Os
pobres de espírito na contemporaneidade brasileira são todos os que somente
leem o que lhes interessa. Em todos os sentidos. Ou seja, leio para afirmar uma fonte daquilo que já
tenho pré-concebido. Em meio a isso desaparece qualquer possibilidade de abrir
discussões de caráter crítico em relação a fatos com vistas a busca da verdade
factual, a verdade em si.
No
processo judicial sempre se presumiu a busca por essa verdade. Atuações
recentes – em muito amparadas no espalhafato que as envolve – lançaram às
calendas a busca pela verdade. Não se tratando da Divindade ou a Ela
teologicamente parentada, não cabe à espécie a afirmação de Cristo no “Eu Sou a
Verdade...” (João, 14:6).
Que dizer em torno da Verdade buscada pela sociedade no punir o semelhante a partir de um julgamento? Na justiça dos homens a verdade precisa ser provada. Tanto que,
presunção não faz verdade sem que
provada. Presunção antecede, para que a prova seja materializada e reconhecida
na conclusão, de caráter sentencial, dispositivo.
E
nessa dimensão específica – a busca da verdade pela prova – não cabe métodos
que ultrapassem os limites estabelecidos por lei. Fiquemos, aqui, com a lei
brasileira. Porque no que diz respeito aos tratados internacionais dos quais o
Brasil é signatário são rasgados no dia a dia, como ocorre – apenas para
ilustrar – com a Convenção Americana de Direitos Humanos, conhecida como Pacto
de San Jose da Costa Rica, e suas garantias judiciais estatuídas no Art. 8º.
Parcela
da população brasileira – o que demonstra o atraso a que estamos retornando – jacta-se
com declarações de condenados sob a égide de delações acordadas, porque não
mais premiadas tão somente.
Depois de a Civilização haver ultrapassado a etapa
do suplício corporal e das almas (onde tudo era cabível, da tortura física à
mutilação etc. etc.) como meios de obtenção da verdade (onde a Inquisição
celebrou aos píncaros tal absurdo) voltamos àquela fase, onde o encarcerado é
levado a dizer o que o acusador quer sob pena de apodrecer nas masmorras.
Para
não gastar o precioso tempo do leitor cabe-nos registrar: tudo para obter prova
contra um acusado onde nenhuma prova factual foi encontrada em três anos de
procedimentos investigativos e tudo o mais que seja possível instrumentalizar.
Já
afirmamos neste espaço que das duas uma: ou o acusado é perfeito no que faz ou
a investigação que o acomete é incompetente, ainda que disponha de toda a
tecnologia moderna para obter a comprovação de suas alegações/convicções.
Ou,
como diz Luiz Nassif: “Contando com os mais potentes
instrumentos de investigação da história – a NSA, FBI e Departamento de Justiça
na cooperação internacional, os bancos de dados do Banco Central, Receita,
Coaf, as interceptações telefônicas e as delações premiadas – a equipe da Lava
Jato não conseguiu levantar uma prova sequer contra Lula.”
O que alimenta os pobres de espírito.
Cutucada
O
recuo de Moro em relação ao número de testemunhas arroladas pela defesa de Lula
não deixa dúvidas de que temeu a alegação de cerceamento de defesa caso se
utilizasse da faculdade que lhe é atribuída por lei de limitá-las; tentou
constranger o arrolante e não deu certo. No segundo plano, de que errara ao
promover a exigência.
Não
bastasse a revogação de sua determinação, sponte
propria, viu-se sucumbir por força de concessão de liminar em ordem de habeas corpus impetrado pela defesa de
Lula.
Quem
cutucou Moro não foi um desembargador, mas um juiz que exerce a função de
substituto, que prolatou a decisão liminar, à qual remetemos o leitor através
de Marcelo Auler.
Nada
falta
Se
faltava alguma coisa nada mais falta. A Lava Jato, que dispõe até de uma
agência de publicidade para assegurar-lhe a visibilidade que necessita, como meio
de fazer-se respeitada e aplaudida, tem outdoors aqui espalhados em Curitiba para
fortalecer a imagem dos catões da moralidade brasileira em viés parcial (falta indagar quem os paga!).
