Nosso
blog abre este domingo com detalhes alheios: o texto de Joan Edesson no Blog do Renato (transcrito na íntegra, para que registrado aqui fique) e um vídeo de matéria jornalística do SBT, mostrando os caninos do
golpe de 1964.
As falácias de hoje, as mesmas; os métodos distintos entre um instante e outro. Mas a fome e a miséria – que se avizinham – serão as mesmas.
As falácias de hoje, as mesmas; os métodos distintos entre um instante e outro. Mas a fome e a miséria – que se avizinham – serão as mesmas.
A
diferença – para pior agora – reside no fato de que a entrega do país e de suas
riquezas se faz de forma ainda mais aviltante pelo interino tornado presidente.
E há quem aplauda!
E há quem aplauda!
A fome voltou
Conheço bem a fome. Quando criança, brincávamos de esconde-esconde com ela, que não raras vezes nos encontrava. Nunca passou, confesso, de fomezinha, minúscula. Há gradações na fome, na miséria, na pobreza, que as estatísticas nem sempre são conta.
Entre a pobreza da minha
infância, nós éramos pobres, apenas pobres, sem adjetivos ou advérbios. Havia,
numa escala abaixo, os muito pobres e os miseráveis, aqueles para cuja
sobrevivência o nada já era muita coisa.
Não me orgulho disso. Não há
motivo algum para se orgulhar da pobreza, da miséria, da fome. Faço o registro
porque a fome voltou, e eu a reconheço onde a vejo, eu tenho gravado a fogo na
minha memória a sua cara feia, eu tenho tatuado no peito a dor que ela causa,
eu sei dela por todos os meus poros, e eu não a esqueço, não consegui, não
conseguirei jamais.
Tampouco tenho vergonha disso.
Já tive, muita, muita vergonha de ser pobre. É uma perversidade sem tamanho, e
em criança me ensinaram que eu era menos que os outros, que os outros eram
superiores, e que portanto eu devia me envergonhar da minha condição. Não mais,
nunca mais, prometi um dia a mim mesmo. Não me envergonharia mais disso.
Tampouco teria orgulho. É um registro apenas, uma condição de certa época da
minha vida.
Conheço a fome. A minha, fome
pequena, e a de outros, fome enorme, dentes arreganhados, a carantonha a
assustar o mais corajoso dos viventes. Naquele ciclo de seca do início da
década de 1980, entre 1980 e 1983, foi quando a vi mais de perto. Naquele então
ela já não me alcançava mais, mas atingia com força muita gente próxima a mim.
Há imagens daquele tempo que estão de tal forma gravadas em minha memória que é
como se eu as visse agora, nesse exato momento.
Não esqueço do homem em uma
bicicleta com o caixãozinho azul de anjo parado na porta da igreja, colocando
aquele minúsculo caixão nos braços e esperando que as portas se abrissem. O
padre estava viajando, mas ele só queria que o caixãozinho entrasse na igreja,
que alguém murmurasse uma prece, antes que ele amarrasse novamente o pequeno
esquife na garupa da bicicleta e fosse, sozinho com sua dor, enterrar o
anjinho.
Não posso esquecer os três
irmãos, tão pequeninos, mortos num único dia. Os caixõezinhos enfileirados,
três anjinhos mortos de fome. A mãe e o pai não choravam mais, não tinham mais
pranto. O rosto era uma máscara apenas, indiferença e resignação. Àqueles eu
acompanhei até a cova, pois a família, tão desfalcada, não era suficiente para
carregar os três até o cemitério. Aqueles me doem até hoje, até hoje me fazem
chorar quando sou, como agora, obrigado a esta lembrança.
Naqueles anos eu perdi a conta
de quantos anjinhos, em seus caixões azuis, vi desfilar nas minhas retinas. Eu
trabalhava ao lado da igreja, numa cidadezinha afogada em seca, fome, morte e
desolação, perdida no meio da geografia dos Inhamuns, nos sertões do Ceará.
