo esperar para que tudo se materialize e
tudo fará para tal proceder.
Razão por que não pode sofrer interferência de
quem quer que seja. Especialmente se este “quem quer que seja” se expressa em
tradicionais movimentos sociais, atuando há décadas.
A arma
para enfrentá-los – já sinalizada, inclusive em falas de campanha – passa
por criminalizar ditos movimentos, que passariam a ser tachados como
desordeiros e contrários aos destinos da pátria, da família, de Deus e
quejandos tais, como analisa Antônio Salvador no GGN.
Antes,
comunistas; hoje, terroristas.
O que
nos aguarda III
Materializada
dita criminalização todos seremos terroristas em potencial, assim consideramos o alerta de Rodrigo Lentz, também no GGN. Porque falar,
criticar, escrever passam a ser definidas como atividades inconvenientes aos destinos
do país e quem as praticar seus naturais inimigos.
Tudo com
apoio da população manipulada.
Esperar
o quê diante do que nos aguarda?
Estamos
a caminho da irrecuperabilidade civilizatória. A ponto de “1/3 de entrevistados
defenderem prisão de suspeitos sem prévia autorização judicial” e 16% admitirem
a tortura como método investigatório, como analisa Wilson Ramos Filho, no GGN,
diante de pesquisa Datafolha.
E mais:
“- metade da população acredita ser possível uma ditadura militar no
Brasil;
- 24% acham que o governo tem o direito de proibir greves;
- 41% acham que o governo pode intervir nos sindicatos;
- 33% consideram que o governo deve ter o direito de proibir o
funcionamento de alguns partidos políticos.”
O
problema – percebe-se – não está em Bolsonaro, mas no povo. Manipulado ou não é fato concreto, faticamente existe.
E o
fascismo a caminho de tornar-se Política de Estado.
E não
imaginemos residir tão somente no povo a expressão dantesca do escrito acima.
Todos os que, em suas funções, legitimam tais absurdos integram e contribuem para a realidade
cruel. O que inclui Procuradores da República, juízes, desembargadores, Ministros do STF.
Todos aqueles que, de uma forma ou de outra, já expressaram em
pedidos e decisões o inominável.
domingo, 14 de outubro de 2018
Cuidando de entender e aplicar as facetas várias da Ciência Política a esta terra brasilis
Fome
Zero
Despenhadeiro abaixo
Imaginemos, apenas, para ilustrar tão promissor futuro para o país de todos nós, esse Chefe da Nação recebido na ONU para a abertura anual dos trabalhos daquela instância internacional.
Tornou-se
programa global da ONU no último dia 16 a experiência de política pública posta
em prática na fórmula preconizada por Lula para combater a fome e a desnutrição,
cumprindo o prometido no discurso de posse para o primeiro mandato, quando
afirmou que esperava que ao final de seu mandato todos os brasileiros estivessem
comendo três refeições por dia.
Para a
ONU um projeto para reduzir a fome e a esperança de trazê-la a níveis toleráveis até 2030.
Aquilo
que, por vontade política, os governos petistas fizeram em oito anos.
Despenhadeiro abaixo
O Brasil
durante o período de governos petistas ocupou espaço entre grandes na discussão
global, compreendendo e expondo o seu papel na geopolítica. Se fez líder em
alguns casos – como a defesa de políticas Sul-Sul e na defesa da unidade
latinoamericana. Tornou-se protagonista nas grandes discussões em defesa da Paz
e da Autodeterminação dos Povos. Simplesmente passou a ser admirado como nunca
o fora antes.
O mundo
admirava o Brasil e procurava espelhar-se nele.
Hoje
esse mesmo mundo está assustado – para não dizer apavorado – com o que pode
suceder a partir da eleição de alguém que para a comunidade internacional não
passa de figura inexpressiva e abjeta.
Os
passos recentes demonstraram o despenhadeiro a que chegamos. E sinaliza
permanecer.
Cuidando
de entender
Ao
cidadão que assina o blog não tem como analisar o candidato Bolsonaro além do
que ele sempre foi e oferta como biografia: um militar medíocre, reacionário,
nulidade política no plano de compreender a função da Política. Como militar
não pode ser compreendido como sinônimo do que pensa o quartel. Insuscetível de
alcançar o patamar que ora ocupa não fora a destruição do conceito de classe
política, adrede e criminosamente elaborada por uma parcela considerável da
mídia e, atualmente, da postura político-partidário-eleitoral do Poder
Judiciário, levando de quebrada os vocacionados a deus pelo fato de haverem
passado em concursos públicos.
Tudo isso regado pelo fanatismo neo pentecostal que norteia de católicos a protestantes evangélicos.
Tudo isso regado pelo fanatismo neo pentecostal que norteia de católicos a protestantes evangélicos.
No
processo de criminalização da classe política, quem para isso muito contribuiu –
o PSDB significativamente – esqueceu-se de que residia em casa de vidro e não só o
telhado ruiria, mas toda a moradia construída durante décadas.
