A
sabedoria popular leciona que ‘quem fala muito acaba dando bom dia a cavalo’.
Expressão clássica de uso corriqueiro pela sapiência nordestina em torno da
qual deve muito conhecer o Presidente da República.
O
noticiário reflete o desdobramento de uma denúncia feita ainda no ano passado,
de que o ex-presidente da República não teria devolvido cerca de 161 bens
móveis que integram o acervo do Palácio do Alvorada, residência oficial do
Chefe da Nação. Não se descura que entre ditos ‘desviados’ estivessem alguns da
Granja do Torto. Bem possível.
O
alardeado pela imprensa é de que o Presidente teria falado do ‘desaparecimento’
de ditos móveis. E mais: também a primeira-dama não perdeu o mote e verbalizara
em torno do tema.
A
reflexão a que nos propomos gira em torno
do como andam os órgãos de comunicação do Governo e, particularmente, os
incumbidos de falar em nome e pelo Presidente. Isso porque não é a pessoa do
Presidente, mas a instituição “Presidência da República” que utiliza dos meios
técnico-institucionais para tal mister.
Não
enveredemos pelo lacerdismo udenista de gastos feitos para aquisição de móveis
novos; afinal, em termos de gastos o ex bate o atual disparando velocidade
astronômica, basta lembrar que até gastos para limpeza do lago de entrada do
Palácio do Alvorada que fizeram desaparecer as moedas ali acumuladas pela
tradição turística de alimentá-lo para dar sorte.
Mas,
voltando à vaca morta: ao que nos parece, nenhum deles (Presidente,
primeira-dama) respeitou as normas em torno do assunto. E, não bastasse – sem
qualquer ressalva de que algum órgão competente estaria a buscar localizar os
móveis e até aquele instante não encontrara – aproveitaram o estado de
‘cachorro morto’ do ex-presidente e participaram da sessão de socos, chutes,
pauladas e pontapés. Naturalmente tudo levado às alturas pelo noticiário;
afinal, a fonte justificava o alarde em torno do ‘escândalo’.
Mas
não é que descobriram os tais 161 móveis?
E
a divulgação não traz notícia de apuração em torno de quem veiculou a falácia
levada ao Chefe de Estado – na qual também embarcou a primeira-dama.
E
eis que refém o governo de (mais) uma futrica de ‘comadres’ ainda que esteja
surpreendendo em nível de economia, PIB, relações externas, soberania,
investimentos, retomada do crescimento, queda de juros, redução do desemprego,
criação de escolas técnicas (só a Bahia é destinatária de 10 deles) etc.
E
o “cachorro morto”, envolvido em denúncias graves até o pescoço se vê (mais uma
adiante analisada) – e à sua turma – na proa de ataques ao Governo e se
amparando (como se isso pudesse livrá-lo dos incômodos) na “injustiça” cometida
contra sua augusta figura.
E
está certo nesse quesito: até que provem o contrário foi acusado indevidamente.
Cremos
que – até que venha à tona quem induziu o Presidente à acusação (a qual não
precisava assumir) – um mote para o palanque contra o PT e o Governo foi dado
de mão beijada.
Mas
– mas que se impõe – em sua atual gestão – o Presidente Lula está
devendo muito no quesito comunicação. Para nós em duas latitudes singularmente
negativas: assumir-se porta-voz político-eleitoral no ataque ao ex-presidente (mister
que não lhe cabe e sim ao PT) e falando demais.
Sobre
esse “falar demais” – muito provável, queremos crer – que esteja a amparar a
primeira-dama, que fala o que bem entende onde bem entenda.
Que
saudades de D. Marisa Letícia! Que se limitava a ser mulher do Presidente da
República e não dava “bom dia a cavalo”.
Mas,
tudo isso ultrapassado – caro e paciente leitor deste escriba de província – há
também os que falam pouco em meio aos que falam muito. E não falta quem não
entenda de música, mas busque embaixadas para ouvir e aprender rapsódia
húngara! Quando bastaria ouvir Liszt Ferenc, mais conhecido nos botequins da
vida como Franz Liszt (1811-1886).
Mas,
do alto da intemperança, fazendo ou falando demais – dizemos nós – de certa
forma se aproxima da ironia de José Simão, de que há gente nesta terra
brasilis que até “decreta Estado de circo!”
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