Há 100
anos, assinado o Armistício que pôs fim à primeira Grande Guerra. Ano seguinte, a
partir de junho, as tratativas que resultaram no Tratado de Versalhes, em janeiro de 1920, que, por
suas condições draconianas, os alemães denominaram de ‘imposição’.
As
pesadas sanções– da perda de territórios na Europa e de colônias na África e na Ásia à
redução, em quantidade e tamanho, do exército e de seus equipamentos bélicos (tanques, submarinos, navios e
fragatas etc.) e indenizações de guerra – levaram a Alemanha e, de imediato, a recém instalada república de Weimar, a uma crise sem
precedentes e abriu espaço para a ascensão de Hitler e a segunda Grande Guerra como instrumento de recuperar o perdido pela imposição.
Os
vencedores não compreenderam a sabedoria oriental: a consolidação da vitória
não está em destruir o vencido depois de derrotado na derradeira batalha, mas em não
fazê-lo sentir-se como tal.
Simplesmente,
a paz não se constrói com vingança e aniquilamento do inimigo. Mas com o
reconhecimento da dignidade em todos que lutaram. Porque o vencido, como o vencedor,
também a tem.
Ainda nos tocam William L. Shirer, Ingmar Bergman e Rainer W. Fassbinder. O primeiro, com o magistral "Ascensão e Queda do III Reich" (1960); o segundo, com "O Ovo da Serpente" (1977) e o terceiro com o documentário para TV "Berlin Alexanderplatz" (1960).
Há quem nunca os tenha lido e visto. Muito menos em torno do tema debatido a razão, o porquê e o como. E assim continuará.
Muito
apropriado
Noticia-se
que o ensino de Libras pode se tornar matéria obrigatória, em todos os níveis.
Para quem não saiba, é a caligrafia
para surdos.
Sugere-se,
também, a obrigatoriedade do Braille, a de cegos.
Muito
apropriado nestes tempos de estio, quando a surdez e a cegueira vão ocupando
espaços antes inimagináveis. Inclusive mental.
Nesse particular
não temos como saber se há estudos para ensinar a pensar. Porque anda a
prevalecer a vontade de impor o NÃO pensar.
Basta
entender
Ilustrado
na sabedoria do macaco Sócrates (“Não precisa explicar! Eu só queria entender”),
os números para o estimado leitor, em razão da sanha do STF por mais dinheiro
para os seus pupilos e quejandos, mais penduricalhos para a indústria
automobilística, em custos anuais comparados a outros programas de governo:
Aumento
concedido a Ministros do STF e PGR = 5,3 bilhões
Desoneração
da indústria automobilística = 1,5 bilhão
Minha
Casa Minha Vida = 4,5 bilhões
Eletrificação
rural = 1 bilhão
Muito a
propósito: a sonegação, no último setembro, alcançou 460 bilhões de reais.
Tudo
junto, misturado, fede pra cachorro!
Humor circense
Tivéssemos
naquele misto de cinema chapliniano/trapalhão diríamos estar vivenciando
ensaios de mais um filme protagonizado por Didi, Dedé, Mussum e Zacarias. Mestres do singular humor circense, aquele leva o espectador ao riso através da queda do palhaço.
Não
bastasse os anúncios espatafúrdios no plano interno, que vão de extinção do
Ministério do Trabalho ao apoio a que estados contratem milícias particulares
armadas de fuzis com autorização para matar, o eleito já abriu pontos de tensão
além mar com a China, Venezuela, BRICS, Cuba, Mercosul e países árabes.
Para
imaginar-se Trump e agradar ao grande irmão do Norte anunciou a piada (pelas
consequências) que em vez de fazer rir faz chorar a muitos: embaixada da
Palestina em Israel. Nem Israel precisa disso, porque quem a ele tudo
recomenda, assume e garante são os Estados Unidos.
Lá fora
efeito prático nenhum no campo da política internacional.
Mas, aqui, bem aqui
dentro, parcela daquela gente que aplaudiu e financiou o eleito despertou como
de um pesadelo: o de perder exportações de carne e soja, aves e suínos, que transitam por entre a China e povos árabes.
