Penico de bordel
O golpe denominado
paraguaio – adjetivo àquilo efetivado ao arrepio do ordenamento jurídico – encontra
substância no fato singular de uma Corte de justiça legitimar um ato político
levado a efeito em flagrante ferimento aos ditames legais/constitucionais,
encontrado no exemplo do Paraguai – daí o nome – o mais recente, em nível de América do Sul.
No caso do presidente Lugo uma iniciativa do Poder Legislativo foi prontamente
legitimada pela mais alta Corte do país, deixando o presidente sem qualquer
saída jurídica.
No caso brasileiro
reconhecíamos que a ‘paraguaiada’ não residia – assim pensávamos – na atuação direta do STF no
afastamento da presidente, mas na sua omissão em apreciar o direito material
que o ampararia, quando tão somente reconheceu validade a um procedimento político (viciado
em sua origem) fazendo prevalecer a forma estabelecida (por Eduardo Cunha)
sobre aquele direito material que deveria estar sob julgamento (crime de
responsabilidade).
As gravações de Jucá
demonstram – sem sombra de dúvidas – que a precipitação do processo de
impeachment não se deveu tão somente a Eduardo Cunha, mas, também, aos
interesses de membros do estamento político sob investigações que encontrava na
permanência de Dilma Rousseff um óbice ao bloqueio de ditas apurações.
Não bastasse –
denúncia gravíssima – quando “alguns” ministros do STF agiram à paraguaia o
fizeram consciente e objetivamente. Tornaram-se – e o são – atores do golpe.
Diante do papel
preponderante do STF de fugir da análise da constitucionalidade/legalidade dos
fundamentos jurídicos do impeachment, preferindo valorizar a forma, a criminosa
atuação da Procuradoria-Geral da República, na pessoa de Rodrigo Janot – que tinha
conhecimento dos fatos contidos na gravação desde março e que inviabilizariam o
prosseguimento de impeachment pelo vício original – deixam-no como peça um
pouco menor no golpe.
Cabe ainda registrar
outra vertente: o evidente conluio de ‘alguns’ ministros do STF para proteger
os golpistas de ações da Lava Jato. Leia-se aí, os golpistas do PMDB e do PP.
Porque os do PSDB/DEM e quejandos não vem
ao caso.
O último bastião da
República – o STF – está podre. Pelo menos em razão de ‘alguns’ de seus pares
que estão fazendo dele penico de bordel – aquele que acolhe todos os tipos de restos.
Comparado com os
outros poderes da República ainda fica na incômoda e incompreensível razão de
seus integrantes não serem eleitos pelo povo. Os fatos recentes nivela-os a todos
por baixo.
Não à toa o Brasil de Temer e quejandos vai-se tornando cada vez mais brasil. E assim o entende a imprensa internacional... que nunca engoliu o feito e sempre o definiu como golpe.
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