Os que matam também morrem
A Lava Jato
está morta. Não porque pretendeu combater a corrupção. Morreu pelo remédio de
que se nutriu, o método utilizado, de que se valeu. Não somente de meios
ilícitos para apurar, condenar e prender, mas – e muito mais – para fazer
política partidária. E naquele quesito – combate à corrupção – agiu de má-fé,
dela utilizando-se para alimentar um projeto político-partidário que leva o país ao descalabro em que se encontra
institucionalmente.
E não se negue
que um de seus coveiros é aquele “com Supremo, com tudo” que a legitimou e hoje
convive com o estorvo (por ela e por suas próprias decisões para responder à
voz das ruas manipulada pela grande mídia) do qual faz das tripas coração para
encontrar saída.
No entanto,
o vício nela desenvolvido tem defensores ferrenhos, inclusive no STF.
No fundo, descobrimos
que temos a cara de um Judiciário exposta: aquela que se vale de violações para
dizer que faz Justiça.
Estados
paralelos são atribuídos – na propaganda oficial – apenas ao crime (que já
alcunharam até de organizado) mas, aos poucos, vamos descobrindo que suas
raízes são muito mais profundas, porque encasteladas em alguns agentes do
Estado à frente de Auditorias fiscais, órgãos de controle e julgamento
fazendário, juízos e tribunais.
Posta a
realidade em todas as suas dimensões de atuação se nos impõe compreender que a
corrupção é a grande vitoriosa.
Tanto que
até serviu de bandeira para o cometimento de aberrações judiciais para fins
outros, como político-partidário-eleitorais como o promoveu a turma da Lava
Jato.
Que “morre
sem retrato e foguete” (Noel Rosa).
Mas – muito provável que cumprindo o
compromisso assumido com os interesses alheios aos nacionais – levando para o
túmulo os bilhões de prejuízo causados à economia brasileira (ver texto
abaixo), a leva de milhões de desempregados e, o mais irreversível, a ascensão
de ‘líderes’ que destroem a história e a imagem da diplomacia pátria e que hoje
nem mesmo são levados em conta no concerto internacional, onde mais causam asco
e nojo que lástima. Quando não motivo de anedotas.
Não fosse a
mácula sem retorno de que tudo ocorreu porque legitimado “com Supremo, com tudo”.
Entre os
mortos
As guerras
na Antiguidade tinham por condão o saque de riquezas e a escravização do povo vencido;
as modernas para impor mercados. Conflitos bélicos que resultaram (só para
falar nos mais recentes) em destituições de governos pautados estiveram em
controlar riquezas (Iraque, Líbia) e outros em andamento visam controlar
riquezas (Venezuela).
O exercício
do poder é caminho para controlar mercados, impor os seus aos outros. Nenhum
governo mantém encontros e conversas com outro pelos lindos olhos deste ou
daquele dirigente, mas para vender/impor mercadorias, tecnologias, reservar consumo
para suas indústrias e prestadores de serviços (inclusive construção civil).
Em regime de
paz a diplomacia exercita justamente este entrelaçamento de interesses:
negociar vendas e compras. Compro de você e você compra de mim. Um financia o
outro para que compre o que venda. Os bancos de fomento são o instrumento de
financiamento: em nível multilateral ou bilateral. O controle de agências de
fomento são a chave-mestra do controle de mercados. Através delas são impostas
exigências, estabelecidas condições para que este ou aquele governo possa
participar dos negócios.
Caso um país
dependa de um empréstimo fora de seus limites territoriais, à guisa de exemplo,
se submete às exigências do FMI ou do Banco Mundial, o que, no fundo, são
formas de controle do mercado interno do indigitado país (privatização, reforma
cambial, desnacionalização, abertura de
setores da economia etc.).
No curso de décadas
(mais de meio século) o Brasil conseguiu ocupar espaço significativo no exterior
com suas empresas de construção civil. A tecnologia apurada levou-as a dominar
parcela deste universo. Quando necessário, o Brasil (através de suas agências
de fomento) custeava o tomador dos serviços financiando o investimento desde
que a empresa nacional fosse a contratada e nossos serviços e bens vendidos.
No plano interno
os investimentos em obras públicas (hidrelétricas, rodovias, portos, aeroportos
etc.) ou de interesse social (moradia/casa própria) são financiadas por aquelas
agências de fomento (BNDES, CEF etc.) com recursos oriundos de fundos públicos
(FGTS, PIS/PASEP etc.) garantindo emprego, arrecadação de impostos, consumo e
retorno dos investimentos de forma direta com a remuneração dos financiamentos.
Lemos que a
CEF e o BNDES pedem a falência da Odebrecht.
A empresa, impedida
de contratar por estupidez de decisões judiciais que confundem pessoa física com
jurídica (e pune a empresa em vez de punir a pessoa física do seu dirigente)
perdeu mercados (só de obras em andamento na América Latina mais de 5 bilhões
de dólares) passou a viver dificuldades para honrar os compromissos (quem não
ganha não tem como pagar o que deve) e pediu intervenção judicial para que
fossem administradas as dívidas.
A isso
atropelaram as iniciativas da Caixa Econômica e do BNDES com o pedido de decretação
de falência, a oficialização da extinção da empresa, que empregava entre 200 a
350 mil conforme os investimentos públicos em obras, não fora estar integrada a setores estratégicos, como o petroquímico e mesmo à construção do submarino nuclear brasileiro.
Assim, o
país não se bastou em parar de financiar novas obras, tampouco de pagar por aquilo
que já fora realizado, cuidou também de matar a empresa.
Em meio a
tantos mortos há assassinos e assassinados. Muitos assassinos ocupando altos
cargos e impunes diante dos crimes cometidos, contra a lei e contra a Pátria.
“Com
Supremo, com tudo”.
Dois
instantes que se aperfeiçoam
Há em livro de Luiz Maklouf Carvalho (O Cadete e o Capitão - A vida de Jair Bolsonaro no quartel, lançado pela Editora Todavia, em agosto, como sinaliza Carta Capital) a vida do inquilino do Alvorada na caserna.
Não enveredemos pela substância
de sua personalidade revelada no texto, mas no seu “nome de guerra” em documentos da caserna: Cavalão.
Daí para sua
forma de ver as coisas na imagem exibida na rede durante a campanha tudo a ver.
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