domingo, 9 de julho de 2017

Entre Feuerbach, Freud e Lampedusa

Só nos resta a dogmática de Fé. Através dela permaneceremos sublimando no Altíssimo todas nossas incapacidades. Os problemas por nós criados alienados a um Todo Poderoso que passa a nos assegurar – em outro plano – o que aqui não conseguimos efetivar. Afinal, um super protetor tão somente, criado a partir de nossas mazelas, que apenas cobra comportamentos (sem questionamentos) que assegurem o espaço desejado, prometido no outro plano que criamos.

Em nível de Brasil Feuerbach ou Freud encontram terreno para suas teses, em relação ao homem negado antropológica e psicanaliticamente. Mas não encontrarão resposta às suas interpretações.

Ainda que amparada na ausência do fenômeno espiritual como elemento de convicção moral, a análise histórica de uma sociedade amparada, de priscas eras, no patrimonialismo que fez edificar sua classe dominante, leva-nos a vê-la sustentada – hoje, como ontem – na informação que lhe chega. Ontem, através da voz da casa-grande e do púlpito; hoje, dos meios de comunicação, onde se destaca a radiodifusão.

Escolhido o instante melhor para fazer tudo acontecer faça-se acontecer. Mais recentemente – últimos 70 anos – o mesmo mote: a corrupção – apontada a dedo a do outro, afastada a minha – que nos legou convulsões institucionais que levaram um presidente ao suicídio, um golpe civil-militar e o recentíssimo, de caráter legislativo-judiciário.

Como tudo acontece em razão da corrupção e por causa dela tudo passamos, só nos resta o sobrenatural para salvar-nos aqui – ou esperarmos a salvação em outra vida. Enquanto não morremos dependeremos dos salvadores (da pátria) terrenos para enfrentar – por nós – o satânico contido na corrupção.

Inteiramente afastados, desligados da realidade cotidiana apenas vemos e respondemos ao que nos chega através dos que nos manipulam. E são eles a afirmar que tudo por que passamos reside num mítico ser, pau para toda desgraça: a famigerada corrupção. Dispensada de ser analisada sob o condão histórico e sociológico.

Na esteira da fogueira inquisitorial adredemente acesa vão-se culpados e inocentes.

Sob esse cariz a aposentadoria e o trabalhador tornam-se desgraça.

Natural que o seja: onde o patrimonialismo impera o fator trabalho e o que lhe seja afeto pagam a conta. Na falta de chibata e do pelourinho imponha-se reformas salvadoras como purgação.

Para isso mude-se para manter tudo como nos interessa – diria o príncipe de Falconeri, em O Leopardo. 

Que o diga a composição do governo imposto e quem o alimenta. Daqui e de fora.

Para compreender esta terra brasilis dispense-se praticar Feuerbach e Freud; fique-se com Giuseppi Tomasi di Lampedusa.

De volta
O Brasil dele saíra, por meio de políticas de Estado voltadas para a redução das desigualdades e de distribuição de renda. Emprego, ganho real para o salário mínimo e programas sociais (Bolsa Família, Pronaf etc.).

Apenas um ano de (des)governo faz o país voltar ao mapa da indignidade humana.

Ainda que a imprensa comprometida doure a pílula tornando o que é real (veja o leitor o número de pedintes nas ruas) em facultativo (pode), como o fez O Globo: “Crise pode levar o Brasil de volta ao mapa da fome”.

Há quem não acredite
A Confederação Nacional do Comércio já constatou o fechamento de 9.965 estabelecimentos do varejo brasileiro.

Só no primeiro trimestre de 2017.

Há quem não acredite. Como muitos colunistas de Economia.   

Eis o caos
O que se espera de investimentos em galpões, prédios, máquinas, estradas, refinarias, usinas, pontes etc. como instrumento de motivação à atividade econômica se encontra abaixo do que o que houve em 2000, são dados tabulados pelo IBGE/IBMC a partir de 2000.

O quadro é de tornar o pessimista de hoje em otimista diante do que vem por aí.

De barriga cheia
Não nos causa nenhum júbilo alguém chorar, ainda que inimigo o fosse. O choro de alguém é dele apenas. Há, no entanto, quem o tenha para gáudio próprio.

