Não vivêssemos engambelados pelo
sistema, onde os meios de comunicação comandam o permanente estágio de
alienação, há muito seríamos outro país. Como ‘país’ nos referimos a uma nação
que se reconheça como tal, pátria da cidadania em plenitude de dignidade humana,
não somente na língua, no território e um amontoado de gente.
Não se exija dela submissão, mas a
responsabilidade de que sua opção por este ou aquele caminho seja transparentemente
assumido, que o transcrito traduza a realidade, não o manipulado, como ocorre
em inúmeras oportunidades.
Nos Estados Unidos a imprensa tem lado.
E todos sabem disso. Quando leem este ou aquele jornal, escutam esse ou aquele
comentarista político, sabem a razão por que da defesa desta ou daquela posição
e a que interesses atendem. Definem-se, mas são ‘sinceros’ no propósito.
Aqui nesta terrinha posam de vestais
da moralidade quando defendendo até a imoralidade de quem a serviço.
Em princípio a concentração midiática
não tem mais o mesmo espaço. O acesso à informação está pulverizado. Assim, não
apenas a rádio tal, a TV tal etc. No entanto a informação que chega à porta do
leitor/ouvinte/telespectador pode ter nascido de uma mesma fonte, fonte de um
lado só, do mesmo portal de versão ideologizada em defesa do sistema.
Aguardando ser entrevistado em
determinada emissora local (e já o percebi em várias oportunidades) o portal de
notícias no que se refere ao noticiário nacional e internacional tinha a(s)
mesma(s) fontes.
O que faz justificar uma viagem de um
ex-presidente da República, atual candidato ao retorno, não encontrar guarida
na grande mídia? Enquanto a grande imprensa ocidental (com destaque para a
europeia) registra sua presença em razão do que fala em nível de importância
para o planeta, recebido como se chefe de Estado fora, aclamado por aquilo que
representa, nesta ‘terra dos confins’ a grande imprensa silencia em torno dele.
E mesmo descontextualiza o que diz, forma vil de enfrentá-lo.
Seu tempo (da grande mídia) está
voltado para aquele que, lá fora, dele correm como leproso.
Não há exagero em dizer que o processo
eleitoral vindouro é um marco definidor entre dois projetos de país; um,
colonialista; outro, com autonomia e posicionamento geopolítico já
experimentado.
O projeto colonialista que está em seu
ápice (pretendendo subir mais um pouco para consumar a destruição do parque
econômico pátrio ou o que resta dele) demonstra à sorrelfa o seu custo. Um
custo insuportável para a população, que sofre com a fome capitaneando o
estágio de miséria em que se encontra e mais e mais se aprofunda. Inconcebível
que — pondo-se
a dizer que informa — os meios
de comunicação tenham tamanha insensatez como caminho para o futuro.
Na outra ponta um projeto de cunho
socialdemocrata — já levado
a termo na história recente com resultados exitosos e mesmo revolucionários — não encontra
espaço naquela mídia nem para ser referenciado, muito menos posto para o debate.
O mundo assiste pasmo o que ora
acontece no Brasil. E parte dele reflete em torno dos caminhos para reverter
tanta crueldade. Este mundo que enxerga lá fora o que aqui dentro insiste a
mídia hegemônica não ver.
Claro, caro e paciente leitor, que
sabemos dos compromissos históricos desta mídia hegemônica e a quem serve: a
classe dominante, não a pátria. O que nos incomoda é o fato de não assumir que
assim o é e pousa de madona virtuosa quando pecadora profissional a serviço do
cafetão de plantão que a sirva e aos que serve (que nos desculpe a autêntica,
muitas vezes fruto dos desencontros decorrentes de uma sociedade aonde a
desigualdade impera).
Sob tal cadinho temos a mídia
hegemônica desta terra de São Saruê: podre, cheirando ao lançado às latrinas de
que se valem os miseráveis para atender às suas necessidades. Para o excremento
não há creme e cereja que o torne palatável. Fotos e imagens não têm cheiro,
mas o identificam por força da dedução. A imprensa da classe dominante pensa
que não.
A cobertura que fez e faz a grande
imprensa brasileira aos espaços visitados por Lula, omitindo sua importância
para o debate que se consumará em 2022, não passa de vã tentativa de borrifar com perfume francês e cobrir de creme e cereja o excremento exposto.
Mas, sabido e consabido que na mesa do
cotidiano nem mesmo borrifado/encharcado de perfume francês o excremento atrairá
comensais.
Tampouco uma porção de creme e cereja
sobre ele o tornará comestível.
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