Combater utilizando os instrumentos do adversário não deixa outra
compreensão: renúncia à luta.
“A
ordem jurídica de 1988 desmoronou. A hora é de jogar fora as ilusões", afirmação que está
consolidada.” Tratar
os desiguais de forma desigual deve ser o paradigma para o instante atual:
utilizar os meios possíveis, ainda que não institucionais, para repelir as
agressões que ferem aquelas.
Entenda o leitor que utilizar-se de meios ‘não institucionais’ tem sido a prática de Legislativo,
Entenda o leitor que utilizar-se de meios ‘não institucionais’ tem sido a prática de Legislativo,
Judiciário e Executivo nesta
contemporaneidade.
Não cabe respeitar instituições
apodrecidas. Mas, lutar contra elas. Ocupar os meios para extirpa-las.
As falas de Lula, no entanto, são uma confissão de Fé nas instituições democráticas. Defende-as com unhas e dentes, ainda que manipuladas e vilipendiadas por quem delas deveria cuidar.
Não deixa de ser uma postura
altruísta e corajosa, em defesa do que acredita. Mas parece desconhecer que foi
lançado naquela briga de rua onde o grupo de meninos fortes o escolheu para
saco de pancada. E ele, nem mesmo pega uma pedra para assusta-los. Luta com as
armas do inimigo. Neste duelo em que não há as pistolas daqueles de
antigamente, iguais para ambos.
No fundo, mais está para
vítima. Joana D’Arc. Só que queimará na fogueira e quando for canonizado somente restará o compêndio da História.
Limitar-se-á a ser Dom Sebastião. Ou seja, apenas assustar.
A situação por que passa o
país não pode ser resumida apenas à disputa político-eleitoral, mas à própria
sobrevivência do Estado em dimensão de soberania. Qualquer coisa feita para
salvá-lo a História o reconhecerá. Afinal, claro está que a luta da classe
dominante e dos interesses por ela defendidos passa pela manutenção do atual
estado de coisas e a eleição de quem quer que seja fora do poder ‘instituído’
ilegitimamente não será tolerada.
Sob esse viés, Lula utiliza
de sua imagem e carisma para preservar o que iniciou e espera ver retomado. Mas
não é assim que pensa o establishment, incluindo parcela
representativa do Poder Judiciário.
Eleito o bode expiatório das
punições contra a corrupção, ainda que sem prova, está condenado, enquanto o
chiqueiro exulta. Sabe disso e enfrenta com purismo a situação.
As eleições são o caminho.
Resta a esperança, de que cadeia
Lula possa influenciar nas próximas eleições.
Esta a ilusão de cada um dos
pretensos candidatos progressistas, que não enxergam o momento histórico e
desconhecem o sentido de uma frente ampla.
Todos lutando sob a ordem institucional. Que será violada, tantas vezes quantas necessárias.
Não sabemos se somente este o caminho.
Mas, como observa Rodrigo Viana: “Ilusão. A ordem jurídica de 1988 desmoronou.
A hora é de jogar fora as ilusões.”
Lembra Viana: caso Lula estivesse em Viena, e fosse judeu, estaria morto em algum campo de extermínio, porque não seguiu o exemplo de Freud. Este, ainda que acreditasse nas ‘instituições’, quando percebeu a possibilidade de mais ser reconhecido como objeto de limpeza étnica e menos como cientista deixou-se fugar para Londres.
Mas, assim parece, não aprendemos as lições, porque acreditamos nas eleições e nas ilusões.
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