Miçangas
Vivemos nesta terra
de São Saruê um estágio histórico singular: o que denominamos de estágio das
miçangas. A condução do país, a prestação jurisdicional de muitos juízos e
tribunais (inclusive ditos superiores), a realidade econômica quando se tem o
povo como destinatário tudo se tornou miçanga, coisa menor, de valor
apequenado, apenas para enfeite.
Difere tal estágio, no entanto, da miçanga
autêntica – contas de vidro coloridas ou o enfeite com elas, elaboradas
artisticamente – porque desta apenas se apropriam para benefício para uso em
dimensão depreciativa de quinquilharia e bugiganga.
E lá vamos nós,
nesta terra de miçangueiros. Como adiante veremos, em algumas particularidades
e detalhes.
Miçangueiros
Matéria publicada no
ultraconservador Estadão (aqui veiculada através do Brasil247):
“Previsto
para ser o guardião da Constituição Federal e o cume hierárquico do Poder
Judiciário, o Supremo Tribunal Federal (STF) deixou de ser uma casa onde se
pratica o Direito, para se transformar numa casa de jogos, onde o que importa é
ganhar e não interpretar e aplicar corretamente as leis. Sem o mínimo pudor,
juízes da Suprema Corte operam os mais variados estratagemas para conseguir que
as causas sob sua competência tenham o resultado que almejam.”
Sobre o “Fuzuê” –
título da matéria – não se debruça o jornal, porque se limita a cuidar de
revelar e criticar a postura. Caso aprofundasse sua análise levaria ao leitor o
fato singular (e profundamente estranho à Corte) de que “o resultado que
almejam” (este ou aquele ministro) está voltado para asseguramento de uma ação
política, quando não flagrantemente eleitoral, especialmente quando sob
avaliação o caso Lula (contrária) ou agentes políticos do PSDB (favorável).
E atente o leitor
que o Estadão deixou de analisar a decisão Moro x Dirceu, onde aquele confronta
decisão do STF e avoca para sua Vara de 1ª entrância aquilo que o Supremo não
determinou.
A que chegamos! Até
jornal como o citado Estado de São Paulo, da família Mesquita, se vê incomodado
com o banzé em que se tornou a prestação jurisdicional brasileira em muitas de
suas instâncias.
Haja fuzuê!
Cláudio Lembo e o erro de Lula
Mais uma tentativa da defesa de Lula – que busca o reconhecimento do direito – sucumbe à forma, ao adjetivo escolhido pelo julgador.
Mais uma tentativa da defesa de Lula – que busca o reconhecimento do direito – sucumbe à forma, ao adjetivo escolhido pelo julgador.
Como diz CláudioLembo: “Nunca vi nada tão imoral”. “Lula salvou o Brasil em um determinado momento e a inveja da minoria branca é imensa. Ele vai ficar preso. Não há como tirá-lo de Curitiba”, afirmou.
O risco para a turma, caro leitor, reside no fato de que, caso volte ao poder, fará o pré-sal retornar ao país para beneficiar brasileiros e não petroleiras internacionais. E para isso tudo é e será feito para que se mantenha a entrega do país.
Corroborando a
realidade, vergonhosa para Lembo, o jornalista e escritor Ribamar Fonseca toca
na ferida: o grande erro de Lula foi acreditar na seriedade da justiça
brasileira.
“Enquanto
isso o ministro Gilmar Mendes, que também negou liminar para a revisão da
prisão em segunda instância, mandou arquivar o inquérito contra o senador Aécio
Neves, sobre a acusação de receber propinas em Furnas. O argumento que ele
apresentou é o de que a Policia Federal não encontrou provas contra ele. Então,
pergunta-se: e contra Lula, encontraram alguma prova? Onde estão, que ninguém
nunca viu? Se não há provas, por que ele está preso? A resposta é simples:
porque ele não é tucano. Aécio, tucano, foi flagrado pedindo R$ 2 milhões de
propina ao empresário Wesley Batista e está solto. Rocha Loures foi flagrado
carregando uma mala com R$ 500 mil e está solto. Paulo Preto foi flagrado com
mais de R$ 100 milhões em bancos suíços e está solto. Até quando o Supremo
Tribunal Federal vai sustentar essa farsa do processo e prisão de Lula?
Provavelmente até as eleições de outubro, quando ele não poderá mais concorrer,
porque então terá sido alcançado o objetivo perseguido desde a instalação da
Lava-Jato: impedi-lo de voltar ao Palácio do Planalto.
“Conclui-se
hoje, depois de todas essas manobras no Supremo para manter Lula preso, que ele
realmente cometeu um grande erro ao acreditar na seriedade da justiça
brasileira, entregando-se à Policia Federal. Como é inocente, ele estava
convencido de que a justiça lhe faria justiça, anulando a farsa montada pelo
juiz Moro. Enganou-se. Ele deveria mesmo ter adotado o caminho sugerido por
seus amigos: asilar-se numa embaixada para voltar no momento oportuno. Ninguém
mais tem dúvidas agora que se depender das instituições, particularmente da
justiça, o ex-presidente não sairá tão cedo do cárcere mesmo sem ter cometido
crime. A ditadura da toga, com Carmen Lucia, Edson Fachin, Moro e outros, fará
todas as manobras imagináveis, por mais imorais que sejam, para impedi-lo de
deixar a prisão, pelo menos enquanto houver possibilidade dele voltar à Presidência
da República. Ao contrário, portanto, do que disse recentemente o ministro
Gilmar Mendes, o Supremo não voltou a ser Supremo e nem voltará tão cedo, pelo
menos enquanto tiver em seus quadros ministros que o apequenem. Na verdade,
Supremo mesmo só Moro.”
Como só
dói quando rio, melhor ficar com a última piada do STF, na leitura de Duke.
Futebol x bacia das almas
Futebol x bacia das almas
Enquanto o olhar do
brasileiro é encaminhado para a Rússia a Câmara dos Deputados cuida de
aprofundar a entrega da riqueza do pré-sal a preço de ocasião (a deles).
É esse tipo de
gente que buscará se reeleger. Com o voto do brasileiro por ele espoliado. Que
o reelegerá – como sina.
Para essa estirpe é
o futebol que faz parte da ‘riqueza nacional’ e não o pré-sal, tanto que entregam
os TRILHÕES DE DÓLARES que minimizariam a miséria de milhões.
Por enquanto – até
que aquela parcela canalha do Congresso venha legitimar o assalto – qualquer
privatização terá de passar pelo crivo das cortes legislativas, decidiu, em
liminar, o ministro Lewandovski, do STF.
Aguardemos a
provocação ao STF da bandalheira ensaiada pela Câmara Federal, caso o Senado a
mantenha.
O texto mais lúcido, agudo e, sem muito esforço, culto da crônica política baiana.
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