Não fiquemos
aqui com a conclusão anedótica da resposta do Todo Poderoso a São Pedro diante
do fato de haver dotado a terra brasilis
de tudo de belo, rico e grandioso: – Precisa ver o povo que vou por lá colocar.
Este escriba de província prefere ‘classe dominante’ em vez de ‘povo’.
Um vídeo do
governador da Bahia circula nas redes onde pede para ficarem em casa, alertando
para os riscos da região Itabuna-Ilhéus, que tem crescimento da curva
exponencial, fora em muito do que ocorre no restante do estado.
Chega a ser
patética a maneira como o governador tem reiterado o apelo. Patético porque
trata ele de repetir o óbvio ululante (para lembrar Nelson Rodrigues): a melhor
forma de prevenção e redução de danos é o isolamento social. E ao fazê-lo é
como dissesse que não está sendo escutado.
A saudosa Vó
Tormeza legou às gerações o repetir “quem não ouve conselho, ouve coitado!” ou
“Estão brincando com a cor da chita”. As ponderações do governador gerarão o
“ouve coitado!” porque a forma como parte considerável da população anda
reagindo à realidade lembra o “Estão brincando”.
Certo que o
contraponto à lucidez de quem defende o isolamento social encontra apoio do
inquilino do Alvorada e seu séquito de idólatras idiotas e/ou de quem imagina beneficiar-se
individualmente em detrimento da coletividade.
Mundo afora
ruas vazias; aqui parecendo que nada está a ocorrer. Alguma coisa além do horizonte está acontecendo.
Os números
de infectados e de mortes por milhão de habitantes decorrentes do Covid-19 no
Brasil aventam duas vertentes: 1. Ou estão errados; 2. Ou vivemos um milagre.
Lejeune Mirhan (Brasil 247) fala n"A mentira dos números da pandemia no Brasil" e, na esteira de suas observações, para
demonstrar que estamos ‘brincando com a cor da chita’ vamos a alguns detalhes:
1.
O Brasil testa apenas 296 pessoas por milhão de
habitantes; Suíça testa 75 vezes a mais que nosotros,
a Itália 56 vezes, Bélgica e EUA 29.
2.
O índice de mortalidade de apenas 5,5%. O mundo
tem pelo menos o dobro: França, 10,85%; Bélgica, 12,14%; Inglaterra, 12,59%;
Itália, 12,72%.
3.
Por aqui, quanto ao número de diagnósticos
positivos por milhão de habitantes, tínhamos 104 casos no dia 10 de abril e 160
na sexta, 17; Espanha 34 vezes mais que nós, a
Suíça 28 e a Itália e a Bélgica 24 vezes mais.
4.
No quesito
mortes por milhão de habitantes estávamos com 7 por milhão, no dia 10, e com 10
no dia 17; Espanha e Itália, apenas para ilustrar, 400 pessoas por milhão.
Quanto ao
número de mortos no Brasil pelo Covid-19 há quem admita estar entre 3.800 e
15.000, com dados analisados até 15 de abril.
A demora
para a contabilização dos casos fatais aliada à subnotificação (casos não
identificados que foram a óbito por falta de testes etc.) seria causa de
números tão baixos como os acima apostos.
Há –
evidentemente – algo de podre. E não é no reino da Dinamarca.
Em vídeo divulgado na quinta (16) o prefeito de Entre Rios-RJ, denunciou a mensagem que recebeu do Ministério da Defesa, através do Comando do Exército da 1ª Região Militar, por ele exibida e lida, da qual destacamos:
"[...] solicito dos Senhores Chefes de Postos de Recrutamento e Mobilização, com apoio das Juntas de Serviço Militar, que seja realizado um levantamento de dados estatísticos referentes à quantidade de cemitérios, disponibilidade de sepulturas e capacidade de sepultamentos diários em suas respectivas áreas de responsabilidade".
Em Manaus, mortos estão sendo empilhados em conteiners.
Aqui por
Itabuna o prefeito anuncia para a próxima quarta-feira a abertura do comércio
com as restrições que imporá.
O governador
da Bahia implora por isolamento.
Um dos dois
acredita mais que o outro que Deus é brasileiro. Ou tentando provar.
Em Brasília há quem se anuncie o tal e pretenda fazer da pátria de todos nós uma ditadura. Talvez uma democracia nos moldes da Costa Rica.
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Observação:
os dados que alimentam o texto originam-se do UOL veiculados pelo ConversaAfiada e do Brasil 247.
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