Esfriando
as beiradas
O
golpe não se satisfez em afastar uma presidente sem crime de responsabilidade.
Essa função atendeu, apenas, aos interesses imediatos do capital internacional – e aliados internos – sequioso do controle absoluto sobre nossas riquezas: óleo do pré-sal, urânio e
o processamento desenvolvido pelo Brasil, terras agricultáveis, o mercado das
empreiteiras nacionais e, naturalmente, água.
Para que tal ocorresse, a
substituição da presidente por grupo de sua confiança e defensor do pensamento da minoria dominante.
No
outro lado – eminentemente interno – o golpe não ajuda as forças conservadores
a conquistarem o poder. Perderam eleições seguidas e não venceriam a de 2018,
sinalizam as pesquisas.
Porém,
o problema para eles não é perder mais uma eleição e sim Lula retornar, o que
significa retomada de políticas públicas contrárias aos interesses elitistas.
A
Lava Jato em sua dimensão político-partidário-eleitoral já fez um estrago
imensurável em relação ao Partido dos Trabalhadores. Mas não abala Lula.
Lula está
imbatível. A sua imagem e liderança – sabem muitos – fará dele, mesmo preso, um
eleitor preferencial dentro do sistema presidencialista. Parcela significa de
seus eleitores votará em quem ele recomendar.
Os
últimos acontecimentos (aprofundamento da repercussão, em nível internacional,
de possível prisão de Lula) e o risco de uma explosão na sociedade (apoiada por
políticas econômicas danosas) pode – assim pensamos – estar levando o golpe
para seu plano B (afastar Temer para que ocorra uma eleição indireta) e pautar o C: o parlamentarismo.
Com
processo eleitoral atual a tendência é a eleição de representantes cada vez
mais próximos do conservadorismo (com pentecostalismo católico e protestante e o econômico) o que o torna o prato
feito para levar ao poder, em plenitude, os que hoje não o alcançam pelo voto
presidencialista.
E
dois anos dá para fazer tudo. Que precisa de uma reforma que apenas faça
retornar o financiamento empresarial e adote o parlamentarismo.
A
criatura I
Um
outro lado à deriva, corre como se parecesse outra coisa: o conflito instalado
entre Poderes da República, mais explicitamente o Legislativo e o Judiciário,
ou vice-versa.
O
Legislativo está acuado. Contra ele a propaganda de que abriga a corja
salafrária do país.
Tudo isso interessava ao ‘criador’ e o Legislativo aceitou
quando os interesses daqueles que se encontravam com dificuldade de vitória em 2018 foi assumido, em plenitude, pela então oposição a Dilma/Lula/PT.
Como ‘criatura’ um juiz, um punhado de delegados da PF e de Procuradores da República
assumindo a salvação da pátria (a comandada pelo PT).
Todos
surfaram na onda e resultado se fez presente.
Mas
a ‘criatura’ quer ser maior que, ou se assumir como ‘criador’.
Um
dia depois do outro, já dizia vó Tormeza.
A
criatura II
Enquanto
o Judiciário apunhalava as instituições democráticas – desde um juiz federal de
primeira instância ao STF que o legitimou – a oposição no Congresso –
engrossando o caldo do golpe – aplaudia.
Enquanto
os ataques fragilizavam Lula, PT e quejandos tudo festa. Aplausos à sorrelfa.
Enquanto
o STF esquecia de defender as instituições e se deixava embalar como parceiro
do golpe, tudo maravilha.
O “criador” não atentou nos resultados e
desdobramentos e de que a conta seria cobrada na primeira oportunidade.
A “criatura”
gostou. E está gostando cada vez mais. E querendo mais, muito mais.
Os
pés de Aroeira
Pernas
e pés dão os rumos que traçam entre a loucura, a ideologia e as convicções.
Nenhum
temor
Retomam,
em nível de imprensa, as denúncias da existência de recursos da Odebrecht para
políticos vários, o que inclui os que assinam a lista de presença no atual
governo e tucanos todos.
Nenhuma novidade. Até porque outros recursos, e de
outras fontes, é sabido e consabido, alimentaram tucanos, demistas,
peemedebistas etc. etc. etc. e não são mais lembrados.
