Um
escândalo moral quando o filme “Garganta Profunda/Deep Throat” (1972) – pornô
dirigido por Gerard Damiano/Jerry Gerard, estrelando Linda Lovelace – exibiu sexo
explícito. Adotado como símbolo da liberação sexual estadunidense nos anos 70
levava a que suas cenas de sexo fossem vistas como ataque à moral hipócrita.
Com esse nome ficou conhecido o ex-diretor do FBI Mark Felt, a fonte que
orientou a investigação de Watergate, o escândalo político que levou à renúncia
o presidente Richard Nixon.
Em razão de gargantas profundas o país está vivendo em buracos.
Buraco I – oportunismo
A
irresponsabilidade para com o país, em defesa de interesses eminentemente
pessoais (ou de grupos restritos) levou a um buraco, no campo político, milhões
de vezes maior que aquele do metrô de São Paulo, no campo físico.
Uma
rápida rememoração exige lembrar: movimentos desestabilizadores de 2013 visando
resultados em 2014, onde beneficiários seriam os opositores do então governo, com
destaque para PSDB/DEM/PPS e penduricalhos deram o passo planejado, urdido a
partir do exterior descontente com o papel desenvolvido/assumido pelo Brasil no
cenário da geopolítica mundial.
Correndo
por fora e alimentando a fogueira Eduardo Campos e seu PSB, que teria Marina
Silva no costado. Seria o tertius
para o sistema caso não pudesse o PSDB ir ao segundo turno e ele, Campos,
encarnaria a concentração opositora e se elegeria presidente, derrubando o
governo então no poder e que viria a ser reeleito.
Não
dando certo pelo viés eleitoral, o resultado foi de imediato contestado. Não
por fundamento legítimo, mas por insatisfação em permanecer a classe dominante
fora do controle absoluto do poder por mais quatro anos.
Em
torno do projeto se uniram membros do Poder Judiciário (incluindo STF), do
Ministério Público e da Procuradoria da República, do Poder Legislativo e da
grande mídia capitaneada pelo sistema Globo. Não mais a prevalência do Estado
de Direito, do respeito às leis. Mas a ocupação do torreão instalado no Palácio
do Planalto de qualquer forma e maneira – como diz o caboclo mineiro.
Assegurando-lhes apoio logístico forças internacionais coordenadas a partir dos
Estados Unidos.
Afastada
a presidente eleita assumiu o interino, que se tornou permanente, não para
corresponder ao programa de governo que elegera a chapa majoritária.
Então a
crise política aprofundou-se em decorrência da ilegitimidade. Afinal, não se
tratava de um vice que assumia, mas um títere para assegurar mudanças no Estado
para atender aquela classe dominante em sua vertente nacional e (mais)
internacional. Desmontar o patrimônio estatal amealhado nos últimos anos (o
pré-sal) e fazer efetivar promessas de Malan/FHC em 1999 não materializadas em
razão da vitória de Lula em 2002 através de privatizações/doações.
Ocorre
que o discurso moralista – sempre incompatível, como solução, com o político –
não poderia desaguar em outra coisa. Imaginar que uma viciada – historicamente –
classe dominante, habituada a dar as ordens desde a Colônia, exploradora em sua
essência, individualista, destituída do mínimo resquício de concepção de Pátria
e Nação trouxesse solução para uma crise onde ela mesmo em muito (muitíssimo)
ajudou seria acreditar em papai noel.
A
composição das forças que assumiram o poder – apodrecidas por convicção e método
– exacerbaram na dosagem de partilha do butim.
Temos que uma certa insegurança
quanto ao futuro e a incerteza quanto a permanência no controle levaram a uma ação
de governo que escancarou sua dimensão assaltante.
E
não deu outra. Porque o jogo já não tem o domínio absoluto deste ou daquele
grupo, mas de um conglomerado que começou a se ver minado por denúncias fora da
unidade de um controle político. Cada um vivendo outro oportunismo: o de salvar a própria pele.