Há outras imagens, como a do
homem que vi, em 1983, batendo com a cabeça no portão de ferro de um armazém de
milho. Eu o conhecia, era meu amigo. Como esquecer aquele desespero, aquele
homem que de tão faminto acreditava ser possível derrubar um portão de ferro
batendo nele com a cabeça? O portão caiu, outras cabeças e outras mãos e outros
braços se juntaram a ele, e eu aprendi ali que os castelos podem ser
derrubados.
Não posso esquecer do sargento
da polícia batendo no velhinho que juntava do chão os grãos de feijão,
abandonados pelo saque, um dentre tantos que presenciei, e levando-o preso
mesmo ante o protesto, ainda tímido e medroso, de tantos que pediam para não
prenderem o homem.
Acreditei que não precisava mais
recordar essas coisas. Acreditei que elas dormiam profundamente no fundo de
mim. Mas agora essas cenas retornaram. A fome voltou. Já anda livremente pelas
ruas, de mãos dadas com a outra anciã perversa, a morte. As duas buscam
alimento farto novamente pelos sertões, assolados por quase uma década de seca.
Buscam e encontram.
O golpe trouxe de volta a fome.
Ela está aí, esmurrando a porta. Eu a conheço, eu a reconheço em qualquer
lugar, e mesmo que por ora esteja a salvo, ela já atinge muita gente próxima a
mim.
Discurso não resolve
Parte
da esquerda – a do progressismo nacionalista – choraminga as desgraças por que
passamos. Em 12 anos (porque nos dois restantes foi cuidar do golpe) não
conseguiu por em prática a lição básica: comunicação. E aliou-se à direita para
fazê-lo.
Raduan Nassar, em entrevista ao Le Monde Diplomatique, espreme o tumor para não
esquecermos de que o temos e não o tratamos:
Falta um mea culpa
A
presidente Dilma Rousseff, entrevistada pela BBC, lamenta tudo que aí está.
Em
relação ao que expressa tem toda razão.
Falta-lhe explicar porque manteve
Mercadante e José Eduardo Cardozo.
Só
resta o choro baixinho
Sofrido, por entre soluços abafados no travesseiro. Como de criança que apanhou por culpa que não tinha. Assim como de Mateus Nachtergaele para um país que chegamos a divisar.
Para pensar
“Se você não for
cuidadoso, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e
amar as pessoas que estão oprimindo” (MALCOM X, ativista
norteamericano - 1925-1965).
“Com o tempo, uma
imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil
como ela mesma” (JOSEPH PULITZER, jornalista norteamericano - 1847-1911).
“A imprensa pode causar mais danos que a bomba atômica. E deixar
cicatrizes no cérebro” (NOAM CHOMSKY, linguista, filósofo,
cientista cognitivo, comentarista e ativista – 1928-)
Venezuela
Levando
em conta as considerações acima sugerimos a avaliação do texto de Marco Teruggi,
original no La Tabla, com tradução publicada no GGN. Bem como a leitura de artigo de Saturnino Braga.
Pacascas
Com
preço da gasolina nas alturas fica difícil compra-la para fins outros que não o
fazer rodar carros. O soteropolitano – para não perder a oportunidade –
inventou o coquetel molotovO para agraciar João Dória.
Não
temos como não reconhecer que o moço foi ovacionado.
TRT-5
Denúncias
pipocaram contra a iniciativa do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região
(Bahia) de custear às suas expensas (do povo) assistência de personal training
para seus integrantes.
"TRT-5 esclarece:
O Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT5-BA) está adotando medidas de sustentabilidade, voltadas para a economia de recursos públicos, ao incluir práticas de exercícios físicos destinadas ao seu seu quadro de pessoal, em virtude do número de afastamentos caudados por doenças como depressão, estresse, doenças cardiovasculares e diabates. O projeto segue as diretrizes das Resoluções CSJT 103/2012 e CNJ Nº 207 de 15/10/2015, alinhada ao Planejamento Estratégico do TRT5, sendo um projeto que integra o Macrodesafio: Promover a melhoria da gestão de pessoas e da qualidade de vida.
