Copa em dois detalhes
(In)conveniências da imigração
Pelo menos para a França, quando o assunto é futebol. Depois de uma
geração que teve Fontaine como o maior artilheiro em uma só copa (a de 1958) a
França passou a traduzir um futebol de qualidade que não pode ser atribuída aos
nativos, mas aos imigrantes (Zidanne, um deles).
A seleção francesa mais situada está, geograficamente – pela origem de
seus jogadores – para uma seleção da África continental, tantos os descendentes
de imigrantes quando não os próprios, como já ocorreu com Zidane.
Lá estão oriundos da Mauritânia, Senegal, Argélia, República
Democrática do Congo, Camarões, Angola, Marrocos, Guiné, Togo, Mali (África),
Itália, Haiti, Filipinas, Espanha, Martinica e Guadalupe.
A xenofobia será repensada na pátria do Iluminismo?
Para enfrentar o tema recomendamos (não as dezenas de clássicos do
cinema francês discutindo-o) “As loucas aventuras de Rabbi Jacob” (1973),
de Gérard Oury, protagonizado pelo impagável Louis de Funès.
O grande vencedor
Deixamos de citar nome de emissora(s) que us(ou)aram a Copa do Mundo na
Rússia como texto de propaganda ocidental no início da guerra fria. Não escapou
nem a Revolução Bolchevique como tema ‘atual’, com entrevistas de netos,
bisnetos e tataranetos dos que fugiram de lá depois do outubro/novembro de
1917.
Mas chegaram todos, ao que parece, a uma conclusão insofismável: OS
RUSSOS NÃO COMEM CRIANCINHAS.
Outros detalhes
Sanha por lucrar
O uso e manuseio do amianto vem sendo questionado desde final do século XIX, como agente
causador de doenças pulmonares, o câncer entre outras, decorrentes da asbestose.
Portanto, não é coisa recente.
No entanto, ainda que proibido o uso, era usado ‘como talco’ pela Johnson
& Johnson.
A sanha pelo lucro, com a redução dos custos leva a tal absurdo.
A empresa foi condenada a pagar pelos danos e pela omissão.
Nos Estados Unidos, naturalmente.
Efeito eleitoral
A luta por tornar Lula inelegível tudo fez. Inclusive de reconhecer em um ser comum virtudes que não possui. Não contava com as reações do próprio escolhido. Dotaram
Sérgio Moro de uma realeza tal que ele – Freud explica – sentiu-se como tal e
como já agia assim protagonizou típico embate digno de monarquias chinfrins:
usurpou a coroa.
No caso concreto arvorou-se de cavaleiro andante e partiu para
destronar o desembargador que lhe era superior, que estava no exercício da
prestação jurisdicional (enquanto ele, afastado para gozo de férias).
No afã da
bílis contra Lula buscou apoio de outros cavaleiros, encontrando-o na Polícia Federal
(que retardou o cumprimento da decisão) e no desembargador amigo, que – apesar
de estar também em gozo de férias as suspendeu – tirou da algibeira o pó de
pirlimpimpim que atenderia ao ilustre cavaleiro e manteria odioso marionete sob
seu controle.
Ópera bufa, das maiores, sem, contudo, dispor do enredo além da
fajutice dos atores.
Desmoralizaram o teatro, a peça e causaram um torpor na opinião, que
chegará a eles pelas vias mais diversas.
Moro nunca mais será o mesmo. Aqui, porque nos Estados Unidos será
aplaudido. Afinal a eles serve o cavaleiro andante.
Não contam com a real possibilidade de o texto ser alterado e perderem
a direção e controle sobre alguns atores.
“Eu tenho a força!”
Da presepada encenada só restará a expressão que titula este curto
texto.
Porque nem de longe lembra o uso da espada – como a do personagem dos
desenhos animados/quadrinhos dos anos 70, He Man – mas o da caneta.
Desespero bate à porta
No affair prende-e-solta-solta-e-prende Lula uma coisa ficou patente,
afora os absurdos cometidos no correr do imbróglio: que medo causa Lula
liberto?
