O país foi surpreendido (?) com a iniciativa formal do interino tornado presidente de intervir na Segurança do estado do Rio de Janeiro. Em razão do desnorteio que rege o que a imprensa oficial denomina de administração federal, a medida traduz, de imediato, a incompetência do Governo na condução da Segurança Nacional. Não é a violência carioca - cantada e decantada pela mídia - a expressão única do desmando na área.
Carnificinas nos presídios, redução de efetivos no combate ao tráfico e ao contrabando de drogas são a ponta do iceberg. Uma função que exige atuação em todo o território nacional a partir de suas fronteiras. A cargo de órgãos federais (PF dentre eles).
Mas, nesse particular quesito, o Governo Federal, dos gastos levados ao orçamento para a Segurança Pública, cuidou de contingenciar/reduzir em 10,3%.
O emprego, que esteve pleno, no limite de 4,5% gira em torno dos 13%. São milhões de trabalhadores, antes ocupados, lançados ao desespero da sobrevivência. Só no Estado do Rio de Janeiro milhares foram os postos fechados somente na indústria naval.
A Cidade Maravilhosa há muito vive uma crise, construída sobre pilares de interesses particulares. Observou-nos uma amiga e colega de infância, Gláucia Valadares, casada com um cônsul colombiano, em 1985, que o Rio já apresentava os problemas que ela vira em Medellin, em todas e iguais etapas que a tornaram dominada pelo crime. Mais de trinta anos passados. Afaste-se, pois, a ideia de uma crise imediata.
Estranha, no instante, ainda que o crime tenha se reduzido em 2017, em relação a 2016, que a medida extrema tenha sido promovida. E, mais estranho, somente em relação à Segurança. Afinal, tudo que atinge o Rio de Janeiro (contrabando de armas e tráfico de drogas) há muito convive com uma realidade histórica: a corrupção.
No quesito corrupção ninguém por lá escapa, em qualquer dos poderes. Somente as honrosas exceções.
Mas a intervenção atinge só a Segurança. Sob esse particular, resta indagar quem ou quais os por ela visados. Uma certeza encontra uma resposta: as favelas.
A primeira indagação, nunca feita, a não ser sob o condão acadêmico, gira em torno da razão da existência de favelas em qualquer lugar do planeta. E veremos que nascem como única saída para os desassistidos pelo Estado, especialmente no quesito emprego e moradia.
Mas, uma segunda indagação leva-nos à certeza de que consumidores de droga e armas não estão somente nas favelas. Assim como contrabandistas e traficantes. A gente do asfalto alimenta o negócio, quando não o comanda.
A comercialização gera lucros imensuráveis, não só na terra brasilis.
Não há consumo sem fornecedor. E o que move o giro é o interesse financeiro. Nunca esquecer que o Rio de Janeiro já foi controlado, até pouco tempo, pelo jogo do bicho. Políticos, inclusive, faturavam com ele. Em propina e prestígio político. Outras as fontes, atualmente.
E por falar em Segurança não custa lembrar: a quantas andam as apurações e responsabilizações em torno daquele helicóptero com meia tonelada de pasta de cocaína?
Temos certeza de que aquela cocaína não se encontra nas favelas. A não ser que o dono do helicóptero e da carga a tenha para lá levado. Afinal, um amigo tem residência no Leblon.
No mais, perfumaria apenas. Em fez de disponibilizar água e sabão lance-se perfume sobre a sujeira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário