domingo, 22 de janeiro de 2012

De Rodapés e de Achados dia 22 de janeiro

Dos tempos de privataria

Na esteira da publicação de “A Privataria Tucana” nos chega informação, em texto de Lucas Callegari e Luiz Antônio Cintra, do pedido de recuperação judicial (concordata) da American Corporation, controladora da America Airlines e da American Eagle (“Um mico tucano de US$ 900 mi”, Carta Capital n. 680).
Nada demais se a crise da estadunidense não alcançasse nosso BNDES, que a financiou com uma parcela de 900 milhões de dólares, dos 2 bilhões de créditos concedidos para a compra de aviões da Embraer. Quem pelo caminho? André Lara Rezende (flagrado naquele famoso telefonema com Luiz Carlos Mendonça de Barros “no limite da irresponsabilidade”, eufóricos com a vitória do Oportunity de Daniel Dantas nos leilões das privatizações de estatais de telecomunicação), um dos pilares do tucanato no período FHC.
Era o clímax orgástico do neoliberalismos tucano: brasileiro financiando empresa dos EEUU. Supimpa!

Choro contido

amadoDaniel Thame, em texto publicado em seu blogue na quarta 18 (“Amado, pero no mucho”) presta singular depoimento sobre a atuação de Ari Rodrigues e Eva Lima, considerando a existência de um projeto de Ari denominado “Galpões Culturais”, que integraria uma política de ações paralelas ao centenário de Jorge Amado.
O produtor – assinala Thame – foi recentemente entrevistado por José Raimundo, da Rede Globo, sobre o andamento das comemorações amadianas em Itabuna. (Não esquecer que Ari integra um grupo, ao lado da ACARI e ACCODEC, que lançou a campanha pela celebração do centenário do ferradense ainda em agosto de 2010).
Lembra Daniel: “Ari Rodrigues é um guerreiro quase solitário, com a incansável Eva Lima ao lado, sem condições de fazer frente ao Dragão da Competência com que Ilhéus preserva a memória de Jorge Amado”.
Tem razão Daniel. Razão falta a esta pobre Itabuna. Daí porque choramos todos aquele choro contido de criança abraçada ao travesseiro.

A propósito

A agilidade dos dirigentes culturais de Itabuna fê-los deixarem-se atropelar pela competência ilheense. O primeiro deles – desta fase para ser esquecida – Cyro de Mattos, por colocar sua vaidade e individualismo acima de qualquer projeto que efetivamente beneficiasse o município; e a atual, esposa do vereador Roberto de Souza, nome que só existe em release, por sua incompetência de imaginar cultura pela ótica do dondoquismo, enquanto dispuser de recursos públicos para suas farras fiquianas.
Bem diferente seria, temos certeza, se a FICC tivesse à frente uma Ritinha Dantas. Por sinal, idealizadora, criadora e estruturadora da instituição na administração 2001-2004, de Geraldo Simões.

Centenário perdido

Ilhéus anuncia com a justificada pompa e circunstância o calendário de eventos que marcarão o centenário de Jorge Amado, o que inclui até mesmo a possibilidade de o estado da Bahia ser administrado a partir da praieira, que sediaria o governo na data da efeméride.
Centenas de milhares de reais (que ultrapassarão a casa de alguns milhões) correrão à conta de projetos centrados em Jorge Amado e mobilizarão a economia local.
Cá na terra nativa do ilustre escritor, esquecidas a fazenda Auricídia e Ferradas, ainda que por aqui o palco das lutas das terras-do-sem-fim. Talvez uma minguada e indiferente micareta servirá, quando muito, ao palanque eleitoral.
A incompetência da administração itabunense jogou ao largo mais um centenário.

Dignidade

Nome leve, ensaiada pretensão de Fernando Gomes à sucessão de Azevedo (naquele residia o senão), o secretário de Educação do Município Gustavo Lisboa nos lega uma rara lição de ética e desprendimento no exercício de função pública, ao não se deixar alcançar pelo toque da “mosca azul”.
A consciência respeitosa ao ex-prefeito que o levou à Secretaria e ao atual, que o manteve, fizeram-no declinar da candidatura que lhe foi oferecida.
Um exemplo de dignidade.

Incomodado por que?

Temos que Geraldo Simões se demonstra incomodado com a divulgação de que ele, ou interposta pessoa para atendimento de seus desideratos, adquiria a rádio Difusora. Um direito justo e legítimo que dispensava tanta explicação e reiteradas negativas.
Nesse particular, saberemos todos para quem foi ou irá a Difusora quando a linha geral de sua programação for alterada. Especialmente se afastados aqueles que lá trabalham divulgando as maravilhas da administração Azevedo.
Imagine-se se passarem a condená-la?