Não
sabemos se os atormentados exportadores perceberam que o pesadelo foi por eles
mesmos criado. E muito bem criado!
Ou se caíram na gargalhada.
Fiscais
de outros tempos
Já
tivemos os ‘fiscais de Sarney’, vigias da política econômica etc. etc.
Faz
parte de uma espécie de “panicus” que se expressa identificando ou
mesmo fabricando um problema que nos angustia, e de imediato ofertar
diagnóstico distorcido, suficiente a injetar em doses cavalares o medo e
desmedida raiva contra o inimigo sugerido. Para eles melhor esconder soluções
eficazes, porém mais demoradas, porque o fundamental são os problemas do país anunciados
como o fim do mundo e cuidar de combater os inimigos indicados.
Nos
tempos do Plano Cruzado foi lançado o tiro único e certeiro para acabar com a
inflação sem que suas verdadeiras e latentes causas fossem atacadas, sem que os
atores que dela se beneficiavam (grandes empresários e sistema financeiro) e os
que por causa dela sofriam (o povo) participassem da discussão e elaboração de
um plano de médio e longo prazo, que passava por uma nova conformação econômica
capaz de superar o que sempre a sustentou.
Estamos
a caminho de um novo affair: escudados na promessa do eleito de acabar com a
classe política, com a corrupção e com a violência estarão os fiscais em cada
esquina, hoje munidos de celulares.
Esses os novos tempos, férteis à prática. Em
meio à paranoia coletiva todos seremos suspeitos. Viveremos o país onde crianças
serão fiscais a investigar, seus pais e vizinhos juízes de um tribunal de
inquisição onde não faltará quem para ele busque a tortura como meio de
obtenção de prova da culpa.
Não mais
vivemos o romano panis et circenses, mas o brasiliense panicus et circenses.
Ontem e hoje
Muito a
propósito trazemos trecho da oração proferida pelo escritor Antônio Lopes
quando da posse na Cadeira 4 da Academia de Letras de Ilhéus, em maio de 2001,
ao referir-se a Wilde Lima, fundador da honraria (disponibilizado em "Estória de Facão e Chuva", Editus, 2005):
“Faz
muita falta hoje a atitude lúcida e destemida de Wilde Lima, quando ponderável
parcela da sociedade brasileira está ameaçada e – talvez por isso – clama
equivocadamente por novas leis e punições rigorosas, exige mais dureza contra a
violência, pretende responder ao crime com o crime, ao sangue derramado com
mais sangue derramado, combate efeitos e não combate causas, quer dar prisão a
quem necessita de escola, pede justiceiros quando precisa de professores, quer
polícia quando devia reivindicar justiça, principalmente justiça nos pratos da
balança social.”
Lá se
vão quase 18 anos da oração de Antônio Lopes. O ontem muito mais presente nesse
singular instante do que possa imaginar nossa vã filosofia.
Agravado,
até – diríamos –, caso não entendesse o leitor como pessimismo o que registra este
escriba.
As
pérolas I
Nestes
tempos de estio pedregulhos tornam-se pérolas. Na primeira semana a
prodigalidade; na segunda, reafirmação e magistralidade. Começando por barrar
imprensa e fazer cinegrafista apagar imagens gravadas. A delegada que levou ao
suicídio o reitor Cancellier provável convidada para assumir a Polícia Federal.
Supimpa!
As
pérolas II
O juiz
Sérgio Moro, na condição de indicado para Ministro da Justiça, aproveita o
exercício de sua função de magistrado e dela se afasta, tira férias, para
montar sua equipe de governo.
Ou seja:
para exercer um cargo político – incompatível com o exercício da magistratura –
se aproveita da investidura na de magistrado e se beneficia de uma condição
inerente a esta para efetivar aquela.
Assim,
tira férias na função pública para exercer atividade política (montar
ministério).
Simplesmente
infração disciplinar, à primeira vista, e apropriação de recursos públicos, por
consequência.
Mas,
pergunte ao STF e ao CNJ? Dirão que tudo está sob inteiro controle e as instituições
funcionando regularmente.
Pérolas,
como o Diabo gosta?
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