A segunda hipótese tem nos alimentado. Até como forma de sobrevivência.
A indignação reprimida apenas nos afetaria a saúde; a crítica, então, passa a
ser um descarrego (ops!) bem à maneira do que faz parcela significativa de
templos evangélicos.
Nenhuma das teorias neoliberais aplicadas resolveu coisa alguma para os
países em que aplicada, a não ser engordar o bolso de aplicadoras e a bolsa do
assaltante mercado livre das amarras
do estado.
O país, até 11 de junho – segundo José de Castro, no Valor Econômico – torrou
mais de 38,6 bilhões de dólares para ‘conter’ a alta da moeda estadunidense,
vendendo o chamado swap cambial, uma
garantia para o investidor de que não perderá com a alta da moeda estadunidense.
Em reais, a quantia beira os 150 bilhões.
Não resolve, porque tudo acontece para assegurar a manutenção da
especulação, em detrimento da atividade econômica, que não avança.
Para que o leitor possa melhor entender (o que não fazem os senhores
comentaristas econômicos) o dinheiro retirado do Bolsa Família (com previsão
orçamentária de 28,8 bilhões de reais pra 2018, reduzida em 13,1% em relação a
2014), que auxilia – pelo consumo – a atividade econômica, é bem menos que o gasto
com o “agrado”. E bem mais que o destinado para a Saúde em 2018, estimado em R$ 130,3
bilhões, e mais que o dobro do previsto para Investimentos – R$ 68,8 bi, conforme apuramos em dados originários do Governo Federal.
Mas, em tempo de Copa do Mundo, talvez, a melhor avaliação do que se
passa em nível de ‘informação econômica’ na grande mídia (concentrada na mão de
meia dúzia de famílias) esteja refletida no artigo de Philipp Lichterbeck, para
o alemão Deutsche Welle,em “O eterno Galvão”, falando de futebol, Globo e Galvão Bueno:
“A concentração de
poder nas mãos de poucos também é característica da política brasileira, onde,
há décadas, os mesmos senhores se refestelam nos mais diferentes postos. Alguns
políticos aproveitam para abrigar a família inteira na profissão, clãs
familiares e círculos de amigos dominam Estados inteiros. E, naturalmente,
fazem de tudo para manter o poder. Por isso, é claro que novatos ficam
desencorajados ou têm dificuldade extrema de conquistar espaço.
Quando uma figura
independente consegue a proeza de conquistar uma posição de destaque na
política, pode acabar como Marielle Franco, assassinada há exatos três meses e
cuja morte ainda não foi esclarecida.”
Política, futebol,
imprensa/informação... tudo igual por aqui. Um Brasil que não saiu do
“Coronelismo, enxada e voto”, para não esquecer Victor Nunes Leal.
Deprimente!
Broxante
O nível de desinteresse em relação a Copa do Mundo de Futebol está visível
na terra brasilis. Muitas razões
podem ser apontadas. Entre elas: aquele 7x1 de 2014; a situação econômica; as
denúncias de corrupção no futebol (FIFA/CBF) e a tv aberta, capitaneada pela
Globo (em linha de descrédito). Para não falar como partícipe da corrupção,
como denunciado por Blatter, ainda que de forma velada, sem citá-la
nominalmente. Mas não tem como negar que aquela “televisão brasileira” de que
fala o ex da FIFA como envolvida em negócios escusos na compra de transmissões
da Copa não seja a Platinada.
Por outro lado, não deixa de ser deprimente o esforço da rede Globo em
mostrar a Seleção Brasileira como patrimônio pessoal (e o é).
Mas, como diz a turma na rua: “O povo não é bobo, abaixo...”.
Mas, como diz a turma na rua: “O povo não é bobo, abaixo...”.
O que parece
estar refletindo no nível de interesse do brasileiro diante do maior evento do futebol.
O futebol que não vemos
Jogos e jornalismo em torno do futebol. Assunto de minuto a minuto.
Ainda que não pareça estar essa Copa do Mundo sendo acolhida por nossa gente
como as anteriores. Basta ver o número de bandeiras e vendedores de artigos
para o evento.
Mas – afora um noticiário aqui e ali em torno dos escândalos que
permeiam o negócio – pouco nos é mostrado do que está por trás do negócio em
que se tornou o antes esporte do “pé na bola”.
A propósito, disponibilizamos avaliação no Brasil 247.
Afirmando o óbvio
Em meio à deprimência dos tempos atuais, uma deveria ter se destacado nestes dias: o
STF julgando se condução coercitiva de acusado ou indiciado está conforme a Constituição.
Por maioria (o que significa que o pensamento de alguns não se coaduna com o Direito,
mas com o que “acham”) a Corte considerou a condução como arbitrária, fundado
no princípio de que ninguém está obrigado a produzir prova contra si (no âmbito
material) e de que outros instrumentos dispõe o Judiciário para avaliação
(sentido processual), uma vez que a omissão em comparecer perante um tribunal (antecipadamente intimado) pode resultar na
decretação da revelia e seus efeitos.
Ou seja, o STF foi instado a dizer o óbvio para que o autoritarismo de
alguns magistrados não se tornasse regra constitucional ao arrepio da
Constituição.
Perfeita a observação de Wadih Damous, em artigo publicado no DCM: “Autoritários são os tempos em
que se torna preciso entrar com ações judiciais para que a Suprema Corte
enxergue o óbvio”.
Parir, o crime
Aproveitando a observação de Damous no corpo do artigo acima referido e para coroar este clima de deprimência, um juiz e um promotor tornaram-se recentemente centro
de atenção pelo abuso em que envolvidos: determinar a esterilização compulsória
de uma mulher.
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