Era da
vergonha I
Até que efetivamente
fique provado, em processo judicial onde a lisura, o respeito à lei e à Ética
se façam imperativos,
“Lula já está totalmente
absolvido pelos fatos, pela História, na mesma proporção em que, ETERNAMENTE,
estão cobertos de vergonha e ignomínia, de desonra, Moro, Dallagnol, a Globo,
os procuradores da Lava Jato e, por tabela, os desembargadores cretinos do TRF4
e os covardes ministros do STF, todos cúmplices do que se sabia, mas só agora
veio à luz de maneira irrefutável – faça a Globo os esforços patéticos de
retórica que quiser….”, observa Eduardo Ramos no GGN.
E acrescentamos: nestes tempos em que o desprezo pela seriedade e respeito se fizeram a tônica ficam desmoralizados alguns magistrados, desembargadores, ministros,
procuradores que legam, como artífices mefistofélicos, para a história uma era nunca
dantes imaginada: a era da vergonha.
E não há como alegar inocência ou boa-fé com tudo que
aconteceu.
Era da
vergonha II
No
entanto, cabe registrar, o que de mais profundo há nos acontecimentos
decorrentes da divulgação pelo Intercept das espúrias relações entre o então
juiz Sérgio Moro e Procuradores da República não se limita aos atores principais.
Mas àqueles, ora secundários, que são os verdadeiros responsáveis por tantos
absurdos: do Procurador-Geral da República aos desembargadores do TRF-4,
ministros do STF e do STJ por suas ações ou omissões em tudo que ocorre neste
país, desde os instantes que antecederam ao impeachment até a intervenção no
processo eleitoral.
Sem afastar um tal de Conselho Nacional de Justiça e aquel'outro, Conselho Nacional do Ministério Público, responsáveis por arquivar pedidos de apuração dos fatos no imediato do acontecido.
No
momento Moro e Dallagnol são o boneco de Judas no sábado de aleluia.
Crucificá-los não basta.
Afinal,
a era da vergonha não começa com eles. Tão somente sentiram-se suficientemente seguros e
apoiados para fazê-lo. Seguraram o rojão e os superiores acenderam o pavio.
Era da
vergonha III
No
final, aquela que seria a ‘operação’ para livrar o país da corrupção torna-se,
nada mais nada menos que uma bem urdida “conspiração” para frustrar uma eleição
presidencial.
Uma conspiração que se valeu de tudo que pudesse corresponder aos
interesses – nada jurídicos – da camarilha encastelada no entorno de Curitiba
correspondendo ao sonho da classe dominante predatória.
Nesta
era da vergonha deixa um legado para estudiosos desta chaga chamada corrupção:
qual delas a pior, a mais nefanda, roubar o erário ou roubar a consciência do
povo; roubar o dinheiro ou roubar a fé nas instituições; exercitar o patrimonialismo
ou destruir o império da lei.
Há quem
entenda que não, mas para muitos a maior corrupção é a corrupção da lei.
E agora,
José?
Desmoralização
escancarada. Quem o defende – e defendendo a si, como a Globo e quejandos, em
conluio, fazendo o jogo de Moro e Procuradores através dos vazamentos
selecionados que lhes chegavam – tem os dias contados, até ser posto de castigo
pela história, que não tardará e se encontra em disparada à luz do dia e não “de
madrugada”, para lembrar Cervantes. O mestre espanhol alertava a
insignificância do gesto dos que ‘saiam em louca disparada’ – “Para quê? Para
nada!”.
O
escândalo pegou a turma com os cueiros na mão. Ainda que internamente – nesta terra brasilis comandada por uma classe
dominante predadora – esteja a imprensa que tudo isso representa, massageando o
peito agonizante antes que aporte o balão de oxigênio, lá fora os grandes
jornais e revistas (respeitados) botaram a boca (o Moro) no trombone.
Mas,
dirá alguém mais inocente: por que tudo isso?
Resposta elementar, caro Watson:
uma cadeira no Supremo Tribunal Federal, onde se degusta filé de lagosta e
vinho às custas do povo. Cadeira negociada, prometida e garantida pelo caminho
da nomeação para ministro. Tudo mais certo que boca de bode, tanto que o
pretendido abandonou a carreira que afagava seu ego e o fazia herói para os que
desconheciam os subterrâneos e as entranhas de seu castelo.
Para
nós, que sempre vimos o ‘salvador da pátria’ como objeto de estudo para a
Psicanálise (aquele traje preto sempre nos deixou naquela de hummmm!), diante
da fritura por que passa na mídia internacional, tudo aliado à declarações e
pedidos de afastamento da função – resistindo brava e heroicamente – nos cheira
a outra circunstância para análise: masoquismo. Há quem sinta prazer em ferir;
outros, em se deixar ferir.
Mas,
tudo Freud explica!
E agora,
José, quem paga a conta?
“Sob o
pretexto da luta contra a corrupção, trocaram o Direito pela política. Na
espécie, ignoraram as lições mais elementares que qualquer aluno de graduação
aprende em Introdução ao Direito [...] Atropelaram garantias, atropelaram a
Constituição, atropelaram a lei.” (Lênio Streck)
Mas – imperativo reconhecer – a
sanha persecutória não se limitou a encontrar culpados (alguns adredemente
distinguidos), não só destruiu valores jurídicos, também o país. O povo paga
uma conta que não fez.
A pergunta
acima se impõe. Afinal, a conspiração não somente destruiu o Estado de Direito;
também o Brasil.
No fundo, a
mensagem importa mais que o mensageiro e no rescaldo do incêndio muito custará
não só aos imediatamente atores principais (Moro e Dalagnol) mas, também, aos
secundários: STF, STJ, TRF-4, Procuradoria-Geral da República, CNJ, CNMP e,
principalmente, a imprensa que publica sem apurar.
Abraço
de afogados
O apoio
do inquilino do Alvorada ao premiado porque garantiu sua eleição tende a
suicídio político para ambos. Não sabemos até onde e quando a imprensa amestrada
conseguirá blindá-los.
Estão –
um e outro – vivendo uma ‘realidade’ surreal: aquele não pode demitir este
porque seria reconhecer sua culpa: e mais, que tal culpa o beneficiou; este, enquanto não
pede para sair – o que seria, para ele, confissão – sangra a imagem do outro. E
ambos sangrados pela verdade que os incomoda.
Para que
o leitor possa mais argumentar: em meio à turbulência o inquilino do Alvorada
disse que confiar 100% só nos pais. Leitura elementar: o outro não é pai dele,
pelo que se sabe. Em que pese ter agido como verdadeiro pai, quando o
presenteou com a morada do Alvorada.
Nessa relação
– que cabe a Freud definir – não sabemos se o filho vai trair o pai ou se o pai
vai ajudar o filho. No primeiro caso, o filho ajudaria o pai; no segundo, o
filho volta a ajudar o pai e pede para sair.
– Você primeiro – dirá um.
– Você primeiro
– dirá outro.
E tanto
o tempo para decidir que ambos se afogarão. Um saindo; outro ficando.
Valois
Do
facebook do juiz Luis Carlos Valois:
“Não houve um julgamento, houve um acordo de
condenação”.
Bob Fernandes, didático:
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