O Globo destaca um fato singular: praticamente
o dobro de brasileiros se diz de direita (30% a 16%). Num país em que cerca de
70 milhões vivem em estágio entre não ter o que comer e não saber quando comer,
encontrar 30% da população que se diz afinada com políticas concentradoras de
renda (causa da miséria e da desigualdade) não deixa de beirar o surrealismo.
Isso se pautássemos a compreensão por fatores atrelados à lógica.
Mas, por trás de tudo, a capacidade de
convencimento dos meios de que dispõe a classe dominante leva a tais
conclusões.
Coisa assim, tipo o indivíduo sem-teto pedindo
esmola em frente a um ‘terreno de engorda’ (especulação imobiliária) e se
dizendo defensor da propriedade. E outros tantos entendendo que a riqueza de
poucos é desígnio de Deus e a miséria de milhões, falta de Fé.
Na esteira das coisas, outras
acontecem neste Brasil do inquilino do Alvorada: pela primeira vez a calamidade
de sua política econômica cobra por ser reconhecida como situação de emergência.
Na verdade, emergência eleitoral.
A situação da reeleição do inquilino
do Alvorada por meios democráticos é ‘vela no caixão’ não somente diante das
intenções de voto levantadas nas pesquisas, mas diante da rejeição decorrente
das calamidades praticadas, segundo o DataFolha (em Mateus Leitão): “Bolsonaro é mais
rejeitado por desempregados (66% nunca votariam nele), pretos (63%),
nordestinos (62%), estudantes (62%), mulheres (61%), católicos (61%), jovens
(60%) e os mais pobres (60%)”. Na média, “55% dos brasileiros disseram que não
votam no atual mandatário de forma alguma nas eleições de outubro”.
Tal circunstância se materializa em
dados de pesquisa (Carta Capital) que afirma não conseguir vencer qualquer dos
candidatos no segundo turno.
Ou seja, para quem está no fundo do
poço qualquer ponta de corda é guindaste.
Para tanto organize-se a quadrilha
(ops!, a base no Congresso, inclusive porque não faltará eleito pela esquerda
que ‘entenda’ o instante) e promova-se uma escancarada fraude eleitoral; em
meados de julho será possível a redução do preço dos combustíveis (à custa de
receitas estaduais) sem reduzir o lucro dos acionistas da Petrobras, amplie-se
os valores do Vale Gás e do Bolsa Família travestido em Cartão Brasil e
distribua-se o Vale Caminhoneiro. Mas – atenção! – até dezembro de 2022. De
janeiro em diante volta tudo ao que fizemos.
O que nos causa espécie no arrazoado
presente não é 30% da população dizer-se “de direita”, porque sabemos o que
ouve e o muito pouco que lê.
Nem mesmo o governo que pretende
tornar-se permanente dizendo-se necessitado e alardeando crescimento econômico
promissor.
Tampouco a fraude anunciada com data
antecipada para terminar.
Mas a quase indiferença com que o tema
é tratado pelos formadores de opinião diante da imoralidade contida em pedido
de emergência para justificar uma fraude flagrantemente anunciada para fins
eminentemente eleitoreiros. O destaque dado às “bondades” dão-lhe um caráter de
perenidade quando não ultrapassarão quatro ou cinco meses.
Neste escancarado cenário de fraude
para manter a tragédia implantada a partir de 2016 30% da população a defende
porque se considera de direita e outra parcela será ‘convencida’ da bondade e
da preocupação do governante com os desamparados de sempre, ora lembrados pelo
messias.
Com apoio da leniente grande imprensa lançando
ao largo a verdade. Mais uma vez!
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