Par de
canga
No
sertão o caboclo diria que ambos dão um bom par de canga. Como são imprestáveis
para puxar carros de bois comandarão, em parceria, a nau dos insensatos.
Um,
ministro de estado brasileiro, acusando político em sua própria terra
(Portugal), declaração espatafúrdia; outro, falando mal da corte onde ministro
(STF) em país estrangeiro (EUA).
O
primeiro se explica pelas próprias “convicções”; o segundo, por outras
‘convicções’.
Mas,
quanto ao segundo, quem o levou para o STF? Quem? Quem?
Condenado
em 3ª entrância
Passou
ao largo da semana fato de gravidade impensável: a condenação, pela terceira
vez, de Lula, sem que a verdade factual fosse levada em consideração no
julgamento. Ou seja: o que fez Moro e manteve o TRF-4, legitimou-o o STJ. Que
se fez de bonzinho e reduziu a pena que havia sido absurdamente elevada em
Porto Alegre.
O porquê
de se manter a condenação não foi objeto de atenção da mídia. Mas o
reconhecimento da condenação e – alvíssaras! – a possibilidade de o
ex-presidente cumpri-la em domicílio.
Estão
desmoralizando Kafka.
E a
esquerda eufórica!
Era tudo verdade!
A ironia embutida no título é o que nos resta semana
estranha, como a que passou. Não pelo fato de o STJ limitar-se a reduzir a pena de
Lula como se este fosse o limite do recurso interposto. Mas por tanto de alegria
em muitos que se deixaram encantar pela ‘concessão’, como se fora prêmio
reduzir a pena de quem nem deveria estar apenado.
Há meses
o mundo condena a sentença de Moro porque prolatada por juiz incompetente, destituída
de qualquer elemento probatório (a não ser matéria de jornal e delação
premiada/remunerada).
Hoje –
de forma indireta – aplaudem a sentença pelo viés de que a pena foi reduzida e
Lula poderá sair para prisão domiciliar.
Ou seja,
em palavras objetivas: Lula lavou dinheiro, cometeu crime de corrupção etc.
etc. Tudo era verdade, legitima-o os que postam como vitória a mais retumbante
derrota da democracia e do direito.
Ironia que seja, mas tudo era verdade!
Batalha
perdida
As
reações à questionável decisão do STJ mantendo a decisão morina referendada
pelo TRF-4 pelos setores à esquerda bem demonstra uma derrota maior: para a
comunicação. O petismo não soube enfrentar o problema e simplesmente aderiu ao
combate nos moldes propostos, que lhe era desvantajoso.
Da mesma
forma – perdida a batalha – reage somente dentro dos limites de quem a
controla.
O outro
lado da euforia
O mais
grave é tudo isso – com apoio de setores que dizem defender Lula – estar
legitimando as futuras aberrações jurídico-processuais.
Sabendo
eles que uma redução de pena deixa eufóricos os que defendem Lula passarão a
repetir o que fez Moro e o TRF-4.
E
continuam acreditando na Justiça. Afinal, não foi o próprio Lula que disse
acreditar na Justiça e num julgamento justo?
Chicana
Não se
torna necessário ser jurista para compreender o jogo de cartas marcadas para
afastar Lula do processo eleitoral e inviabilizar os programas políticos do PT
em nível de políticas de Estado como as postas quando exercendo governo.
O
picadeiro em que se tornaram os Tribunais superiores no Brasil moveu as peças
para arrumar a casa diante das aberrações anteriormente cometidas.
Assim, o STF
pauta o julgamento que derrubará a prisão em Segunda Instância, define-a para a
Terceira, libera Lula em Setembro e NUNCA julgará os fundamentos jurídicos
insustentáveis na decisão de Moro.
Houve
tempo em que isto se chamava chicana.
Aguardem, a porteira se abriu
A farsa
vai se consolidando. E preparando a estrada para tornar Lula eternamente preso.
Dentro de poucos dias o TRF-4 confirmará – e aumentará a sentença – no caso de
Atibaia. E tudo continuará.
Simplesmente
a farsa vai se afirmando como verdade.
Ou seja:
condenação sem prova – desde que a pena venha a ser reduzida – pode!
Duvida o
leitor?
Apenas observe que de Moro ao STJ todo o julgamento antecipadamente
arrumado, votos idênticos em resultados e quantitativos, elaborados a várias
mãos e a um só tempo e pretensão.
Alguém dirá: "Tá tudo dominado!"
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