Estreou neste junho de 2022, no Canal Cine
Brasil TV, o documentário “Toada para José Siqueira” (2021), de Eduardo
Consonni e Rodrigo T. Marques, que resgata o trabalho hercúleo e muito pouco conhecido
do maestro paraibano José de Lima Siqueira (1907-1985). Quem buscar sua
carreira certamente se surpreenderá com o fato de que o autor do oratório
“Candomblé” fora aposentado pela ditadura em 1969 e parte substancial de sua
obra se encontra editorada, arquivada e preservada em Moscou.
José Siqueira, musicólogo, compositor,
professor e maestro fundou as principais orquestras brasileiras (a Orquestra Sinfônica
Brasileira, a Sinfônica do Rio de Janeiro, a Sinfônica Nacional, a de Câmara do
Brasil), criou a Ordem dos Músicos do Brasil, a Sociedade Artística
Internacional, o Clube do Disco.
Enquanto reconhecido nos Estados
Unidos, França, Canadá, Portugal, Itália, Holanda e Bélgica entre outros países
(onde regeu sinfônicas e lecionou) aqui foi proibido de lecionar, gravar e
reger.
Qual dos estimados e pacientes
leitores deste escriba de província conhece este respeitado brasileiro? Como o
próprio autor, poucos. Certamente os estudiosos que beberam em seus livros
didáticos ‘Canto Dado em XIV Lições’, ‘Música Para a Juventude’ (quatro
volumes), ‘Sistema Trimodal Brasileiro’, ‘Curso de Instrumentação’ etc.
Enquanto há brasileiros resgatando o
país quase estamos a nos acostumar com aqueles que tudo fazem para negar sua
existência. Sua gente de pouca valia para quem deveria cuidar dela. Um
paraibano educou. Há quem só não cumpra com o dever de educar como inova na
escola da corrupção tirando dinheiro de escolas, legando futuro nenhum para a
presente geração que depende de escola pública.
O tema ocupou espaços (alguns tênues) em
parte da mídia televisiva.
Referências ao inquilino do Alvorada
aparecem em gravações da Polícia Federal autorizadas pela Justiça Federal.
E agora, messias?
Já tirou o seu da reta, jogou no
acostamento para que o socorro o recolha para o depósito do esquecimento. Punha
o rosto no fogo por seu ministro. Este dizia agir conforme ordenava o superior.
Quando nomeado já encontrou montado um gabinete paralelo no ministério para
possibilitar o ‘ouremos’, forma nada velada de alcançar a ‘verdade’, que se
traduz em ter desde que tenhamos o poder.
Eis a explicação para o que muitos
estranham: a decretação de sigilo de até 100 anos de conversas entre um e
outro.
E o sabido e consabido em searas
tantas do governo agora se torna mais um escancarado processo de corrupção.
Para muitos ouvidos o escândalo implantado no MEC para favorecer – sob propina – pessoas que atendessem aos interesses do chefe com recursos do FUNDEB contém foros inimagináveis no quesito corrupção: tirar dos pequeninos para alimentar gigantes. Basta, para dimensionar, que os recursos desviados são os destinados à aquisição de livros didáticos e ônibus escolares, construção e implantação de creches etc.
– Ouremos!
O escândalo maior não mais à conta das
pérolas oriundas do ilustre Ministro da Educação, como afirmar que alunos com
deficiência atrapalhariam os demais, que a universidade deveria ser para
poucos, que professor seria a profissão para quem não conseguia fazer outra
coisa.
– Ouremos!
Quem ‘oura’ unido jamais será punido.
Muito provável que seja aplaudido por quem partilha e se beneficia do
‘ouremos’.
O sonho da chefia é a perpetuação no poder. Espelhado no obscurantismo. Como aquele – que tanto aplaude – que afastou do Brasil o paraibano José Siqueira e sua obra e esconder do Brasil os que fazem a sua história.