Juiz,
procurador e delegado dependendo de propaganda é o fim do mundo.
Ou falta de
convicção.
Insatisfação
ou insubordinação, eis a questão
Nem
falemos em desrespeito. Está ele contido in
re ipsa (na própria coisa) no conteúdo do texto levado a público e exaltado
por muitos dos de sempre. Dos que encontram no Estado de Direito tão só o
estado para o meu direito.
Imaginar
um procurador, um promotor reagindo a uma decisão que não lhe agrade, quando tem-no
– nos limites da competência funcional – através do recurso processual é o fim
da picada. É escancarar a postura político-ideológica.
Agravada
por fazê-lo contra decisão do Supremo Tribunal Federal.
Retorno
à senzala
Andou-se
falando de retorno à escravidão, dentro das críticas às reformas trabalhistas postas em
andamento pelo interino tornado presidente.
Não bastou o que está em andamento. Uma reforma trabalhista específica para o trabalhador rural se encontra no projeto. Foi
deixado de lado o discurso e partiu-se para a consumação do inconcebível, incluindo integralidade da remuneração em moradia e alimentos.
A teor da proposta só falta exigir que a moradia seja coletiva, senzala, e os alimentos comprados no barracão da fazenda.
No
fundo do imaginário dessa gente está explicado porque do ódio a Lula: botou
essa gente da senzala/roça na Universidade!
Retorno
Há
coisas primorosas na proposta, como a dispensa de instalação de banheiros e sanitários para
as empresas rurais se não superar o número de 20 empregados.
Mijar,
só na rodinha e cagar, só no mato. Como nos tempos de antanho.
Segundo
golpe
Maia, presidente da Câmara, desarquivou proposta de prorrogação de mandatos.
Para inviabilizar possível
candidatura/eleição de Lula adia-se o mandato do interino tornado presidente e,
naturalmente, governadores e senadores, sob o álibi da coincidência de mandatos.
A
ditadura foi mais consentânea: adiou o dos prefeitos, para um mandato de 6
anos, para coincidir com o de presidente da república.
Não
bate prego em estopa
José
Dirceu é um símbolo. Gilmar Mendes, no STF, votou a favor de sua liberação.
Caíram de pau em Mendes. Desconhecem que o ministro Gilmar Mendes não bate
prego em estopa. Liberar Dirceu – símbolo da esquerda – é justificar suas ações/decisões
futuras contra quem pretende apurar e processar seus amigos do PSDB e do PMDB.
Gente
fina é outra coisa
Ah!
Sabe o estimado leitor que o senador Aécio Neves andou depondo na Polícia
Federal? Não? Natural!
Pelo
tempo de duração do depoimento – uma hora – não deu nem para falar daquele
helicóptero.
A
que ponto chegamos
A
imagem veiculada mostra um cassetete sendo quebrado na cabeça do manifestante
em Goiânia, nas mobilizações do dia 28 último.
Para
a Folha não passava de “um homem trajado como policial militar”.
Quem
foi afastado – sem meios termos – foi o capitão ... da Polícia Militar.
Fica-nos
a certeza de que o jornalismo (informação) praticado por alguns órgãos de
comunicação (como a Folha de São Paulo) não é sério.
Primeiro
porque: considerando alguém vestido de policial cabia – a priori – a informação
de que (até prova em contrário, por condescendência) se tratava de um policial.
Segundo:
quem fotografou sabia.
Dourar, nem aí!
Houvesse
critérios crítico-dialéticos (redundante, que seja!) e um fato concreto seria
manchete de página inteira em toda imprensa: por que o desastre tucano a partir de algumas delações?
O
massacre por que passa o PT há, pelo menos, dez anos causou fraturas graves ao
partido. Nenhuma dúvida.
No
combate PT x PSDB o tucanato levou vantagem comparativa. Nenhum meio de
informação(?) tradicional o acusava/acionava, ainda que próceres de sua seara
estivessem sempre sob o crivo de denúncias (graves, algumas).
Mas
tudo parecia (e ainda parece!) ter nascido e só a ocorrer em razão da existência
do PT e dos governos petistas.