E quem se imaginou beneficiário do que propagou tornou-se vítima e, por consequência, abriu espaço a quem vinha na esteira de um discurso fascista que se tornou única tábua de salvação no imediato.
E quem se imaginou beneficiário do que propagou tornou-se vítima e, por consequência, abriu espaço a quem vinha na esteira de um discurso fascista que se tornou única tábua de salvação no imediato.
Mas,
como analista, não temos como afastar da discussão algumas muitas das razões
por que essa triste figura (nada a ver com o personagem de Cervantes) tende a
tornar-se o Chefe da Nação.
Essa
circunstância – a chefia da nação – não decorre pura e simples da campanha
midiática contrária à classe política. Fora diferente tantos crápulas não
estariam reeleitos e uma leva de outros tantos recém eleitos para o Congresso Nacional
e Assembleias Legislativas.
Sob esse
particular aspecto – da eleição de crápulas – temos um singular exemplo da
contradição manifesta: Roberto Requião não foi reeleito para o Senado, pelo Paraná,
mas eleito o foi Flávio Arns, figura carimbada em denúncias de fraude em meio
ao sistema das APAEs, desse os tempos em que ocupava o Senado como senador pelo
PT, do qual saiu para filiar-se ao PSDB (partido que o acolhia, antes de ir para o PT, coisa assim tipo Delcídio do Amaral) e atualmente transita pelo REDE.
Não há
como afastar da análise um fato concreto: o alijamento de Lula da disputa –
mítica liderança dos despossuídos – permitiu a luta dos pequenos contra si
mesmos, da confusa ideia de que o outro é o bandido e eu o salvador. Presente
isso não faltaria – como não faltou – quem, sem discurso e sem qualquer
possibilidade de argumentar, se tornasse típico profeta a sublimar o que cada
um alijado pretende quando desamparado.
Vemos,
sob análise fria, o quanto se deixa iludir a massa não só pelas promessas deste
ou daquele candidato. A maior das ilusões, no entanto, não reside na dimensão
material – ambicionada – mas no recôndito do inconsciente. Afinal, não temos
como fugir de um fato concreto, posto ao largo com uma indagação: o que leva o
menos favorecido, beneficiado com políticas públicas postas em prática pelos
governos petistas a não votar no candidato do PT? E, o mais singular ainda, por
que muitos que sempre votaram antes no PT declaram voto em Bolsonaro?
A massificação
da campanha ‘PT ladrão’ não responde à pergunta, caso contrário esse mesmo povo
não estaria votando em tantos ora eleitos.
Muito
menos votaria em quem nenhum compromisso assume para com os menos favorecidos e
foge – como o Diabo da cruz – de discutir os problemas da nação e de seu povo, tampouco
apresenta uma mísera contribuição pessoal às mudanças que anuncia.
Dispensados
sejam psiquiatras, psicanalistas, psicólogos, sociólogos e quejandos tais. O que de
verdade há é que somos um país de milhões de Bolsonaros, sem a oportunidade que
encontrou o capitão que não teve condição de chegar ao generalato, Deus sabe
por quê.
A primitividade latente no hipocampo, que aguardava as reações oriundas do hipotálamo (social), se desperta acionada por tal singular droga e aflora em plenitude de descontrole emocional.
A primitividade latente no hipocampo, que aguardava as reações oriundas do hipotálamo (social), se desperta acionada por tal singular droga e aflora em plenitude de descontrole emocional.
Imaginemos, apenas, para ilustrar tão promissor futuro para o país de todos nós, esse Chefe da Nação recebido na ONU para a abertura anual dos trabalhos daquela instância internacional.
Cruz
credo! Vade retro, mangalô trêis vêis
– dirá o caboclo nas pirambeiras.
Caso não
se deixe encantar por aquilo que a Globo exibe como verdade. Ele em meio a
ela(s).
Por cá
continuamos cuidando de entender.
A
ciência explica
De João
Ubaldo Ribeiro, em lições de Ciência Política (disciplina da qual foi
professor na Universidade Federal da Bahia) no livro Política (Editora Nova Fronteira, 1981), o que muito se
aplica à atualidade:
“A
Política... Não é uma coisa distinta de nós – é a condução de nossa própria existência
coletiva, com reflexos imediatos sobre nossa existência individual, nossa
prosperidade ou pobreza, nossa educação ou falta de educação, nossa felicidade
ou infelicidade. [...] se achamos que a Política está entregue a gente ruim, um
pouco da culpa disso, ou grande parte dela, cabe a nós ‘pessoas boas’, que não
nos queremos envolver [...]”.
Por
agirmos ao contrário da racionalidade – ou quando o fazemos – nada mais fazemos
que por a chocar o ovo da serpente. Que surgirá como antagonismo à classe
politica e, naturalmente, à Democracia.
A
vitória ainda não ocorreu. Mas já aconteceu: a serpente quebrou a casca do ovo,
já nasceu!
