Revolução
dos Cravos
Quando concluímos
a coluna (às 19:00h) ainda não havia publicação de qualquer resultado nas apurações.
Mas, uma
coisa nos ficou evidente nestes últimos dias: a militância petista e a reação e o despertar
da sociedade diante do discurso autoritário impulsionaram um movimento de
virada em favor de Fernando Haddad.
Qualquer
que seja o resultado, ainda que a derrota petista venha a se consumar, isso
ficou evidente.
Lembrou
a este articulista aquele verso “Foi bonito, pá”, de Tanto Mar, de Chico
Buarque, cantando a Revolução dos Cravos, saudoso em seu tempo, como fora
Fernando Pessoa no poema inspirador (Navegar É Preciso), buscado em Pompeu
(106-48 a.C.).
Covarde, porque sou...
Dados concretos demonstram a evidência de manipulação no processo eleitoral, que significativamente interferiu nos resultados para presidente no primeiro turno, fato alheio em nível de apuração por este omisso e acovardado Poder Judiciário (TSE e STF).
A matéria de Mauro Lopes e Pablo Nacer, no 247 o diz
claramente, basta que se veja a queda nos índices analisados (quesito busca)
depois da denúncia de Patrícia Campos Melo na Folha de São Paulo, de intervenção
econômica indevida e ilegal de parcela de empresários em favor de Bolsonaro,
veiculando mentiras (fake News) na rede referentes a Fernando Haddad.
Para o quanto delimitado em lei
tudo viola o processo eleitoral, porque através de meios ilegais (doações
vedadas em lei) o eleitor foi induzido a erro de avaliação a partir de mentiras
veiculadas. Em torno disso – e da gravidade nele contida – o Poder judiciário
NUNCA poderia se omitir.
Especialmente tão zeloso quando
no centro de suas decisões está Lula/PT etc.
Ao leitor a análise dos dados. E
a ele transferimos também a compreensão do quanto custará ao país a postura
acovardada, omissa e irresponsável do Poder Judiciário.
Há quem
acredite...
Em Papai Noel, mula sem cabeça, boitatá, super homem etc. Inclusive
quem acredita no que diga Rosa Weber, ministra do STF, ora presidindo o TSE. No
caso concreto Alex Solnik, que andou gastando tinta para interpretar a
afirmação de Sua Excelência, em coletiva, de que “Todos
os brasileiros são inocentes até o trânsito em julgado do processo”.
Para o ilustrado intérprete teria a Ministra afirmado nas entrelinhas “Lula é inocente, está preso injustamente e deveria estar em liberdade até o trânsito em julgado do processo do tríplex.”
Para o ilustrado intérprete teria a Ministra afirmado nas entrelinhas “Lula é inocente, está preso injustamente e deveria estar em liberdade até o trânsito em julgado do processo do tríplex.”
Mas,
caro Solnik, não foi essa a posição adotada no caso do habeas corpus, quando –
mesmo declarando ser contrária (atualmente, sabe Deus até quando!) à prisão em
2º grau, julgou contrariamente para “acompanhar” a votação dos que a
antecederam.
Confiar
no que diz tal figura é acreditar em Papai Noel, boitatá, etc. etc. etc.
Mesmo
porque pode fazer como no julgamento de José Dirceu, quando trouxe ao mundo
jurídico essa pérola: não tenho prova contra Dirceu mas a literatura jurídica
me autoriza a condená-lo.
Lindo de
morrer! De rir!
Causa e
efeito
Bem
poderia explicar o ministro Roberto Barroso, do STF, o que quis dizer com “os
países, como as pessoas, passam pelo que tem que passar, para amadurecerem e
evoluírem”, como observou Tereza Cruvinel. Justamente porque aplicou aos “países” princípio inerente à
espiritualidade, pois a lei cármica, da causa e efeito, está afeta às
individualidades que, pela reencarnação, tendem ao aprimoramento.
Muito em
especial pelo fato de Sua Excelência, a quem compete – em nível da lei dos
homens à qual está submetido – aplicar fundamentos que regulam
institucionalmente o Estado Democrático de Direito que nunca foi elaborado sob
a égide de centros espirituais, até porque em tais lugares não se faz o que,
por exemplo, Sua Excelência o faz, como negar vigência à lei a que está
vinculado a cumprir por desígnio funcional e não espiritual.
Ou
estaria Sua Excelência, utilizando-se da lei de causa e efeito para realizar o
messianismo que ora se anuncia para o país, pátria do Evangelho?
E acrescentamos: Sua Excelência, com a espatafúrdia declaração, lança as bases do singular 'pentecostalismo kardecista'.
E acrescentamos: Sua Excelência, com a espatafúrdia declaração, lança as bases do singular 'pentecostalismo kardecista'.
Considerações
Quando publicamos este dominical não dispúnhamos dos resultados das
eleições, em segundo turno. O alimento informativo ainda o que ocorria: vitória
de Bolsonaro.
Em torno disso refletimos.
Considerando uma série de denúncias de manipulações as mais várias, que
teriam comprometido o resultado de forma direta já no primeiro turno, a vitória de Bolsonaro efetivamente é “sua” vitória?...
Não, afirmamos.
É a vitória de um projeto onde o candidato entra no Credo como Pilatos: por
conveniência e falta de opção.
Judiciário, mídia (capitaneada pela Globo) e dinheiro empresarial (ilicitamente) asseguraram a eleição de Bolsonaro.
O mais vergonhoso não é a mídia e o empresariado em defesa de seus interesses e dos
grupos que os sustentam. A vergonha, em plenitude, está no Judiciário.
Acovardado. Preferimos tachá-lo de acovardado, não só porque as atitudes
recentes o demonstram à saciedade.
Mas, repetimos, preferimos tachá-lo de acovardado para não afirmá-lo conivente com os absurdos perpetrados em defesa de uma ordem econômica incompatível com os interesses pátrios.
Mas, repetimos, preferimos tachá-lo de acovardado para não afirmá-lo conivente com os absurdos perpetrados em defesa de uma ordem econômica incompatível com os interesses pátrios.
Preferimos
tachá-lo de acovardado para não afirmá-lo agente de interesses escusos
comandados de além mar.
Sem comparação
Há quem queira comparar os dois instantes, considerando o retrocesso: o
golpe civil/militar de 1964 e aquele consumado em 2016 que se perpetua em
desígnios neste 2018.
Tomando o Poder Judiciário, na representação institucional do Supremo
Tribunal Federal, como paradigma, podemos ver, de imediato, quão diferentes os
instantes. Em 1964, ultrapassado o golpe, quedou-se acovardado o STF. Em 2018,
o acovardado STF participou efetivamente do processo. Seja-o por omissão em
temas capitais, seja-o por comissão/atuação objetiva e consciente no próprio
processo eleitoral.
Tudo o que ora acontece, desde 2016, acontece porque o apoiou o STF.
No primeiro instante (1964) a força das baionetas; no segundo, o da
caneta do Judiciário.
Singularidades
Nestes
dias turbulentos, quando as ideias perderam espaço para as ações, convivemos
com situações inimagináveis: Joaquim Barbosa (carrasco do PT) declarando voto
no petista e Ciro Gomes ficando em cima do muro.
Coisas
da política, dirá o homem comum. E acrescentamos nós: deste singular Brasil.
Onde um, cuja postura como julgador, foi a negação ao Direito e outro, que se converte em afirmação ao que negou.
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