Nós
outros, que não nos enveredamos pela hipocrisia de desejar loas e futuro 'benauguroso' a um
governo que sempre insinuou não deseja-lo, porque caminhará sobre suas próprias pernas
e convicções, kafkamos (de kafkar, neologismo do
escritor e poeta Ruy Póvoas) a rir do que acontece e mais acontecerá.
Aderindo aos sinais dos tempos, nestes tempos de estio, só melhoro quando rio.
O remédio de que dispomos.
É de morrer de rir I
Comemorada pelo eleito a criação da Secretaria
de A(na)lfabetização, que pode ser chamada, por quem vai ocupá-la, de ANALFABRAS para os mais patriotas.
Atende a
uma sugestão de Stanislaw Ponte Preta que em seu FEBEAPA, diante da burrice institucionalizada
no país à época, teria comungado com sugestão do contemporâneo Nestor de Holanda (de Ignorância ao Alcance de Todos, p. 153) para que fosse criada a ANALFABRAS, sugestão que acaba de ser acolhida, seis décadas depois.
O programa
“Alfabetize em casa” é a descoberta da pólvora do futuro 'sua incelência', defensor entusiasta da "educação familiar" como ilustra o Brasil 247.
Mais do currículo do ilustrado e inusitado 'educador': crítico feroz de Paulo Freire.
Não precisa dizer nada.
É de morrer de rir II
Para a turma escola é coisa perigosíssima e aprender alguma coisa, quando muito assinar o nome, é função familiar. Razão por que cursar uma escola regular é um perigo. Deve imaginar o augusto Secretario.
Como pode ser letrado
coisinha a mais que parcela considerável dos companheiros da vigorosa ação
governamental, muito possível que conheça a crônica de Sérgio Porto em sua
alcunha de Stanislaw Ponte Preta (trechinho de início abaixo) e cuida logo de interromper tais descarações.
"O analfabeto e a professora
Foi quando abriram a escolinha para alfabetização de adultos, ali no Catumbi, que a Ioná resolveu colaborar. Essas coisas funcionam muito na base da boa vontade, porque alfabetizar adultos nunca preocupou muito o governo. No Brasil, geralmente, quando o camarada chega a um posto governamental, acha logo que todos os problemas estão resolvidos, sem perceber que - ao ocupar o posto - os problemas que ele resolveu foram os dele e não os do País. Mas isto deixa pra lá."
Rezar,
eis o que nos cabe
Não
acreditamos na reedição de práticas postas no imediato do golpe civil/militar
de 1964.
A substituição da função legislativa pela executiva já encontra amparo
constitucional através de medidas provisórias dispensando o Decreto-Lei.
A
necessidade de consolidação do alcançado para permanecer pelo tempo necessário
dispensará a criação de novos porões de ditadura, mesmo porque os meios de que
dispuseram as forças que elegeram o novo presidente permanecem à disposição, de
onde se destaca o controle privado da comunicação de massa, mais presente do
que em 1964 em poder e meios (aperfeiçoado com os fake news, que asseguraram sua eleição).
E um fato novo em relação a 1964: o STF subserviente e medrado.
E um fato novo em relação a 1964: o STF subserviente e medrado.
Tanto
que não custa pagar para ver a materialização dos arroubos de campanha e
pós-eleição em torno do perigo vermelho.
Não assumimos
a veleidade hipócrita de desejar ao futuro governo que o faça bem porque não o fará. Quem diversamente pensar imagine que se em fase de campanha – de dúvida
quanto ao convencimento do eleitor – foi dito o que foi dito o que não farão
desconhecidos áulicos no exercício efetivo do poder?
Um novo
governo assume numa espécie de ante-véspera da Quaresma. A sinalizar, de
sua parte, o que pretende. Começo de semana, de ano e da era que pretende
implantar.
De nossa
parte apenas a recomendação, bem ao modo de como nos veriam Nietzsche e
Fuerbach, sublimativo: rezar. E, entrar em penitência pelo pecado cometido, no
que vemos como permanente Quaresma.
Disse-o
em 2002
Entrevista com Eric Hobsbaum, em 2002. Qualquer
semelhança com a atualidade (brasileira, inclusive) pode ser tributada à
premonição, caso o processo histórico não sirva ao leitor como paradigma.
Os detalhes mais significativos a partir do 18º minuto.
Por fim
Eis que por hoje nos bastamos e deixamos, para reflexão, a mensagem do 'comunista" Ruy Barbosa, para quem "Uma raça, cujo espírito não defende o seu solo e o seu idioma, entrega a alma ao estrangeiro, antes de ser por ele absorvida".
Ria, inda que doa!
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