Nada a ver com UDN, ARENA, PDS, PFL, DEM, PMDB moderado e
quejandos outros que se alimentam das decanas mediocridades do pensamento
ocidental, sob a glória da exacerbação liberal (neoliberal), beneficiários históricos dos desmandos quando estiveram no poder, salvo raras exceções.
Mas
a nenhum partido político no Brasil, depois do PTB de Getúlio Vargas no
imediato do suicídio, no curso do que se denominou udenismo como sinônimo de
extrema-direita e entreguismo, se vê submetido a um massacre como o vive (ou
sobrevive) o PT.
Nenhum
proselitismo ao até aqui posto. Mesmo porque carecemos retomar a indagação
inicial – do desastre tucano – respondendo-a.
No
primeiro plano porque ocorre o que a sabedoria popular leciona: quem tem
telhado de vidro não joga pedra no alheio.
No segundo, porque o método cansou –
não bastasse a fragilidade do catonismo tucano (somente defendido em plenitude
pelos meios de comunicação que o servem e dele sempre se serviram).
No
terceiro estágio, os reveses de uma política de governo que se exauriu – em
essência e em instante – à qual aliaram-se.
No
fundo, em tudo que está relacionado a Lava Jato – em sua dimensão
político-eleitoral – está naquilo que a mesma sabedoria diz: mexeram e deu pra
feder. Ou, jogaram m... no ventilador.
Que
não escolhe lugar para atingir. Muito menos cara. Porque não pensa, como a
mente dos colegas.
Na
esteira da promessa não cumprida não há imprensa que desfaça a realidade.
Ainda
que doure a pílula!
O
beco
O
controlador do beco está perdendo o controle, desde que passaram a existir as
redes sociais.
Observa Nassif, a partir das mobilizações do dia 28:
"Além disso, a mídia já havia
sentido o desgaste de anos de jornalismo militante, de pós-verdade, de
manipulação das informações. Nos últimos tempos, com dez anos de atraso, caiu a
ficha que a única maneira de se diferenciar da miscelânea das redes sociais
seria voltar a praticar um simulacro de jornalismo.
A recaída com a greve, porém, mostra
que a síndrome do escorpião é invencível.
Entram em uma cilada complicada.
Se continuam a apostar no jogo da
desinformação, aprofundarão o buraco em que se meteram. Se vacilam, há o fator
Lula. E foi tão forte a radicalização política da mídia na última década, que a
bandeira central da campanha de Lula certamente será o da regulação da mídia e
do combate implacável à rede Globo.
Manter o jogo atual, portanto, é
questão de sobrevivência para a Globo. O que significa que apostará todas suas
fichas em Dória, ou em um pacto de ditadura com Bolsonaro ou abolindo as
diretas. De qualquer modo, jogará todas suas fichas na condenação de Lula e sua
inabilitação para 2018."
Desafio
Lula desafiou, no sentido de que toda a audiência em que será ouvido (incluindo todos os espaços e personagens) seja disponibilizada à rede/divulgação.
Foi
posto, mas não será aceito.
No escondidinho todo namoro sempre foi ideal.
Imagine na busca por convicção!
Deu no GGN
"A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional divulgou nesta quinta (4) a lista de deputados federais e senadores em débito com a União, e também a relação de devedores que financiaram campanhas eleitorais de candidatos à Câmara e ao Senado. O órgão também informou que estas informações não são protegidas por sigilo fiscal e estão disponíveis para consulta pública.
Nesta semana, a Comissão Mista do Congresso Nacional aprovou a Medida Provisória (MP) 766/17. Programa de Regularização Tributária (PRT), conhecido como Refis.
A MP aprovada dá descontos de 99% em multas, juros e encargos da Dívida Ativa da União, e seu relator foi o deputado Newton Cardoso Júnior (PMDB/MG), cujas empresas devem ao Estado mais de R$ 67 milhões, segundo o Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz)."
Não precisa explicar!
Penas do tiê
Ainda que a letra não seja a íntegra do original (do compositor Hekel Tavares, editada em 1928), a interpretação de Maria Bethânia e Omara Portuondo (cubana) nos leva à beleza que melodia e versos encerram.
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