domingo, 29 de novembro de 2020

De intenções, do “Obrigado à bola” e do brincar com o alheio

 

Este escriba de província cultiva, de certa forma, uma vertente narcisista: ler o que já escreveu em outros instantes. Afastado de ler a si mesmo enquanto não materializar o sonho de publicar em livros o que anda por aqui escrevendo para cansar — ou testar — o paciente leitor, algumas destas páginas serão recomendadas à releitura neste dominical.

De boas intenções o inferno está cheio — afirma-o a sabedoria popular.

Não faltam ‘boas intenções’ aos Estados Unidos. Portanto, inferno em movimento de ampliação.

As declarações de peças indicadas por Biden (Brasil247) para cuidar da política externa sinalizam a manutenção das pragas estadunidenses assolando o planeta: agressões várias, em todas as vertentes, em todas as frentes, para assegurar prioridade aos Estados Unidos onde coloque o olhar.

A incompreensão em torno do que aconteceu pelo menos nos últimos 60 anos não alcança o raciocinar dos dirigentes estadunidenses.

Falando em Paz promovem a guerra.

Eles nem mesmo leem o conterrâneo Robert M.Bowman (1934-2013), muito menos História. Roma também caiu.

E nenhum destes áulicos da tragédia terá o reconhecimento de Maradona. Que agradeceu “à bola” tudo que conquistara. Mas, o portenho não apenas jogou futebol com nuances de divindade. Lia a realidade, compreendia-a. E falava diretamente, como o fez com os japoneses que criaram embaraço, para que entrasse no país na Copa de 2002, dizendo que a ele o recusavam por uso de drogas  que causava dano somente a ele , mas recebiam com aplausos os estadunidenses que jogaram sobre o Japão duas bombas atômicas. Ou dialetizava por metáforas, como o fez quando vaiada a presidente Dilma Rousseff na abertura da Copa de 2014: “Absurdo. Absurdo!”

Absurdo, sim! Via Maradona não o desrespeito e impropérios, mas o nível daquela classe dominante encastelada no camarote do Itaú, onde tudo começou, dizem com Luciano Huck.

Maradona compreendeu seu tempo. O que falta à maioria que diz pensar.

Mas nosso tempo nesta terra brasilis transcorre em outros termos e temas, como natural a uma república acovardada.

A esquerda, ao perder o bonde dos fatos que deteve sob controle e não soube  ou não teve competência  para perenizar, enxerga os resultados eleitorais de 2020 refletindo espasmos de euforia aqui e ali, o que demonstra que a propalada democracia perdeu o rumo ou está narcotizada quando posto sob avaliação o quesito por quê. Fake news e quejandos tais ficam em segundo plano.

Por outro lado, se tomamos o exemplo da Bahia, não podemos atribuir os resultados negativos para o governo tão somente ao funcionalismo público sem aumento há cinco longos anos. Os sinais evidentes demonstram que as ações de governo pesam muito pouco (insignificantemente) no traduzir nas urnas. Não somente, também este ou aquele erro na condução de candidaturas. Mas não ler José Dirceu (por nós citado) leva a isso.

O olhar da esquerda paira sobre o inquilino do Alvorada, como o adversário a combater e enfrentar. Não lê a razão por que o dito cujo lá está. E que o tendo como único adversário deixa de combater quem o utiliza como escudo: de alheias gentes a internas mensagens dogmático-evangélicas (para citar apenas duas).

De frouxos de risos a empolgação com algumas vitórias alheias.

Sem pretender escamotear em torno da realidade, mas o que vemos em parcela da denominada esquerda pode ser muito bem explicado dentro da sabedoria popular: atingir o orgasmo com o órgão sexual alheio.

Mas, ainda assim, continuo com o ex-aluno e leitor Felipe de Medeiros, em Resta-nos um novo primeiro passo: “Ando entocado aqui em Itabuna, metido numa tal esperança incorrigível”.

_____________

Post Scriptum

O general caiu do cavalo (Brasil247). Falta-nos a informação se o ilustre estava se preparando, ou treinando, para a guerra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário