Não
nos cabe aferir se a greve foi um sucesso ou não, se a maior da história do
país ou não. Temos, como amostragem, uma Itabuna vazia. Sem convocações e acompanhamento em tempo
real da Globo e quejandos o que aconteceu teve origem na insatisfação que vai
se internalizando na população.
Greve
somente pode ser considerada como tal – em nível de sucesso – quando afeta a
produção, paralisando o setor produtivo. Seja greve trabalhista ou política
assim ocorre. Os efeitos, diversos, alcançam a categoria empresarial – que se
sente pressionada a atender à demanda obreira para não acumular prejuízo – ou para
impedir medidas oriundas das instituições políticas que sejam contrárias aos
interesses da coletividade.
Por caminho diferente do votar a cidadania é
exercida e exercitada em tais instantes. E a greve é um deles.
Como
observa Eugênio Aragão, ex-Ministro da Justiça (único acerto de Dilma na Pasta):
“Quando as instituições se omitem na defesa da democracia,
devolve-se ao detentor da soberania popular – ao povo – o direito de resistir à
arbitrariedade. Somos nós os verdadeiros e originários guardiões da
Constituição!”
Inegavelmente
a greve de ontem foi política haja vista o universo de segmentos da produção
industrial, intelectual ou de mobilização do ir e vir a ela integrados.
O
professor Fábio Marlini, de Comunicação da Universidade Federal do Espírito Santo
analisou a rede, em seus prós e contras, e chegou à conclusão de que apenas 12%
se posicionaram contra a mobilização, distribuídos na forma do gráfico abaixo.
Considerando
o estudo, ainda que não seja levada em conta a dimensão física do movimento, na
batalha da comunicação alguém parece haver ganho de goleada.
A
outra batalha
A greve
como tema de análise pode ser observada a partir da cotidiana batalha na
comunicação. Esta compreendida entre o que divulga e propaga a mídia hegemônica
e aquela que se expande através dos recursos contemporâneos, onde se destaca a
rede. Como ponto de inflexão a realidade. Ou seja, o que foi dito – e por quem –
corresponde ou não à verdade factual?
Para
os que assistem a mídia hegemônica, e a acompanhou nas manifestações a partir
de 2013, acentuadas no curso de 2015/2016 – como em outro instante da História,
na campanha “Diretas Já”, quando também se esquivou a liderança maior, a Globo –
não existia programa algum que envolvesse mobilizações e paralisações contra
políticas do governo interino. Tanto que, o Jornal Nacional, na noite de 27 em
nenhum instante de seus quase 40 minutos tocou no assunto.
Ou seja, o
carro-chefe da mídia ignorou inteiramente a mobilização e omitiu-se em sua
função primordial: informar.
Desta
forma, análise do DAPP, da Fundação Getúlio Vargas, publicada como Relatório
de Análise Estratégica de Redes Sociais, refletiu a batalha entre a mídia
hegemônica e a de blogs, via twiter.
Ao quanto demonstrado está fica-nos a imagem, veiculada no mesmo espaço do Conversa
Afiada, de que a ‘informação’ foi inteiramente manipulada à conveniência do
sistema, nos moldes postos na charge.
Saídas
Os
dados de diferentes institutos de pesquisa de opinião sobre 2018 não deixam
dúvida alguma: Lula se elege.
Diante
disso, duas vertentes levamos ao raciocinar do leitor: 1. Quem faz Lula
crescer, ainda que massacrado midiaticamente? 2. Haverá eleição?
À
primeira, também nenhuma dúvida: a força tarefa comandada por Moro, sem
encontrar provas concretas há três anos vai jogando no imaginário do povo de que Lula é
vítima de perseguição. Afinal, se Moro já mandou prender tanta gente por que
não prende Lula?
A
segunda, nos leva a repetir algo que integra nossa conclusão há tempos: não é
crível que tudo o que foi promovido, por via de um golpe parlamentar (pela
ação) e judiciário (pela omissão) para colocar o interino tornado presidente,
tendo por trás do decote do horizonte a entrega das riquezas do país aos
sistemas capitalista e financeiro rentista venha admitir o retorno de Lula.
Uns
querem o retorno dos militares (não tolerável pelos EUA, em razão de que a defesa
de seus interesses dispõe de outros meios ‘institucionais’);
Outros, a
não-eleição de Lula.
Que pode se materializar com: 1. prorrogação de mandatos (depois de afastado o interino e eleito um testa-de-ferro pelo Congresso); 2. com
implantação do parlamentarismo.
Transitório
A
‘recomendação’ do Juiz Titular da 14ª Vara de Porto Alegre ao Presidente do
Tribunal Superior do Trabalho constituiu-se numa bofetada com luvas nada de
pelúcia, mas de couro tratado.