Buraco II – fonte
No
país onde somente um partido político – e suas lideranças – era apresentado
como quadrilha única se viu, de um instante para a outro, escancarado,
inteiramente nu. Nem mesmo a informação manipulada, praticada pela mídia, teve
como selecionar e filtrar o que tinha que divulgar, atropelada que foi pela
avalanche dos fatos.
A
sequência de delações de grandes empresários atingiu um ponto sem retorno. Justamente porque o modus operandi é único: financiamento/controle privado do poder
político em sua dimensão representativa (Executivo e Legislativo). Em outras
palavras: uma parcela significativa de deputados, senadores, chefes do Poder
Executivo (em todos os níveis) são eleitos por empresas.
(Até o momento estão
na berlinda somente parte delas, visto que o sistema financeiro e bancário não
perderam ainda suas vestais. Questão de tempo – que o diga uma anunciada
delação/ameaça de Antônio Palocci).
O
dito pela Friboi/JBS (apenas uma parte do sistema) bem demonstra o nível de
controle, amparado num processo eleitoral que existe para que tal ocorra: só
dela saiu dinheiro (600 milhões de reais) para irrigar a campanha de 1.829
candidatos de 29 partidos políticos, conseguindo “eleger 167 deputados federais
de 19 siglas, bancou 28 senadores e fez 16 governadores” (O Globo).
Ainda
que o dito pela empresa dependa de comprovação em torno de sua veracidade
quanto à finalidade – para não generalizar – os números assustam: mais de um terço na Câmara, quase outro no Senado e mais da metade dos Estados brasileiros, por seus governadores.
E isso apenas
oriundo da JBS! E o empresariado das FIEPSs da vida, dos bancos, do
agronegócio?
Buraco III – não escapa um!
Não
se tenha – sob visão imparcial ou mesmo apologética, muito menos altruísta – a iniciativa dos sócios
da JBS/Friboi como oriunda de um surto moralista. Apenas mais um na cadeia
(ops!) que domina o país – mais competente que a Odebrecht – que dimensionou os
riscos para o conglomerado que atua além mar, com base nos Estados Unidos, hoje
dependendo do Brasil menos do que se imagina.
Não
passa a atuação denunciada da demonstração do que realiza essa classe
dominante. Colonialista, entreguista, descompromissada com o país e seu povo,
que realiza aqui o ganho sonhado para consumo lá fora.
Nenhum
altruísmo na JBS/Friboi. Apenas salvar os dedos, entregando alguns anéis.
Emílio
Odebrecht cinicamente já afirmara como agia, inclusive de sua tentativa de
adquirir Petrobras e a Embratel (com ajuda da Globo) no curso das privatizações promovidas por FHC.
Da
mesma forma que buscamos criminalizar a Política e a generalidade dos políticos,
também que deles se diga: não escapa um!
Buraco IV – Judiciário
Disse-o
a ex-ministra Eliana Calmon que nem o Judiciário escapa à apurações.
A
JBS/Friboi tem – pelo divulgado – controle sobre juízes. E, sabe-se lá mais o
que venha dessa trilha.
Buraco V – Ministério Público
Considerando
que seja parcela insignificante da representação corporativista, o santo do pau
oco também se faz presente no Ministério Público.
Haja vista um dos Procuradores que
defendeu aquelas ’10 medidas contra a corrupção’ estar preso e sob
investigação.
Buraco
VI – imprensa
Na
mesma esteira a divulgação, pelo sistema Globo, das denúncias que abalaram os
pilares da política nacional. Veja o porquê.
Por
que?
Caso não assumisse a divulgação outra televisão noticiaria.
Então, simplesmente
perderia a publicidade da JBS/Friboi que – dizem – hoje sustenta 70% da folha
da TV Globo.
Como
dizia o amigo Pitanga, lá em Itororó: Ou calça de veludo ou bunda de fora.
Buraco VII – Direitos e Garantias constitucionais
Mais
buraco nas garantias individuais. O aprofundamento do caos leva à generalização
de que o que está acontecendo está certo.
Opinião não é ciência. Assim, da
mesma forma que Delcídio foi preso também o afastamento de Aécio Neves – ainda
que não preso – padece de respeito à ampla defesa e métodos a ela inerentes:
procedimento processual instaurado, direito à defesa etc. etc.
