De nossa parte – considerando que o ministro Gilmar Mendes não bate
prego em estopa – temos que a parafernália em favor dos tucanos e quejandos –
agora que Lula se encontra inviabilizado em sua candidatura – caminha para
assegurar que tudo fique como dantes no quartel de Abrantes. Naquela de mudar
para ficar no mesmo – diria Tomasi di Lampedusa.
Os sinais não estão só evidenciados. Estão escancarados. Basta ver as
últimas atitudes de alguns procuradores, juízes e mesmo do ministro Gilmar
Mendes (aqui).
Não custa lembrar – porque a imprensa oficial(?) tem memória curta – Sérgio
Machado dialogando com Romero Jucá (aqui). Deste ouviu a pérola (aqui misturado, para
aproveitar a essência): “Tem que resolver essa p.... Com o Supremo, com tudo”.
Ou seja, para Jucá a continuidade de Dilma à frente da Presidência da República
levaria as apurações da Lava Jato até os peemedebistas. Incluindo algum bode
expiatório do PSDB, o senador Aécio Neves o mais aventado.
Por outro lado, não podemos descurar dos ingentes esforços do juiz Sérgio Moro para livrar os amigos. Quando
Yousseff citou Aécio Neves como beneficiário de propina de Furnas em seu
depoimento lançou o famoso “não vem ao caso”.
Assim também o fez quando Nestor
Cerveró citou os 100 milhões de dólares de propina recebida pelo PSDB na compra
da YPF argentina pela Petrobras, em 2002, tempo de FHC, em que o então tucano Delcídio
do Amaral dirigia um dos departamentos da estatal. Sua Excelência afastou qualquer
apuração sob tutela da Lava Jato porque “antecedia 2003”, e o período que lhe
interessava – deixava subtendido – era o de Lula/PT para cá. O mesmo Moro já
beneficiara a Globo quando apareceu o Mossack (administrador de fundos lá fora
que controlava recursos da Globo, em nome de quem a mansão de Paraty).
Agentes do Ministério Público e juízes (alguns deles, porque não
podemos comprometer a imagem das instituições pela ‘delituosa’ postura de
alguns de seus agentes) já requerem e veem deferidos os pedidos para que
tucanos envolvidos em denúncias de propinagem sejam beneficiados, respondendo
por crime eleitoral e não por corrupção.
Ou seja, saiam da seara da Lava Jato e passem a julgamento pela Justiça Eleitoral de seus estados. Alckmin já foi beneficiado. A seguir Marconi Perillo e Beto Richa.
Ou seja, saiam da seara da Lava Jato e passem a julgamento pela Justiça Eleitoral de seus estados. Alckmin já foi beneficiado. A seguir Marconi Perillo e Beto Richa.
Os petistas não tiveram a
mesma sorte nas mãos de Joaquim Barbosa, que não deixou de “fazer das suas”
remetendo para a justiça mineira o mensalão/caixa 2 do PSDB mineiro enquanto
‘assumia’ o petista e passava a apurar e julgar quem deveria estar sob a tutela
da justiça comum, inclusive de acusados que não tinham por foro o STF.
O que Gilmar Mendes denunciou em relação à Lava Jato, durante sessão do
STF na segunda semana de abril – fatos sabidos e consabidos há muito – da
existência de uma “indústria da delação”, mostra que não somente se tornou em
atuação política, mas também criminosa, a de procuradores, advogados e, ainda
que remotamente, o juiz Sérgio Moro – por alimentar e se alimentar de delações
combinadas. Que o diga Léo Pinheiro, da OAS, e o próprio Marcelo Odebrecht,
que mofariam na cadeia em Curitiba sem possibilidade de redução de pena, caso
não inserissem Lula em sua delação.
Lula, muitos assim entendem, jogou fora a oportunidade de emparedar o
STF quando não resistiu à prisão. Não por desobedecer a ordem, mas por ter sido
– ela, a ordem – emanada ao arrepio da Lei, o que levaria o STF à decisão de
delimitar entre cumprimento e abuso. Como aceitou, tudo fica legitimado.
Outros, no entanto, demonstram competência para emparedar STF, PF, e a
Lava Jato é o próximo alvo deles, em benefício próprio. Os criminosos estão à
solta – os não petistas ou os bagres que legitimam as arbitrariedades –
tucanato emplumado livre, leve e solto.
Os dois links disponibilizados através do texto levarão o leitor à
reflexão. Para então compreender o que está por trás do ataque às “delações
combinadas”. Que não tem por alvo o grave crime em si, mas o desdobramento para evitar que
os “amigos’ possam sofrer o que outros já sofreram.
O ministro Gilmar Mendes único dos pares do STF que compreende o jogo
político (e sabe jogá-lo) domina os meandros do poder e sabe utilizar sua
atuação em defesa de amigos e de interesses.
Para quem duvidar de sua capacidade de manipular fatos em seu favor
lembramos apenas dois instantes extremos: o grampo sem áudio (onde acusou a PF
de estar espionando seu gabinete e com isso terminou por ver o presidente Lula
afastar o Diretor Geral da ABIN, Paulo Lacerda, que incomodava medalhões protegidos
de Gilmar Mendes) e a concessão de liminar impetrada por advogada de seu
Instituto (dele Gilmar) para impedir a nomeação de Lula para a Casa Civil da
presidente Dilma.
Quando parcela do Judiciário começa a resolver os problemas do PSDB o
ministro Gilmar Mendes reforça a luta contra a Lava Jato. Que, efetivamente,
vem cometendo irregularidades e ilegalidades para obter muito do que tem
obtido.
Com o beneplácito do STF. Que o diga o falecido Teori Zavaski, que
legitimou o vazamento do áudio grampeado de telefone do Palácio do Planalto,
entre a Presidente Dilma e o ex-presidente Lula, crime cometido por Sérgio Moro.
Mas, daí até ver na denúncia do ministro Gilmar Mendes pelo purismo da defesa
da legalidade é desconhecer os meandros traçados por Sua Excelência na condução
da política através do STF. E não ver que não só de ‘delações combinadas’ se faz este país.
PRÓXIMA SEMANA: O país sem futuro.
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