Quase um ano desde a última publicação nesta página. Mas, eis que de repente, não mais que de repente, algo nos pede para retornar à faina de registrar o como entendemos as coisas muitas vezes difíceis de entender. Muitas elaboradas para confundir e inviabilizar a reflexão; outras adredemente desenvolvidas para atender a detalhes e interesses apenas.
Que dizer de tempos estios,
como o presente, quando o escrever – à guisa de exemplo – caminha para submeter-se ao mecânico e, em
muitos instantes, de significação nenhuma, exigindo hercúleos esforços para a mais
elementar exegese. Estranhos tempos, sim, norteados por aquilo que denominamos de
“cultura da certificação”, quando o certificado – em nível de percentual estatístico
considerável – se torna mais importante que o saber.
Na esteira da acomodação
tudo passa a ser pautado em ganho de tempo que se esgota no vazio e resulta na
negação do próprio homem definido como ser capaz de pensar e refazer
pensamento, de intervir consciente no meio social em que habita. Acomodação que
já o leva célere a ‘substituir-se’ por criatura
que fatalmente o levará à extinção como espécie.
Mas, eis que este escriba
de província em determinado instante sofreu um estalo, instantânea iluminação,
súbita clareza (às calendas o tal do insight)
em torno do que justificava sua escrita e percebeu-se mais pregando no deserto
sem interlocutor, em que pese um significado punhado de pacientes e fiéis
leitores serem a esteira para acomodar até mesmo a divindade tamanha dedicação
e carinho. Que dizer daqueles abnegados que leem e releem nossos textos, como
os mais de 13 mil no mês passado? Diante de tamanho ato de caridade cristã de
nossa parte sabemos que alcançarão o Paraíso sem pedir autorização a São Pedro!
Mas, trilhando por
caminhos que outrem registrou, aquele estalo
nos fez sentir na seara do ser responsável por aqueles que cativamos.
E cá estamos, retomando o
gasto do vernáculo com o que nos venha à cabeça e que, acima de tudo, nos cobra
o fugir do apologismo circunstancial e passageiro.
E nos vem D. Marisa Letícia. (Claro
que o estimado e paciente leitor há de indagar por quê). Esclareçamos!
Marcinho, conterrâneo nosso, muito amigo de uma ex-governanta do Palácio do Alvorada revelou dela haver escutado um fato singular, que àquela causara surpresa, ocorrido no dia seguinte à posse do Presidente Lula em 2003: dia amanhecido procurara a então Primeira Dama para conhecer os hábitos e desejos do casal etc. etc. Surpresa descobriu que D. Marisa não se encontrava no Alvorada.
Desesperada (diante dos
rígidos protocolos de segurança a que submetida e que lhe cabia fazer
respeitar) correu por indagar aqui e ali até obter a informação de que a esposa
do Presidente pedira ao motorista que a levasse a uma feira livre de Brasília
onde pretendia comprar o necessário para fazer a feijoada do jeito que o marido
gostava. Quando retornou – ilesa, graças a Deus! – e educadamente repreendida pela
zelosa servidora diante dos riscos por que poderia ter passado, dela ouviu
desculpas e a justificativa de que Lula adorava a feijoada que “ela fazia”.
Todo o papel acima gasto
sustentado o foi no que lemos na rede (até que provem ter sido mentira), de que
a atual primeira dama repreendeu veterano funcionário no exercício da função de
mestre de cerimônia do Palácio do Planalto durante a cerimônia de retomada do Conselho Nacional de
Ciência e Tecnologia, oportunidade em que cientistas pátrios agraciados com a
Ordem do Mérito Científico entregues pelo Presidente da República.
Huuumm! Não sabemos o
porquê, mas nos veio à mente a imperiosa necessidade de metaforizar o singular instante com a secular observação sertaneja. Dizem os que enfrentam as
estiagens prolongadas que os cãezinhos nascidos no curso dela ‘acuam poça
d’água’ quando a descortinam pela primeira vez.
E por lá até aprender leva tempo.
Que saudades de D. Marisa Letícia!
Mesmo porque também
desconhecemos que a saudosa primeira dama tivesse gabinete ao lado daquele
aonde despachava o marido no Palácio do Planalto!...
Pelo menos o que dizem por
aí!
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