Certamente
os problemas por que passa a Governo Federal – expressão da práxis
político-administrativa do Partido dos Trabalhadores nestes treze anos de
república – reside menos na sofrível condução da economia e mais, muito mais,
no que deixou de – pelo menos – desenvolver na consciência da sociedade, esta
observada naqueles segmentos evidentemente beneficiados pelas políticas de
Estado desenvolvidas pelo governo petista. Paralelamente à ação governamental
não foi fixada na consciência da coletividade beneficiada nem mesmo a
circunstância de estabelecer a diferença comparativa no plano histórico.
Temos
afirmado – inclusive à luz de experiências próximas – que em muito o pensamento
do partido desenvolveu uma ‘crença’ em que a realidade imediata alteraria, pura
e simplesmente, compreensão e comportamentos atávicos da sociedade brasileira.
Nesse particular, imaginou que o exemplo da ação administrativa, representada na gestão de política sociais, se reproduziria em elogios e
reconhecimentos. Que todos os estamentos sociais que lhe teriam sido adversos se
deixariam deslumbrar com a revolução pacífica, somados à base correligionária
que ativara as ruas durantes os anos de busca pelo poder.
A
assunção do poder – como sói acontecer com a assunção de poder, em qualquer
estágio – escancarou os conflitos entre as várias facções internas, de
pensamentos – algumas – até incompatíveis, na prática, com a realidade de
administrar o país.
Não à toa, foram-se militantes históricos, fundadores e
pensadores da experiência político-partidária que resultou na criação do PT.
Muitos alegando descompasso entre o sonhado e o praticado.
O
purismo destes até se justifica no plano da coerência.
No
entanto, no verso do caminho duplo, perdeu o PT quadros e angariou outros
tantos. Dentre os que perdeu alguns daqueles utópicos e sonhadores com a
revolução universal do socialismo; outros, pela incompatibilidade no plano dos
interesses imediatos. Dentre os que ‘encontraram’ no PT o porto, todos os que
não conseguem conviver longe do poder, aqueles desprovidos de um mínimo de
consciência histórico-política do que representa o avanço do trabalhismo
consolidado na experiência petista.
Na
situação presente está o Governo Federal em debate – não só interno – com as
forças várias que indiretamente exercitam controle sobre as forças
político-partidárias que sustentam o poder. Sob este crivo debate-se na busca
de um caminho, de uma solução para superar o conflito presente no próprio
organismo partidário.
E
aí se defronta o PT/governo com todas vertentes: as que lhe fazem histórica
oposição – muitas de conteúdo ideológico – e outras que – pela contradição
entre o passado idealista e o presente oportunista – renunciam a toda história pessoal construída.
Talvez
construída sobre pântano.
Somente
assim podemos identificar as (não)razões de Helio Bicudo se propor a postular
pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Fora
ele integrante da oposição estaria no seu papel, porque ideologicamente não
convém às castas por ela representada qualquer continuidade do que não lhe
atende em nível de interesses.
No
entanto, como egresso de um grupo de idealistas que contribuiu para formatar a
construção de um Estado nacional para os brasileiros sua postura beira o
nonsense e alcança a estupidez.
Basta
que se lhe pergunte: substituir Dilma por quem neste instante? Por quê? É a solução (milagrosa) para tudo que de mazela foi historicamente construído neste país? Onde e como ficarão as conquistas da sociedade, a redução das desigualdades sociais e regionais etc. etc. etc.?
Enquanto
as forças conservadoras do país abrem-se na defesa do respeito ao resultado
eleitoral Hélio Bicudo, cínica e hipocritamente, propõe-se remar contra a
corrente.
Dispensa
de condenar – ou, como jurista, acionar – a omissão do Congresso e do
Judiciário pela falta de compromisso para com o Brasil nação. De forma objetiva
enfrentar os golpistas encastelados nos Poderes da República.
Hélio
Bicudo – dito petista histórico – deixou de pensar no povo. Convertido,
certamente, em favor daquilo que condenou no passado e que – ao que parece – deixou de anatematizar no presente. Mesmo que em desfavor daqueles que disse defender em tempos mais
pretéritos.
Parece-nos
um triste fim para quem pensou defender o futuro para este país!
Em
Hélio Bicudo a verdadeira face de uma das faces da gênese petista: a que não se
sustenta nas convicções.
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