Tiro no pé I

A reação de GS à veiculação da aquisição da Difusora assumiu dimensão despropositada. No fundo o que o incomodou não reside na negociação em si, mas na entabulação de acordo político com Fernando Gomes.
Negar o sonho de GS em dispor do apoio de FG é duvidar da capacidade de raciocínio do eleitor. Sua insistência em se aproximar de Fernando tem sido uma constante nos últimos seis/sete meses, tanto que o buscou através de Raimundo Vieira – o grande interlocutor e canal de contato entre ambos, artífice maior da aproximação ansiada.
Encontrou o álibi perfeito quando, subitamente deslumbrado com a importância do Centro de Convenções iniciado por FG em terreno por ele doado (que se encontra às moscas por falta de recursos que só podem encontrar origem nos cofres do Governo Estadual) ofereceu-se para intermediar junto a Wagner a conclusão do projeto.

Tiro no pé II

Ocorre que esse amor repentino de Geraldo pela obra paralisada, se não fosse o seu interesse em ver Fernando como aliado em 2012, poderia já ter sido reiniciada, bastaria o prestígio do deputado junto a Wagner delimitar a importância de sua conclusão para seu projeto político imediato.
No entanto, buscou o antes histórico rival para integrar o leque da inusitada arquitetura de apoios.
Como será difícil para o eleitor compreender a necessidade do apoio de FG a GS essa arquitetura será um tiro no pé da campanha petista em Itabuna, com sérias repercussões para a carreira de Geraldo.
O tempo dirá.

Negou de pés juntos

Quando deste espaço denunciamos as tratativas de Geraldo com Fernando – e afirmamos que estavam ocorrendo através de Raimundo Vieira, que fora solicitado pelo próprio GS para a intermediação – o deputado negou de pés juntos que tal estivesse ocorrendo.
Até que flagrado em contato telefônico com Raimundo Vieira que, por sinal, se encontrava ao lado de Fernando e algumas testemunhas, para quem Raimundo passou o telefone.
E todos ouviram Fernando cumprimentar o “deputado” e acertarem detalhes de um comunicado que GS levaria ao Governador para conclusão do Centro de Convenções.
Como testemunha não havia só Raimundo. Tanto que o fato caiu nos blogues.

Sobre Geraldo

Disporemos, no correr da semana, artigo que alude e expõe a visão deste articulista sobre a pessoa, o administrador e o político Geraldo Simões, seu peso, responsabilidade e importância nas eleições municipais e os desdobramentos de seus métodos para o futuro de Itabuna.
Acompanhe O TROMBONE.

Silêncio comprometedor

A insistência em sustentar Aldo Bastos à frente do Centro de Cultura Adonias Filho, quando as ações de Aldo denigrem a imagem do Governo Wagner (afinal, corrupção, como já escrevemos, é corrupção, que não é medida sob quilograma, metro ou volume) mais aprofunda a imagem de portador de um caráter coronelesco de GS, dentro daquele famoso princípio de que ou estão comigo ou estão contra mim.

Tapando o sol com peneira

Negação é forma de afirmação, quando o fato incomoda.

“Detalhes”

Há amores não tanto à primeira vista. Afinidades recônditas afloram à luz da oportunidade. Um cumprimento, uma saudação, a entonação de voz, os olhos, o cabelo, o cheiro, tanta coisa que só a alma humana pode compreender, fazem o humor da atração entre dois seres. Às vezes a paixão corre desmesurada. E a conveniência do conviver mais aprofunda a relação.
Que não sucumbe, ainda que hecatombes ocorram.
“Um grande amor não vai morrer assim”, já o disse Roberto Carlos. Afinal, tudo é “também mais um detalhe”.

Trocando de lama

Na lista de investigados no escândalo da Câmara (O TROMBONE e Diário Bahia de quarta 18) um deles está na FICC.
Aliás, a FICC tem uma política estranha e singular: o presidente anterior exonerou dois funcionários por economia; a atual nomeou uma dezena, inclusive o ilustrado assessor, por ela anunciado como tal.
Ao que parece a FICC tornou-se feudo do vereador Roberto de Souza. Nomes a ele vinculados encontram-se na folha da instituição, presidida pela “advogada, bailarina, pedagoga, poeta” e esposa do vereador.
É só conferir.

Foto

Cada fotografia tem um instante, registra um momento, traduz um fato que não se repete. É comum os que utilizam fotos disporem de uma só ou se fixarem em uma apenas. As razões são várias. O A Região, por exemplo, desde muito traz de seu acervo fotos de Maria Alice e de Fernando Gomes nada simpáticas.
Os veículos de informação precisam utilizar outra foto de Geraldo Simões. A maioria tem publicado fotos que apresentam GS com um sorriso de Monalisa, que pode ser interpretado como de menosprezo, gozação ou cinismo.
Não é bom em período eleitoral. Parece provocação.

