Em meio à ausência de rumo e de perspectiva por que passa essa terra brasilis há de um lado uma parcela
insignificante no plano quantitativo e de grande significação em relação ao que
pretende e uma outra, pequeno burguesa, que sonha em realizar aquilo que a
primeira pode porque dispõe dos recursos oriundos da concentração de renda que
aquela nunca chegará a dispor.
No jogo político-eleitoral – que sinaliza ocorrer ainda que dúvidas em
nós permaneçam – os interesses dos detentores da riqueza em defender os
privilégios, aliados ao capital internacional monopolista, tudo farão para
manter o que aí está: entrega em plenitude da riqueza nacional para o controle
e domínio do estrangeiro, deixando à míngua o investimento público, e legando
desemprego e miséria.
Os do andar de cima dispensam preocupação, porque vivem e utilizam o
primeiro mundo como lar. Filhos por lá estudam, não lhes falta apartamentos para fins de
semana e férias. Há mesmo os que residem longe de cá e somente vêm aqui para
conferir como anda a senzala e se a escravatura está bem regida. Não há
compromisso com o país além de explorá-lo. É fato histórico, que remonta à
Colônia.
Prestes a iniciar-se o processo eleitoral muitos partidos já promoveram
convenções e outros lhes seguirão os passos. São os rumos vários os caminhos da
promissão como mantra.
O eleitor escolherá(?) entre um extremista, que se destaca por defender
intervenção estrangeira, a defesa da tortura nos porões do sistema
prisional/policial (até que uma ditadura possa reentronizar os Ustra da vida,
de que e quem faz apologia), a lei de talião para os criminosos (como sói
ocorrer, os de sempre: negros e desamparados todos que pululam nas periferias
alimentando o maior índice de mortalidade por violência – privada e oficial/policial – e, naturalmente, a manutenção da agenda neoliberal à qual assegura o prêmio de
ratificação da condição de colônia a este país que andou ensaiando altivez
recentemente.
Outro tenta dar sabor ao chuchu arregimentando o que ora
garante o estamento oficial, já cobrado pela negociata que lhe assegure apoio
entre partidos de um denominado ‘centrão’, contra o qual (o candidato) ninguém da imprensa
lembrará de ter sido chefe de governo de corrupção e escândalos fenomenais. E para que não haja dúvida de quem manda nele ou a quem servirá (interesses) a análise de Fernando Brito, no Tijolaço.
Alguns que anunciam a defesa da nacionalidade, da riqueza pátria para
seus filhos (ainda que um deles ande na corda bamba de um discurso que busca
agradar também os que pensam como Lampedusa e pretendem deixar tudo como está
como revolucionária forma de mudança, porque para eles está ótimo e melhor não
fica).
O observador sentirá um cheiro de surrealismo. Mas não se trata de tal
fenômeno. E sim, de realismo em toda plenitude. A demonstrar o buraco em que
estamos e que os que o cavaram exigem que assim permaneça.
Tanto que – com a gloriosa participação de juízos e tribunais – o candidato
que o povo sinaliza como ideal está preso e – ainda que proclame inocência pela
falta de provas que alega existir no processo que o condenou (em outras
investigações anda inocentado) quem poderia defini-lo culpado ou inocente se
recusa a apreciar seus recursos. E o faz deliberadamente, para não concorra.
Nesse particular não há que se falar em surrealismo, mas em golpismo,
mesmo.
Que rima com todos os ismos a que levados os que o comandam: entreguismo,
banditismo, etc. etc. etc. etc.
Mais uma!
O Ministro Ricardo Lewandowski exarou decisão no sentido de que não fossem promovidas alienações do patrimônio público (a Eletrobras entre outras), sem o devido processo legitimador, o que inclui licitações, autorização do Congresso Nacional (à qual condicionou a iniciativa do procedimento), anuência do tribunal de Contas da União e quejandos.
Na realidade nada fez além de dizer o que a lei já diz (Constituição, entre elas, a maior).
O presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, decidindo em torno de liminar de magistrado que ia na linha da decisão do Ministro do STF, cassou a decisão de primeiro grau e, por consequência, a do superior hierárquico, STF.
Nessa terra de São Saruê a coisa caminha assim: Ministro do STF determina; Tribunal Regional desdetermina.
Em terra de Moro a hierarquia é coisa secundária.
Primor de conclusão
As férias de Suas Excelências, titulares do Poder Judiciário, em
especial o muito visibilizado STF, já não remetem à discussão em torno da razão
de tanto descansar para quem pouco responde à espera por resultados da
prestação jurisdicional.
Passam a exigir a indagação do porquê saem para descanso quando não
cumpriram as obrigações imediatas a que estavam sujeitos, como, por exemplo,
pautar julgamentos que esperam por decisão há meses ou anos..
Em risco
Não só a candidatura: a eleição e a própria vida. O candidato Ciro Gomes
anunciou aos quatro ventos que – caso eleito e o negócio concretizado – anulará
a negociata entre Embraer e Boeing.
Como não nasceu hoje sabe que a ‘criança’ tem poder e força de convencimento
capaz de invadir países em defesa da “liberdade”.
Deles, naturalmente!
Novo conceito
Dia desses João Roberto Marinho ‘editou’ um AI-5 assim que um repórter
publicou opinião contrária à atuação judicial no caso Lula.
Em seu arrazoado
(expressão natural a quem decide) expressou que “em
sua atuação nas redes sociais, o jornalista deve evitar tudo o que comprometa a
percepção de que o Grupo Globo é isento. Por esse motivo, nas redes sociais,
esses jornalistas devem se abster de expressar opiniões políticas, promover e
apoiar partidos e candidaturas, defender ideologias e tomar partido em questões
controversas e polêmicas que estão sendo cobertas jornalisticamente pelo Grupo
Globo”.
Não há exagero em considerarmos piada a menção de que “o Grupo Globo é
isento”. Para quem lembra da ‘isenção’ do sistema Globo no curso da ditadura
civil/militar (a qual ajudou a implantar), do debate Lula x Collor, em 1989, da
cobertura em defesa do impeachment etc. etc. etc. passamos a exigir mudança na
definição e no conceito de isenção.
Lições para entender o noticiário da Globo. Poderia muito bem ser o
título de uma matéria histórica como conteúdo obrigatório em salas de aulas (de
todos os níveis – do primeiro grau a pós-graduação) – incluindo doutores e
pós-doutores, juízes, procuradores da república, titulares do Ministério
Público, desembargadores, ministros.
Deixemos de lado parlamentares, porque
estes já estão – em maioria – a serviço de um sistema ao qual a Globo serve de
quatro.
Por tudo que conhecemos resta, em relação à ‘isenção’ da Globo, lutar
para que o termo encontra nova definição e conceito.
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