“Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste
Criança! não verás país nenhum como este...”.
Não custa começar esta coluna com versos de Olavo
Bilac (acima), extraídos de A Pátria. Que seja ironia, caro leitor.
Mas, vamos adiante.
E
voltando no tempo duas, três décadas, nos sentimos na Rua Mata-Cavalos, relendo
os originais de “O Alienista” com o Bruxo do Cosme Velho, que será publicado em 1882.
Não para análise sob o prisma literário, se conto ou novela – arte mais
precisa sob a pena de Hélio Pólvora – mas para dimensionar os distintos tempos
de atualidade brasileira.
Na política ou na literatura esta terra brasilis é chegada a se repetir,
ou – quem sabe? – de subir no palco com aquela de a vida imitar a arte.
E
acometido dessa veia literária é que aproveitamos os versos de Bilac. E na
esteira das letras, Machado de Assis.
Que
Machado de Assis não se sinta ferido por ver reproduzido, no plano da ironia, a
saga do muito seu Simão Bacamarte e seus sonhos de consumo.
Tampouco Bilac, o
civista.
Cada um em sua época, cada fato uma razão.
Tudo que
ora vivemos está por ser feito em multiplicações ao cubo.
Afinal,
para fugirmos à ironia, não estamos como dizem alguns, à beira do precipício,
mas – como não há ‘país nenhum como este” – literatura à parte, instalando um grande
hospício.
Interpretação como
sanção
De publicação do
assistente social Marcelo Garcia em seu Facebook, sobre o depoimento de Lula.
Registre-se que
Marcelo Garcia já assessorou de Antônio Anastasia (PSDB) a de César Maia (DEM).
"Em nenhum momento foi apresentado uma única prova
de que o Sítio de Atibaia era dele. Muito ao contrário as provas mostravam que
não era dele.
Eu repito: Assisti Atentamente.
Não foi apresentado uma única prova. Nenhuma prova
que o sítio fosse dele.
Ele frequentava o Sítio como eu já frequentei casa
de vários amigos.
A Justiça ontem mostrou pra mim que esse país mata
com a lei na mão e que a lei é uma interpretação.
No caso de Lula uma interpretação de pena de morte.
Lula vai morrer na cadeia.
E o que mais me assusta é que é justamente isso que
a minoria que comanda a desigualdade no Brasil quer."
Big stick
A
diplomacia do presidente eleito, com a singular amenidade do porrete, acaba de
levar o país a perder uma de suas melhores conquistas no combate a doenças e na
oferta de cuidados médicos aos mais necessitados. As ameaças proferidas aos
cubanos do Mais Médicos encontraram plena e altiva resposta do governo cubano
que, simplesmente, rompeu o acordo existente.
São mais de 8 mil médicos a
deixar o país, atuando – em alguns casos – onde nenhum brasileiro se dispõe a
atuar.
Perdem
os brasileiros. Trump aplaudiu. Faz parte.
Um país
que precisa de muito mais médicos além dos existentes afastar/expulsar parte
deles por falta de afinidade ideológica mostra a que chegamos.
Por tal caminhar,
o Brasil, ao que parece, precisa urgentemente de um outro programa Mais
Médicos: médicos psiquiatras para o grande hospício em que se torna esta terra
brasilis.
Preciosa
análise I
“Nós
estávamos completamente anestesiados com um tipo de esquerda que se consagrou
com a abertura [pós ditadura], dos anos 1990 em diante, que é uma esquerda que
pensa em governo e não se imagina fora dele, uma esquerda para governar. Essa é
a grande novidade do petismo e, portanto, gestionária.”
São
palavras do filósofo Paulo Arantes, no Brasil de Fato.
De nossa
parte sempre raciocinamos que a esquerda embeveceu-se com o poder.
Nele
encastelado imaginou que as políticas públicas por ela postas em prática seriam
o instrumento de convencimento e aliança para a perpetuação do poder, que a
classe dominante se curvaria às evidências.
Acreditando nisso dispensou a
batalha da comunicação. E aquele beneficiado por ditas políticas mais acreditou
na propaganda adversa e lançou fora a esquerda.
Preciosa análise II
O ex-ministro
José Dirceu (no Brasil 247) exibe razões por que permanece lúcido.
Sua análise é precisa: Bolsonaro ocupou os espaços em meio ao povo abandonado pelo PT.
As
lições foram levadas. Cabe saber se aprendidas.
Caso contrário não custa aproveitar as reformas anunciadas (inclusive na Educação) para retomar a prática da palmatória e do ajoelhar sobre milho/feijão para não esquecer a lição.
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