Para boi dormir

Não sabemos a quantas anda o prestígio do PMDB itabunense – não podemos vinculá-lo ao respeitado médico Renato Costa – para afirmar que uma aliança definida em nível superior (diretório estadual) não será obrigatória em Itabuna.
Como divulgado e escrito por aqui num desses rodapés, há a possibilidade (que vemos concreta) de ACM Neto filiar-se ao PMDB, quando muito depois do pleito de 2012.
Em Itabuna, para o PMDB, uma possibilidade concreta de vitória é a aliança com o prefeito Azevedo, do DEM – (por enquanto, já que a volubilidade do prefeito já o fez propenso ao PP, ao PR etc.).
Essa independência do PMDB itabunense, sob a ótica dirigente de Renato Costa, está mais para botar o carro adiante dos bois ou, melhor, a província acima da metrópole.
A não ser que, como já escrevemos nestas mal traçadas, que os tantos pretensos candidatos do PMDB tenham Renato Costa como tertius e em favor dele renunciem.
Ainda que para vice de Azevedo.

Coisas da política

Em que pese as críticas do deputado Geraldo Simões à administração municipal – naturais e procedentes – o inusitado “afogamento” de um veículo de sua propriedade em poço da EMASA na rua Piauí, no Jardim Vitória, mais demonstra acreditar na criticada administração, a ponto de avançar em território aqüífero sem leme.
Como não sabemos as circunstâncias do “acidente” também é possível uma exploração político-eleitoral do fato.
Que pode não funcionar em razão da contrainformação: dirão os adversários de GS que foi armação.
Coisas da política!

Oportunismo

Jaques Wagner pede ao DNIT a agilização da duplicação da Jorge Amado, simplesmente Ilhéus-Itabuna para os leigos. Como não cremos que flate canal com a Presidente Dilma, que pelo menos não propagasse pedido a subalterno, já que o dono da bola é o Ministro dos Transportes.
O desgaste seria menor se acompanhasse o lançamento/início das obras de duplicação.
Afinal, de janeiro/fevereiro a 12 agosto (data do centenário de nascimento de Jorge Amado) se alguma coisa der errado...

Encantador I

Frere RogerEm viagem recente a Santaluz, de curta estada – atual centro de uma “corrida do ouro” que ocorre na região sisaleira – encontramos, deslumbrado, um coral voltado para a interpretação de canções de Taizé, regido por Suelbe Andrade de Jesus.
Em nível de Bahia, e ao que parece de Brasil, só há uma comunidade Taizé, em Alagoinhas, e o trabalho ora desenvolvido em Santaluz.

Na sisaleira o grupo regido por Suelbe Andrade (que ainda não tem nome específico) reúne 15 integrantes originários dos corais “Luzes de Pentecostes”, “Cantores da Paz” e “Luzes de Belém”, ensaiando desde agosto.
As canções ou cantos de Taizé encontram origem na iniciativa do Frère Roger (1915-2005) (foto), fundador da Comunidade de Taizé, na França, na década de 40 do século passado. Tratam-se de mantras/cantos de meditação, de caráter ecumênico (como a natureza da instituição), sucedâneo – se assim o entendermos, para diferenciar – do canto gregoriano.
O grupo sataluzense – magistral na execução dos temas de Taizé que ouvimos – supera em beleza e harmonia vocal o que encontramos disponível na rede.
Por faltar-nos deles um registro fonográfico no momento, disponibilizamos “Jesus, em ti confio” (In te confido), um dos cantos por nós ouvido em Santa Luz.

Encantador II

Os recursos tecnológicos contemporâneos permitem esse registro ímpar, ocorrido no Conservatório de Moscou, quando lá se apresentava Dave Brubeck, em dezembro de 1997. Instado a desenvolver sua estética sobre a famosa “Canção dos Barqueiros do Volga” (A. Alexandrov-O. Kolichev), inspirada numa pintura de Ilya Repin (ao lado), foi acompanhado pela “interrupção” do violonista Denis Kolobov (hoje também maestro, à época estudante) que com o piano estabelece um breve diálogo, de imediato aceito pelo pianista americano, como se ouve no instante em que este responde aos reclamos do violino.
No instante não se configura tão somente o domínio técnico-instrumental de ambos, aliado ao encontro da universalidade de culturas musicais distintas em tradição e origem, mas a força e a virtude de traduzirem o domínio do sentimento cultural, que nos deixa a todos comovidos e emocionados. Simplesmente maravilhoso!
De tudo a lição: quando gênios se encontram dispensam ensaios. Deus os rege.

Cantinho do ABC da Noite

CabocoA casa fervilha. Zoada, muitas falas simultâneas. Cabôco observando a todas, sem perder detalhes. Duas linhas de prosa cruzavam-se, transitando entre o futebol e a política. Encontrando o mote de que carecia, atropela as conversas, e pelo futebol trilhou a denúncia de uma mazela da política contemporânea:
– Tá num dos times que o brasileiro gosta: ou dos que jogam bola ou dos que recebem bola. Estes nem precisam de chuteira ou meião.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

Matéria publicada originalmente no Site:O Trombone

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