domingo, 21 de novembro de 2021

Não há creme e cereja que o torne palatável

 

Não vivêssemos engambelados pelo sistema, onde os meios de comunicação comandam o permanente estágio de alienação, há muito seríamos outro país. Como ‘país’ nos referimos a uma nação que se reconheça como tal, pátria da cidadania em plenitude de dignidade humana, não somente na língua, no território e um amontoado de gente.

Não se exija dela submissão, mas a responsabilidade de que sua opção por este ou aquele caminho seja transparentemente assumido, que o transcrito traduza a realidade, não o manipulado, como ocorre em inúmeras oportunidades.

Nos Estados Unidos a imprensa tem lado. E todos sabem disso. Quando leem este ou aquele jornal, escutam esse ou aquele comentarista político, sabem a razão por que da defesa desta ou daquela posição e a que interesses atendem. Definem-se, mas são ‘sinceros’ no propósito.

Aqui nesta terrinha posam de vestais da moralidade quando defendendo até a imoralidade de quem a serviço.

Em princípio a concentração midiática não tem mais o mesmo espaço. O acesso à informação está pulverizado. Assim, não apenas a rádio tal, a TV tal etc. No entanto a informação que chega à porta do leitor/ouvinte/telespectador pode ter nascido de uma mesma fonte, fonte de um lado só, do mesmo portal de versão ideologizada em defesa do sistema.

Aguardando ser entrevistado em determinada emissora local (e já o percebi em várias oportunidades) o portal de notícias no que se refere ao noticiário nacional e internacional tinha a(s) mesma(s) fontes.

O que faz justificar uma viagem de um ex-presidente da República, atual candidato ao retorno, não encontrar guarida na grande mídia? Enquanto a grande imprensa ocidental (com destaque para a europeia) registra sua presença em razão do que fala em nível de importância para o planeta, recebido como se chefe de Estado fora, aclamado por aquilo que representa, nesta ‘terra dos confins’ a grande imprensa silencia em torno dele. E mesmo descontextualiza o que diz, forma vil de enfrentá-lo.

Seu tempo (da grande mídia) está voltado para aquele que, lá fora, dele correm como leproso.

Não há exagero em dizer que o processo eleitoral vindouro é um marco definidor entre dois projetos de país; um, colonialista; outro, com autonomia e posicionamento geopolítico já experimentado.

O projeto colonialista que está em seu ápice (pretendendo subir mais um pouco para consumar a destruição do parque econômico pátrio ou o que resta dele) demonstra à sorrelfa o seu custo. Um custo insuportável para a população, que sofre com a fome capitaneando o estágio de miséria em que se encontra e mais e mais se aprofunda. Inconcebível que pondo-se a dizer que informa os meios de comunicação tenham tamanha insensatez como caminho para o futuro.

Na outra ponta um projeto de cunho socialdemocrata já levado a termo na história recente com resultados exitosos e mesmo revolucionários não encontra espaço naquela mídia nem para ser referenciado, muito menos posto para o debate.

O mundo assiste pasmo o que ora acontece no Brasil. E parte dele reflete em torno dos caminhos para reverter tanta crueldade. Este mundo que enxerga lá fora o que aqui dentro insiste a mídia hegemônica não ver.

Claro, caro e paciente leitor, que sabemos dos compromissos históricos desta mídia hegemônica e a quem serve: a classe dominante, não a pátria. O que nos incomoda é o fato de não assumir que assim o é e pousa de madona virtuosa quando pecadora profissional a serviço do cafetão de plantão que a sirva e aos que serve (que nos desculpe a autêntica, muitas vezes fruto dos desencontros decorrentes de uma sociedade aonde a desigualdade impera).

Sob tal cadinho temos a mídia hegemônica desta terra de São Saruê: podre, cheirando ao lançado às latrinas de que se valem os miseráveis para atender às suas necessidades. Para o excremento não há creme e cereja que o torne palatável. Fotos e imagens não têm cheiro, mas o identificam por força da dedução. A imprensa da classe dominante pensa que não.

A cobertura que fez e faz a grande imprensa brasileira aos espaços visitados por Lula, omitindo sua importância para o debate que se consumará em 2022, não passa de vã tentativa de borrifar com perfume francês e cobrir de creme e cereja o excremento exposto.

Mas, sabido e consabido que na mesa do cotidiano nem mesmo borrifado/encharcado de perfume francês o excremento atrairá comensais.

Tampouco uma porção de creme e cereja sobre ele o tornará comestível.


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