Falta
o principal
A
Comissão Nacional da Verdade concluiu seus trabalhos. Simbolicamente apresentou-os
neste 10 de dezembro, data em que se comemora o Dia Mundial dos Direitos Humanos.
Nada de extraordinário – por aquilo que se conhece de sua atividade – que
venha a ser considerado como efetivamente novo. Afinal, o “Tortura Nunca Mais” –
em outro instante da história brasileira – pôs a nu as chagas da tortura
comandada pelo Estado como pedra de toque da atuação ‘democratizante’ dos que
fizeram o golpe de 1964.
De positivo, evidentemente, a ratificação das atrocidades que de muito se sabia: o terrorismo de Estado,
nos planos interno e externo.
Não
lemos a íntegra do relatório. Mas temos certeza de que falta alguém. O
principal responsável, apoiador de tudo: os Estados Unidos e a 'Escola das Américas'.
Continua faltando
A
insistência com que figuras as quais compete(ia) defender as instituições
democráticas ‘enxergam’ na lei de Anistia o instrumento “pacificador”
imperativo à sociedade brasileira – que ainda dormita sobre os ossos dos assassinados
nos porões – é a negação do Direito.
Afirmar
– como o faz certo ministro do STF – que os ditames da dita lei beneficiou ‘terroristas’
e torturadores beira o nonsense.
Para não afirmar-se chegar a uma leviana estupidez.
Os ‘terroristas’ foram processados e condenados. Os que sobreviveram à tortura.
Sabemos
que é da história deste país ‘esquecer’ as atrocidades cometidas para salvar a
pele de quem as cometeu. Foi assim com a dizimação de índios e com a escravidão
dos desterrados de África.
Certo
– assim vemos – que nunca alcançaremos o respeito a que nos propomos.
Tudo
porque a impunidade campeia. Em todas as vertentes. E como tal alimenta a permanência
das mazelas.
Como
agora, neste novo passo de cágado.
A Comissão Nacional da Verdade concluiu seus trabalhos. Suas
recomendações aí estão. Dificilmente serão materializadas.
É
que a ‘verdade’ não alcançará os que se escondem sob o pálio dos “crimes
conexos”. Ontem e hoje.
Matéria excelente, Adylson. Essa comissão só concluiu o que todo mundo já sabia. E como ficará agora, já que "oficialmente" a sociedade tomou ciência? Quais serão as medidas efetivas aplicadas? Há a necessidade de serem criados meios para que um acompanhamento da sociedade seja implementado (não sei se já existe) em tempo real.
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