Tudo a
ver, ou não! I
Texas,
Arizona, Oklahoma... são nomes nunca esquecidos. Palcos de duelos, terras onde a lei do
mais forte se impunha. Armas na cintura davam a dimensão da sociedade daqueles
confins em fase inicial de exploração e conquista.
Determinado
país, que retoma políticas de faroeste, anuncia seu dirigente no Texas para
homenagem.
Tudo a
ver, ou não!
Os
tempos são outros. Ainda que o faroeste pretendido seja o mesmo.
Tudo a
ver, ou não! II
Não
teria havido homenagem. Autoconvite apenas. Vergonha internacional.
Nem o
prefeito da cidade aceita 'anfitriã' receber um ‘presidente’ de um país que exalta o seu
país (dele, prefeito).
Quem
está a perder a ‘dignidade’ é o próprio país, chamado Brasil, aplaudido pelo ‘Brazil’ de quem o chefia.
Este o país singular que em meio a tudo que já fez por merecer ser conhecido e reconhecido revela ao mundo sua nova invenção: não-convite para um não-evento.
Campeão
O mandatário acaba de alcançar reconhecimento internacional. Quem o diz é o jornal londrino Financial Time: ‘personalidade’
indesejável no meio diplomático.
Da pior espécie de leproso na Galileia.
Só há
uma solução: a volta de Cristo.
Talvez o consiga valorosa ministra que conhece o Salvador de perto, quando o viu 'naquela' goiabeira.
No misto
de carta-testamento e renúncia de Jânio resta uma ópera bufa
Outra
mentira veiculada pela internet ‘agrada’ aos que sonham com o endurecimento do
regime. Cabe, de imediato, registrar que o que está por dentro do endurecer em
2019 não repete 1968 (golpe dentro golpe), mas a implantação, pura e simples,
de uma ditadura capitaneada por aquele que não tem condições, tampouco
capacidade, de governar a nação mas se acha ungido (como monarca absolutista) e
legitimado em razão dos votos que o elegeram.
A
atuação governamental – incluindo a organização dos órgãos de governo – aliada
ao ideário posto em andamento em nada se assemelha a outras situações
pretéritas por que passou o país. No entanto, o panfleto embute elementos de
dois instantes peculiares: o que antecede o suicídio de Vargas e o da renúncia
de Jânio. Tudo posto nas palavras publicadas de um ‘anônimo’ em defesa do
governante.
Assim os
mesmos ‘grupos poderosos’ referidos por Getúlio como as ‘forças terríveis” ocultas
de Jânio Quadros estariam presentes para inviabilizar as ‘boas intenções’ do
governante.
Não carece perguntar em que se materializam essas ‘boas intenções’
nestes nem completados cinco meses.
Sabido e
consabido que nenhum vocacionado a ditador, em qualquer parte do planeta,
convive com regras atinentes a uma democracia, porque incompatível com o mandonismo
que o norteia.
Em 1968
Burnier tentou explodir o gasômetro do Rio de Janeiro para, nos moldes do Plano
Cohen, de Vargas em 1935, lançar a culpa sobre os comunistas.
De
terrorismo não se diga que não o entende o presidente, haja vista a ameaça de
explodir a adutora do Guandu, no Rio, em 1986, como amostra da luta por
melhores soldos para os militares, o que lhe valeu (ao hoje presidente) cadeia
por 15 dias e a reserva/aposentadoria aos 33 anos, em 1988, porque a condenação
não convinha aos interesses de cúpulas militares à época, naquele imediato de
redemocratização e de possível caça às bruxas inversa atiçada pelos ares da
liberdade recém conquistada.
No
fundo, no fundo uma tentativa em andamento – que nos soa desesperada – de
permanecer no cargo por meios nada ortodoxos, alheios àqueles que o levaram a
onde está.
As
corporações de que fala o apócrifo remete a circunstâncias
previsíveis no futuro imediato: suicídio, renúncia ou impeachment.
Mais
fácil – coisa natural aos descompensados – a renúncia com vistas a mobilizar os
grupos de apoio pela internet (o que Jânio não dispunha) para armar-se e
enfrentar o Belzebu. Para tanto, fechar o Congresso, o STF etc. etc. etc.
Aí entra
a ‘preocupação’ posta no panfleto: salvar a pátria através do seu ‘divino’ de
plantão, mesmo que isso represente a plenitude da destruição institucional,
porque a econômica já se materializou.
De certa
forma nos vem à mente Luis XVI, de França, quando pensou buscar fora do país o
apoio de monarquias para fazê-lo retomar o poder em plenitude.
Para
tanto, fugiu de Paris numa certa noite.
Pensou Luis XVI, naquela que se tornou a famosa Nuit de Varennes, que retomaria
o poder absolutista depois de organizar-se no estrangeiro, ele que não aceitava
a monarquia constitucional implantada pela Revolução.
Por
aqui, a fuga para o vazio na tentativa de reunir suas ‘milícias’ para
assegurá-lo salvador de todos.
Mas a caixa de Pandora aberta por tão singular Epimeteu lança contra eles muitos dos que o apoiaram e hoje
temem por sua continuidade. Inclusive os ‘poderosos’ ao seu lado.
Há
cheiro, concreto, de queda do governante: por iniciativa própria ou de
terceiros. Afinal, até os sonhos nos contos de fadas têm fim. Às vezes, deles resta um texto,
um poema, um romance, um balé para registro.
Os
sinais presentes nos rementem a concluir: buscasse o balet famoso, e se dele
personagem o fosse, estaria no limiar da morte do cisne.
Sim,
caro leitor. Aquele 13º movimento de “O Carnaval dos Animais” (1886), de
Camille Saint-Saëns, coreografado por Mikkail Fokine a pedido de Ana Pavlova,
que o estreou na primeira das 4.000 apresentações, em 1925.
Certo, dirá o atento leitor, que o nosso personagem parece estar longe das artes e como não possui a graça
desta inspiração.
Mas, não esqueçamos do inovador não-convite para um não-evento, o que nos remete a uma novidade de ser levado um novo espetáculo ao palco: a morte do urubu.
Caso o tema não seja adequado a um balé, muito provável apenas o que já escreveu(?) até agora: ópera bufa sem comicidade alguma.
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