Um detalhe...
O valor final do contrato para aquisição de
medalhões de lagosta e vinhos ficou em R$ 481.720,88, afirma-o a assessoria do
STF.
O edital teria provocado desconforto entre
ministros da Corte e indignado servidores do tribunal, o que levou um deles
(ministro) a vazar, reservadamente (como natural à Corte) que a compra não fora
discutida em sessão administrativa, daí não ter sido chancelada pelo
colegiado.
A licitação previa originalmente gasto de até R$
1,134 milhão.
O valor final, ainda que mais alto que o preço
vencedor, impedido de manter-se por razões técnicas (impossibilidade de
contratar com o poder público) nos deixa um questionamento subjacente.
Aqui não nos incomoda a singular circunstância de uma gente adquirir, com dinheiro do povo, medalhão de lagosta e vinho para seus encontros.
É que cheirou à imoralidade o valor destinado à licitação
(1.134.000,00) e tudo se materializou em cerca de 40%.
Há um cheiro ainda mais estranho: por que valor tão alto fixado para o que poderia (como o foi) adquirido bem mais em conta?
Há um cheiro ainda mais estranho: por que valor tão alto fixado para o que poderia (como o foi) adquirido bem mais em conta?
Mas, ao que parece, estamos perdendo (se já não o perdemos) o olfato.
Cansativo I
Um
punhado se esgoela. Não há quem ouça. E quem ouve faz de conta (como na ‘carochinha’)
que não ouviu.
Folheamos
os textos recentes (apenas deste emblemático 2019) e pudemos observar – ainda que
pequena a amostragem – o quanto aconteceu de aprofundamento do buraco em que
nos metemos. Ou melhor, em que fomos autolançados, por ‘escolha democrática’.
Um
punhado se esgoela. E vai ficando no esgoelar. E mais: ‘coisa’ de esgoelado. Ou
seja: estereótipo de uma realidade alienada.
A
gravidade embutida em tudo que está acontecendo em detrimento do futuro do país
e de seu povo (desmonte da educação, da saúde, entrega do patrimônio nacional,
desconstrução das instituições e dos valores etc. etc.) parece não estar em
andamento.
Enquanto
os pedintes voltam às portas, o número dos desamparados aumenta sob as
marquises, os desempregados e desalentados reocupando espaço que imaginávamos
restrito aos alfarrábios de história o noticiário, a quem cumpria tratar com
frieza os dados da verdade factual, apresenta um futuro cor de rosa para o país,
mantendo sua linha de compromisso com aquela parcela da classe dominante a quem
serve e sempre serviu.
Está se
tornando cansativo escrever sobre isso. Por quê? Porque é o mesmo todo dia,
toda semana, todo mês e o será em mais um ano que se repete recentemente.
Está
ficando cansativo.
Ou,
talvez, apenas estressante.
Cansativo
II
E quem
cabia parte considerável de responsabilidade para conter tal desastre a ele não
podemos elevar nosso clamor, porque faz parte e mesmo se integra, com unhas e
dentes, em cumprir sua parte para reservar espaço cativo no Nono no Inferno de
Dante.
Inclusive
servindo medalhão de lagosta e vinho.
Eis que mãos lavadas como as lavou Pilatos, aquele do Ecce homo (Eis o homem).
Mas, um comentário em texto veiculado pelo GGN deixa no ar a certeza de que este país e nossa gente não se fazem apenas da imprensa oficial que nos invade casa e mente a cada minuto do dia.
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