Não se vê tal preocupação do Judiciário – em todos os níveis – com o
contrabando de armas, de drogas ilícitas, com o crime organizado, com as
milícias etc. etc., mais chocantes que a pretensão de um político que questiona
sua condenação e prisão e não encontra neste Judiciário o cumprimento mais
elementar de suas funções: julgar.
Para nós – que enxergamos mãos poderosas de fora do país, secundadas
por poderosas dentro do país e manejadas por marionetes de plantão (cada época
tem a sua) – tudo está sobre o fio da navalha que representa Lula livre para o
contraponto e mesmo controle e reversão da entrega do país ao estrangeiro,
fazendo-nos retornar à condição de colônia.
O açodamento com que o que denominam de governo insiste na entrega –
precipitada – de tudo que nos pertence sinaliza que o golpe precisa se consumar
plenamente, não só no âmbito político, mas – fundamentalmente – no capítulo
soberania, este – por sinal – o motivo para que aquele ocorresse.
Não faltará a advocacia da Globo
O absurdo cometido por Sérgio Moro – interferindo, ainda que em gozo de
férias e destituído temporariamente de jurisdição, para impedir decisão/ordem
judicial prolatada por um superior hierárquico – somente pode ser compreendido
sob o crivo da certeza de impunidade.
Neste quesito, aliás, já foi beneficiado em casos mais graves, inclusive,
como o de vazar telefone obtido através de interceptação ilegal entre a então Presidente
da República e terceiro (no caso, Lula).
No entanto compreendemos sua segurança: quem patrocina sua defesa é a
advocacia da Globo.
Que faz tremer juízes, desembargadores e ministros.
Silogismo simbólico
Considerando o ‘conflito’ dirimido/interpretado pelo TRF-4, se uma
decisão determinar ‘soltar’ não tem validade também aquela ‘para prender’ não o
teria.
Deontologia jurídica
Diante do vexaminoso episódio do domingo último promovido
pelo presidente do TRF-4 (de quatro diante de um juiz de piso, Sérgio Moro), impõe-se alterar
as aulas de Deontologia Jurídica no País, que passarão a ensinar que à exceção
das circunstâncias que viabilizam a venda de sentença, somente o ex-presidente
Lula leva juízes a protagonizarem um conflito de competência positivo!!!!!
Quebrando paradigmas e fundamentos éticos e legais do que chamam ciência dos deveres.
No fundo restou uma ópera bufa, que escancarou a participação do Poder
Judiciário na construção, execução e manutenção do golpe engendrado contra as
instituições do moribundo Estado Democrático de Direito que vigia no país.
Máscaras despencadas, na tentativa de ofertar ares de legalidade e de
legitimar tamanha estupidez.
Nos rincões do país dirá o caboclo: virou casa de mãe joana, puteiro de arraial ou
coisa e tal.
O povo não parece bobo
Dentre os ‘salvadores da Pátria’ membros do Poder Judiciário têm sido
aventados como solução político-eleitoral (Moro, como Joaquim Barbosa).
No entanto a coisa não parece tão
simples. A fuga de Barbosa, depois de alimentar candidatura, mostra isso. Ou
seja, não é tão simples ‘convencer’ o eleitorado apenas por ser arauto da punição.
É a conclusão a que chegamos, considerando as avaliações de Moro e
Lula em pesquisas. O gráfico fala melhor. Afinal, não nos cabe explicar a razão de uma
diferença (no quesito desaprovação) cair de 42% para 3%. Ou seja, a imagem de Lula melhorou e a de Moro piorou.
Diremos, lembrando Shakespeare da tragédia ‘Hamlet’: Há algo de podre
no reino da Dinamarca. E não são as “traições” e os “homicídios” do enredo da
peça; apenas a tragédia.
Mas, o gráfico parece dizer que o povo não vê teatro; é o próprio
personagem, que vê, enxerga e pensa.
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