Basta
as expressões que aqui destacamos: [...] “dirijo-me a V. Excelência para recomendar a paralisação das atividades
[...] no dia 28 de abril [...].“ A reforma legislativa proposta [...] penaliza os
usuários da Justiça do Trabalho [...] tendo os advogados [...] se posicionado
contra ela [...] assim como a imensa
maioria dos juízes do trabalho que V. Exa. deveria representar.”
[...] “Recomendo
a V. Exa., ainda, que não dê sinalizações públicas de caráter político em
desacordo com o que pensa a coletividade dos juízes do trabalho [...] e da
instituição na qual exerce o transitório cargo de Presidente.”
A
íntegra aqui, extraída do Conversa Afiada.
Seria
assim com Lula?
Rodrigo
Janot afastou o tucano Geraldo Alckmin da relação de investigados a partir das
delações da Odebrecht, ainda que Luiz Bueno tenha dito, em delação, que
transferiu recursos ilícitos para o caixa 2 na ordem de R$ 8,3 milhões ao ‘Santo’ que
governa São Paulo, envolvendo as eleições de 2010 e 2014.
Cautela
Da
OAS – como tábua de salvação da imagem e da pretensão – arrancam desastrada
delação de Léo Pinheiro, onde Lula esconderia recursos percebidos ilegalmente
em apartamento que está em nome da própria OAS.
A
Odebrecht em sua avalanche de delações trouxe tucanos gordos à ceia dos que se
arvoram Catões da moralidade tupiniquim. Não bastasse a leva do PMDB que exercita o interinato.
Com documentos e coisas tais.
Mas alguns são tratados com cautelas que chegam a espantar.
Marajanato
Não
sabemos se é muito. Sabemos que comparada com o menor salário do brasileiro a distância é escandalosa.
Ganham acima do que percebem similares da Suécia, Alemanha, Portugal, Espanha e
França, entre outros países.
Alguns
superam US$ 20 mil dólares mensais.
O
teto é R$ 33 mil reais.
Ah! Trata-se de parcela significativa de titulares do Ministério Público de São Paulo, conforme apurou a Folha de São Paulo.
Inocente
Para os auditores que
esmiuçaram a Petrobras Lula nada é do que dizem. Atenderam ao pedido de Sérgio Moro, que obteve a resposta abaixo.
Por essas e outras é que uma condenação de Lula somente sairá a fórceps, baseada em convicção alimentada em alguma delação combinada.
Atrasado
Não
fora a extemporaneidade, Lula dizer que fará num próximo governo a
democratização da mídia nos traz, ainda um outro fato: deixou de fazê-lo quando
podia, e devia, mas encheu (como Dilma) as burras da Globo, apenas como exemplo.
Cremos que conseguiu justificar toda a postura da mídia contra ele.
Em
outras palavras: falou besteira.
Disputa inglória
Moro
sobra no enfrentamento político. Está caindo no jogo armado por Lula. É o que analisa Helena Chagas, em OS Divergentes.
Estamos
no começo
Tomamos
conhecimento de que o Delagnol, que tem contra si uma ação ajuizada por Lula – em razão daquele famoso powerpoint onde inseriu o ex-presidente como
“comandante máximo” – tem a Advocacia-Geral da União como seu defensor.
Uma
festa! Postura funcional temerária, que implica em responsabilidade individual,
passa a ser institucional.
A ponto de a sua defesa ser paga com dinheiro de nós outros. Supimpa!
Agradecimentos
Completamos
71 anos sentindo-nos rejuvenescido. E mais ficamos com as tantas palavras de
carinho recebidas, que nos levam a definir uma existência mais longa como o
meio de saber se efetivamente realizamos alguma coisa válida. Nunca o sabemos
olhando para nosso próprio umbigo. Só em instantes como os recentemente
vividos.
Amigas
e amigos de tantos e tantos anos, colegas da Escola Rui Barbosa, da Professora
Carmelita Santana, em Itororó, de magistério, ex-alunos do Centro Educacional
de Itororó, do Colégio Estadual de Itabuna, alunos da UESC.
Particularmente
a sensibilidade nos chega e nos toca como varinha de condão para exigir a
manutenção nos rumos construídos e postos em prática, onde a sinceridade pauta
na cabeça da lista.
Resta-nos agradecer, sensibilizado. A todos, um forte abraço e a doçura de Nara Leão, em Cuitelinho, de Bento Costa, recolhida por Paulo Vazolini, pescando nas águas do Pantanal.
Porque quando "[...] os óio se enche d'água [...] até a vista se atrapaia".
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