Tudo se
discute nesta triste terra brasilis,
menos o país e sua razão de existir. A declaração de independência, consolidada
nas batalhas da Bahia, pretendia construir uma nação soberana. Ainda que sobre
pilares engendrados por uma classe dominante excludente individualista e
patrimonialista caminhava – mesmo trôpego – na busca de seu santo Graal.
Em alguns
instantes históricos isso ficou mais evidente, quando projetos nacionalistas se
efetivaram. A indústria siderúrgica, o primeiro instante para fugir à dependência
externa, abriu caminho para a metalurgia e o processo de industrialização.
Forças produtivas foram despertadas.
O domínio
das riquezas foi a tônica do projeto daquele país do futuro. Sua exploração
pelos brasileiros marcava um sonho de Pátria e alimentava a autoestima. Não
somente os heróis sucumbidos às suas utopias, à frente deles o Tiradentes, o
mártir mais consagrado, também os que construíamos esta nação.
A criação da
Petrobras e da Eletrobras, aliada ao projeto de pesquisa nuclear que originou o
CNPq, ainda nos anos 50, ofertava novas e esperançosas perspectivas para o país
no concerto internacional. Nem discorramos sobre os momentos mais recentes.
Mas hoje
nada resta nesta triste terra brasilis
além do exaurimento de suas forças produtivas e do resto de autoestima de uma
gente para quem tudo aqui era “o maior do mundo”.
O projeto de
além-mar no antanho, que passou por domínio de Portugal e da Inglaterra
e mais recentemente dos Estados Unidos no xadrez da convivência e dependência
no mapa do planeta, se consolida em detrimento de nossos interesses arduamente
defendidos no curso da história.
No entanto,
não mais o controle da hegemonia no jogo da geopolítica nos aliena, mas um
sistema alheio a tudo que não seja seu lucro.
E assim o sistema financeiro, com
sua teoria e prática neoliberal, consuma um projeto amadurecido há anos: tudo
aos bancos e nada a mais ninguém.
A vocação do
Estado no quesito atendimento aos interesses da coletividade e do bem comum,
onde o povo seria destinatário, perdeu o objeto; não mais serve ao povo mas é o próprio povo servido por ele na bandeja.
Engalfinham-se
Executivo, Legislativo e Judiciário, cada um com sua conivência e participação
no desastre, em discursos e manchetes elevando valores e não-valores na construção
da esterilidade pátria como cães ladrando enquanto a caravana neoliberal passa.
Esquecem os que discursam de que quanto mais humilhado o país maior a segurança
dos que o dominaram. E que foram eles os atores e autores desta humilhação que
hoje buscam um mea culpa como meio de fazer-nos esquecer a mácula que causaram.
E hoje nada
mais temos a não ser tentar reduzir o grau de humilhação.
Enquanto o fazemos, ocupando
searas alheias à realidade, caminhamos célere para nos tornarmos escravos em
substituição ao complexo de súdito.
Ainda que atônitos a tudo assistamos o
(não)futuro nos encaminha para o precipício.
E para a morte como nação.
Não à toa o
luto nos invade... pelas praias.
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