Também, em atenção à Resolução CSJT 103/12 e o Guia de Contratações Sustentáveis da Justiça do Trabalho, o objeto deste projeto, integra uma das seis áreas do Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis, qual seja: “qualidade de vida no ambiente de trabalho”. No âmbito do TRT5, o Plano de Logística Sustentável, a través da Resolução Administrativa TRT05/2016.
A pretensa licitação destina-se à contratação de empresa com experiência e qualificação profissional comprovadas, para assessorar esportivamente o TRT5, em modelo de atividades físicas voltadas na definição de princípios, diretrizes, estratégias e parâmetros para a implementação de programas, projetos e ações institucionais à promoção da melhoria da condição física e mental dos participantes, a qualidade de vida dos envolvidos, a promoção da saúde e prevenção de doenças, a redução do sedentarismo, com a abrangência no condicionamento físico, envolvendo atividades esportivas de caminhadas, corridas assim como preparar servidores com aptidões específicas na representação do TRT5 junto as Olimpíadas da Justiça do Trabalho, evento anual que conta com forte compromisso do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, Conselho Nacional de Justiça e demais Órgãos integrantes do Judiciário, com sucesso implementado junto ao TRT da 19ª Região.
Secom TRT5
Secretaria de Comunicação Social"
Também, em atenção à Resolução CSJT 103/12 e o Guia de Contratações Sustentáveis da Justiça do Trabalho, o objeto deste projeto, integra uma das seis áreas do Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis, qual seja: “qualidade de vida no ambiente de trabalho”. No âmbito do TRT5, o Plano de Logística Sustentável, a través da Resolução Administrativa TRT05/2016.
A pretensa licitação destina-se à contratação de empresa com experiência e qualificação profissional comprovadas, para assessorar esportivamente o TRT5, em modelo de atividades físicas voltadas na definição de princípios, diretrizes, estratégias e parâmetros para a implementação de programas, projetos e ações institucionais à promoção da melhoria da condição física e mental dos participantes, a qualidade de vida dos envolvidos, a promoção da saúde e prevenção de doenças, a redução do sedentarismo, com a abrangência no condicionamento físico, envolvendo atividades esportivas de caminhadas, corridas assim como preparar servidores com aptidões específicas na representação do TRT5 junto as Olimpíadas da Justiça do Trabalho, evento anual que conta com forte compromisso do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, Conselho Nacional de Justiça e demais Órgãos integrantes do Judiciário, com sucesso implementado junto ao TRT da 19ª Região.
Secom TRT5
Secretaria de Comunicação Social"
Sorteios(?)
Não
nos dispensamos de ler Luiz Nassif como um dos contrapontos ao establishment
midiático quase hegemônico. Não temos arrependimento. Triste ficamos que outros
não o façam.
Sempre que entendemos interessante disponibilizamos matérias suas.
Como essa, que analisa os ‘suspeitos’ sorteios de temas no STF que desaguam na
carteira de Gilmar Mendes.
Há
quem afirme que não existe sistema de sorteio no STF, tudo seria manual. Um
desafio para a Presidência exibir o sistema.
Também
possível que seja, “mais difícil
de investigar e mais fácil de programar: se o sistema de processos usar webservices,
basta alguém ter uma chave reconhecida pelo sistema de processo eletrônico para
simular o sistema oficial e definir o relator que quiser.” – como registra Leandro Arandt, no GGN.
Com a bola, para o chute fatal, a presidente do STF, Ministra Cármem Lúcia. Para – existindo ou não o sistema – iniciar um processo de sorteio ao vivo e em cores.
Com a bola, para o chute fatal, a presidente do STF, Ministra Cármem Lúcia. Para – existindo ou não o sistema – iniciar um processo de sorteio ao vivo e em cores.
Para não perder o mote
Diz comentário à matéria acima, assinada por Giorgeno:
"O STF não vai liberar dado de nada, porque os sistemas são feitos para serem manobrados, por exigência da realidade.
Haver caído tanta coisa para Gilmar Mendes é uma improbabilidade estatística mas não são os presidentes que devem ser pressionados, quem deve fazer isto são os chefes do setor de distribuição... servidores comuns raramente fazem isto, sob pena de perderem seus carguinhos de peão."
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