Faz
parte do diálogo mineiramente humanístico de Aécio com Joesley.
Cristina Aparecida, modelo, assassinada por volta de 2000. Diziam ser ela
‘mula’ do esquema de Furnas, que alimentava o ‘mensalão tucano’.
Havia um cara,
em Minas Gerais, ex-policial, que dizia, com todas as letras: “Aécio Neves é traficante”.
Morreu.
Todas as desconfianças que dizem respeito à relação Aécio e
narcotráfico voltam à tona.
Inclusive aquele famoso helicóptero do Perrela
(destinatário do dinheiro rastreado pela Polícia Federal).
Tancredo Tolentino –
primo de Aécio – ficou famoso soltando narcotraficantes com ajuda de um
desembargador de Minas Gerais ao módico preço de R$ 120 mil.
"Acossado"
Não
o filme (A bout de souffle), clássico de Jean-Luc Godard, de 1960, mas o interino tornado presidente.
“Tem
que manter...”
O
interino está certo!
“Não
renunciarei!” – diz o interino tornado presidente.
Está certíssimo.
Sairia
do Planalto para a cadeia.
Caso não dependesse dos dois juízes comprados pela
JBS.
Sublimação
Dilma
foi afastada em razão de umas tais pedaladas. Nunca confirmadas. Ao contrário,
inexistentes, ou praticadas por todos os que ocuparam o cargo, inclusive o
interino.
E
a República se vê diante de uma quadrilha – em todos os termos – no Poder.
Que
não pratica pedaladas, mas assaltos, mesmo!
Lula
liquidado
Não
afastem Lula como alvo. Afinal mostrar que estão atingindo a todos atingir a
Lula – massacrado pela mídia – é apenas mais um.
Sua
condenação por Moro, mesmos sem provas, passa a ser justificada.
Não
esquecer que Lulinha sempre foi um dos donos da Friboi – coisa divulgada e internalizada no imaginário de parcela da população.
Para
a mídia condenação de Lula será apenas a do ‘chefe’.
O mote
O
Globo já fala em R$ 150 milhões da Friboi para Lula e Dilma. Não diz se para
campanhas ou para cota pessoal.
Nenhuma delação vinda a público, até agora, cita
o nome dos dois como beneficiários diretos.
No entanto, há muito circula que
Lulinha – o filho – é dono da Friboi.
Subornado
Na
Lava Jato há(via) um procurador subornado pela Friboi. Supimpa!
Esse
Lulinha é capaz de tudo!
Lembrado, para não ser esquecido
O juiz Sérgio Moro afastou as perguntas encaminhadas por Eduardo Cunha ao interino tornado presidente.
Está explicado.
Coisa
estranha
Quem
pôs as provas (filmagens, interceptações etc.) nas mãos da Friboi e autorizou a divulgação?
Na
rede
Gozador
na rede fala em possível pedido de asilo político por Aécio Neves.
Buscará
asilo na República de Curitiba, onde se dá muito bem com o presidente de lá.
Miúra
Sabíamos
que há muito nelore na linha de abate da Friboi. Mas nunca imaginamos que
dispusesse de miúra contra desafetos.
Momentos de ternura
Entre encantamentos e ternuras, figuras angelicais se encontram. Como a construir a personagem de Aldir Blanc “Esmeraldo Simpatia É Quase Amor” (Rua dos Artistas e Arredores, originário de crônicas publicadas no Pasquim).
Só falta a turma repetir o bloco carnavalesco – inspirado na personagem de Aldir – “Simpatia é quase amor”.
Tanto que não cansaremos o leitor com fotografias de Moro, Aécio, o interino, Luciano Huck etc. etc. etc. etc. entre homenagens, brindes e abraços
Novidade!
Há quem se escandalize com a intimidade (incluindo pedidos) entre o senador Aécio neves e o ministro Gilmar Mendes, do STF.
Inocente!
Não interprete mal ou faça mal juízo da coincidência ao lado.
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