O que
víramos na tela, na denúncia/visão de Ingmar Bergman está aí, ao vivo.
O que não se explica
O que não se explica
domingo, 7 de outubro de 2018
Entre incertezas e retornos
Leitura
imprescindível
Aqui
destacamos A RELAÇÃO MIMÉTICA ENTRE O PÚBLICO E A IMAGEM CINEMATOGRÁFICA, do
trabalho acadêmico que instruiu uma dissertação de mestrado do Professor
Clédson Miranda dos Santos, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia,
centrada na influência do cinema estadunidense nas gerações provincianas. No
caso estudado, as da cidade de Itororó, nesta Bahia de todos nós:
“Após
a Primeira Grande Guerra, os Estados Unidos começam a lançar as bases do seu
poderio econômico sobre o mundo e um dos modos de difusão e alargamento desse
poderio era ratificado por meio das ideologias propagadas pelas películas
hollywoodianas, por meio da disseminação dos valores da sociedade de consumo e
dos seus produtos. Estava, assim, constituído um modo eficiente de veiculação
do modelo de capitalismo norte-americano, principalmente para os países da
América Latina e, particularmente, o Brasil, grande consumidor. Ou, como afirma
Gomes (1980, p. 86), ‘a raiz mais poderosa dessa produção é constituída por idéias,
imagens e estilos já fabricados pelos ocupantes para consumo dos ocupados.’
Conforme Louro (op. cit., p. 426), as platéias selecionavam e acompanhavam os
diferentes gêneros narrativos, identificavam e decodificavam os diversos
signos, costumes, músicas, movimentos de câmera, sons, jogos de iluminação,
etc.. Deste modo, a linguagem cinematográfica e seus diferentes dispositivos
passavam a fazer sentido, produziam e difundiam diversas representações.”
Nunca o
estudioso haverá de descurar da existência de figuras míticas como Capitão
América, Superman e quejandos, vestidos com as cores da bandeira do USA e levando
ao imaginário externo aquele país como a pátria da liberdade e da democracia e,
acima de tudo, ser ele (o país), o guardião mundial da defesa de tais valores e
instituições, ao qual todos deveriam respeitar e copiar/obedecer.
Simplesmente
a manipulação das massas. Mentes direcionadas para corresponder aos ditames dos
Estados Unidos.
O
trabalho, centrado no inconsciente coletivo, não o sabíamos, foi desenvolvido
por um filho de Sigmund Freud, como o diz Armando Coelho Neto em texto para
avaliar a atualidade brasileira à luz da manipulação midiática capitaneada pela
Globo.
Leitura
imprescindível.
Doeeeu!
Essa
irritação da Globo, manifesta através de Míriam Leitão, cobrando do TSE postura
equânime em relação aos candidatos, nos cheira coisa de quem parece haver percebido um nó
nas próprias tripas causado pelo remédio que receita.
Quem sabe?, de estar
fazendo por um presidente que já anunciou redução para a verba publicitária e está diretamente vinculado à concorrente Record e ao pool de igrejas evangélicas lideradas por Edir Macedo.
Festa
Houve
tempo em que uma eleição podia ser chamada de ‘festa da democracia’. A deste
2018 = pautada no ódio e no medo – sinaliza tempos soturnos. Que podem rimar
com coturnos.
Estas
eleições bem podem ser uma festa, sim: de terror.
História como farsa
Há quem
veja na campanha para o segundo turno uma oportunidade para ‘reflexão’ do
eleitor. E, assim pensam, o debate de ideias e propostas ocorreria e o eleitor
poderia comparar as reações de cada finalista, no campo emocional e político e
administrativo.
Esquecem
que o debate posto está centrado no ódio e no medo.
A demonização da classe política
mostra os dentes.
Como na Itália oriunda da Operação Mãos Limpas.
Que resultou
em Berlusconi.
Sonho de
consumo
Não é de
hoje o sonho de Bolsonaro por implantar uma ditadura, ou, pelo menos, o retorno
dos militares ao poder. Em entrevista ao NYT, em 1993, desencavada
recentemente, tudo está claro como proposta.
Ou sonho
de consumo.
Nem
explicando!
Tempos
duros os que estamos vivendo. Tempos em que não dá nem mesmo para repetir
Brecht: “Que tempos são esses em que temos que explicar o óbvio?”
Pelo andar da carroça, nem
explicando!
Constituição
para quem e para quê?
Como no
samba-canção de Noel Rosa, imortalizado por Araaci de Almeida, nestes trinta anos completados
no último dia 5, “morre hoje, sem recado e sem bilhete”, porque “sem luar e sem
violão” lhe seria homenagem da qual se dispensou através de seus intérpretes no
STF.Durante certo tempo publicamos no blog O TROMBONE uma coluna semanal denominada De Rodapés e de Achados e nela duas tiras assinadas por Vinicius – Os Traços e As Traças –, que retornarão a este espaço muito proximamente.
Abaixo uma amostra do publicado há oito anos, com sotaque atual.
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