O choro de Geddel – estranhamente vazado em vídeo – nos leva, por outro lado, a compreender que faz parte de sua existência: chora em depoimentos, desde 1993 na CPI dos Anões do Orçamento (quando escapou da cassação graças a Luiz Eduardo Magalhães, então líder do PFL, a quem implorou por intervir a seu favor) e mesmo em eventos públicos.

Há quem diga que é da natureza do crocodilo: chorar enquanto come.

O crocodilo, enchendo a barriga; Geddel, de barriga cheia. 

Prescrição
Que pareça nada, mas nada não é. O patrimônio do povo se foi. E nada acontece. Porque o Estado – em sua dimensão punitiva – só alcança pobre, preto, puta e petista (atualmente).

Prescrição, caro leitor, é a circunstância que decorre da omissão do aparelho estatal (investigativo e punitivo) em apurar e punir os que praticaram ilícito, inclusive os que lesaram o Estado.

Os prejuízos causados ao país no período FHC com as privatizações são incalculáveis. Crimes de lesa-pátria. Tudo hoje prescrito.

Os crimes se repetem no imediato deste (des)governo. Confiam – e não lhes falta certeza – na prescrição.


A ironia de Aragão
As náuseas de Janot sob análise de Eugênio Aragão, no Conversa Afiada.

O detalhe: Aragão está certo!

O interino no exterior
Pelo que representa/representou, nada a registrar.

Nebuloso I
Não falta emblema e esse ritual de palestrar sobre o tema. Daí para uma igreja poder institucionalizar o culto não falta nada. Afinal, Dellagnol não vende só palestras, também sermões.

Tende a um espetáculo de caráter circense nos moldes Sílvio Santos com prêmios, bailarinas, perguntas e respostas, bonecos etc. etc. 

Não tardará a inserção de uma diversão tipo ‘tiro ao pato’ tendo o Lula como pato.

A propaganda já está na rua.

Nebuloso II
Uma rede de palestras vem ocorrendo. A instituição (pública) a serviço de interesses. 

E a sociedade se cala.

Inclusive a OAB.

Nebuloso III
O institucional virou comercial. Ou, como transformar uma instituição num negócio rendoso.

Diz Dellagnol que o dinheiro arrecado vai para a APAE paranaense. 

Eis um capítulo singular. De suspeitas antigas. Envolvendo, inclusive, a mulher do juiz Sérgio Moro. 

Pelo meio o antigo senador petista, Flávio Arns, convertido em tucano e atual secretário de Beto Richa. 

O irmão Arns por lá, que passa a se tornar advogado 'especialista' em delações na vara morinha.

Procuradores e delegados da Lava JAto ministram aulas em curso à distância de propriedade do irmão de MArlus, o irmão de Arns.

Denúncias pipocam há muito. A última através de Luís Nassif, de onde extraímos a ilustração ao lado.

E a força tarefa envolvida, não sabemos em que termos. 

Pelo menos como financiadora da APAE/PR.

Esperemos que não sejam os 'palestrantes' beneficiados de alguma forma pelo irmão de Flávio Arns. 

Porque, para muitos leitores, o que não falta é convicção.

Bem no cantinho
Reproduzimos observação de Fernando Brito no O Tijolaço:

[...] No cantinho inferior da coluna de Lauro Jardim, em O Globo, a notinha esclarecedora:
Sabe a tal “conta-corrente” de US$ 150 milhões na Suíça que Joesley Batista disse que disponibilizou para Lula e Dilma Rousseff em 2014? Não se espere extratos dessas contas. Joesley tem dito que dava o dinheiro em reais quando Guido Mantega pedia, e “descontava” da tal conta suíça. O que teria sobrado serviu para ele comprar alguns bens e o resto foi repatriado em 2016.
Ou seja, “tem a conta, mas não tem a conta”, entendeu?
É como o triplex do Guarujá, que “é do Lula” mas não é do Lula.
Ou a Friboi, que é do Lulinha, mas não é do Lulinha.
O que, pouco importa, porque “podemos condenar sem provas, como a nossa jurisprudência permite”.
Mas a “conta” vai para o Jornal Nacional e para as manchetes.
E o “não tem conta” para o “pé” de uma coluna.
E não adianta reclamar, porque é assim a nossa liberdade de imprensa.
No padrão Ricúpero: o que é “bom” a gente mostra, o que é “ruim, a gente esconde. [...]

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