Justamente porque por lá
havia essa ‘gente fina’ (que o diga a Lista de Furnas).
Mas,
essa conversinha de tucano recebendo propina deve preocupar... o Lula, se o
nome dele aparece.
No
entanto, fiquem tranqüilos os tucanos. Nada lhes acontecerá.
CLT
à deriva
A
antipática postura governamental de reduzir direitos conquistados pelos
trabalhadores vai sendo – lenta e continuamente – assumida pelo STF. A última
façanha residiu em autorizar o poder público a descontar os dias parados dos
grevistas.
Mais
um passo apenas no ingrato ofício. Exercido por classe funcional que não
depende de votos e do povo.
Nestes
últimos anos o STF simplesmente eliminou a prescrição trintenária para o FGTS,
desaposentação foi pelos ares, não validade de acordo coletivo não renovado,
quitação geral para Plano de Dispensa Incentivada ou Voluntária e terceirização
de serviço público através de organizações Sociais.
Tudo
para baratear o trabalhador, como o diz André Barrocal na CartaCapital.
Falta publicidade
Não
se surpreenda se entre um bloco e outro do Jornal Nacional não houver
publicidade além da institucional e da própria emissora.
Sorte contar com o Governo Federal, desde os tempos petistas!
Asa
quebrada
Famoso
caso policial, envolvendo assassinato de um jornalista em Itabuna, acabou com a
carreira de um delegado da Polícia Civil, que se fizera necessário a um
processo de perseguição política instaurado na prefeitura no início de 1997.
O
juiz Sérgio Moro não está envolvido com a morte de ninguém – a não ser a dos
desgraçados trabalhadores desempregados das empresas inviabilizadas por Moro –
mas sua carreira, parece-nos, está comprometida. Sua imagem internacional será
a de um troglodita que exerce a magistratura para política político-partidária.
A
decisão do Comissariado da ONU, acatando a denúncia de Lula contra ele, atinge
gravemente a imagem de Moro.
A
decisão não obriga o Judiciário brasileiro. Mas a repercussão internacional,
mormente envolvendo um nome como o de Lula como vítima de perseguição pelo juiz
pode ser uma pá de cal em pretensões a vôos mais altos.
Isso sem levar em conta o seu prazo de validade. Que está expirando.
Defesa
sindical/classista
A
ministra Carmen Lúcia, presidente do STF, entrou em rota de colisão com o
senador Renan Calheiros, presidente do Senado. Afirmara o senador ter partido
de um ‘juizeco’ uma ordem para violar a autonomia do Senado em seara própria.
Cármen Lúcia sentiu-se atingida.
Resultado:
Cármen Lúcia pautou para o próximo 3 de novembro processo no STF que atinge
Renan.
Lamentável
que a indignação de Renan Calheiros em relação a um juiz seja admitido – em
típico espírito de corpo – por toda a magistratura, principalmente por uma
circunstância singular: a ordem violou prerrogativas de um Poder da República.
Nesse
correr, lamentável que a presidente do STF tenha deixado a liturgia do cargo
para defender uma categoria profissional, como se fosse líder sindical.
E
mais lamentável: a coincidência no designar um julgamento de processo que pode
atingir alguém com quem se desentendeu muito recentemente.
Coisa
tipo “sabe com quem está falando?”
Em
parafuso
Mais
gravidades estão presentes no imbróglio. Senadores somente podem ser
investigados, julgados e condenados através do Supremo Tribunal Federal.
A ação
da Polícia Federal no Senado mais amplia o leque de desrespeitos à
Constituição: juiz de primeiro grau usurpa prerrogativa privativa do STF (sem
determinação deste) e a PF, órgão do Poder Executivo, assume a fiscalização.
Os
Poderes da República – no âmbito do configurado constitucionalmente – estão em
parafuso.
Itabuna
A indefinição quanto ao vencedor das últimas eleições municipais tem levado o observador a perceber coisas antes não percebidas. Inclusive desajustes.
O que inclui muita gente começando a torcer para Fernando Gomes levar a melhor.
Pelo menos conhecemos as suas 'loucuras' – diz um interlocutor.
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