Pense num absurdo na Bahia há precedente. Atribui-se
o dito a Otávio Mangabeira há mais de 70 anos. Mas, considerando o que acontece
no país do inquilino do Alvorada é o Brasil não mais o ‘país do futuro’ de Stefan
Zweig, e sim o país do absurdo em permanente busca por precedentes.
Não afirmemos que tudo tenha origem na capacidade
de abstrair do inquilino. Até porque nos instantes em que convocado a fazê-lo
não demonstrou apetência para o mister. Mas não podemos deixar de reconhecer a
condução da realidade, ao seu alvitre – ou de quem o manipule/comande – em
momentos como os que vive.
Acossado por denúncias sempre encontra uma forma de
desviar a atenção, de jogar o real problema para o escanteio. Então os ‘precedentes’
atropelam a realidade e escancaram o que nos tornamos.
E na esteira de cada ‘precedente’ tudo vai dando
certo.
Estamos a findar a primeira quinzena de julho.
Judiciário em recesso. Iniciativas que dependem do STF aguardarão agosto para
seguimento. Nesse meio tempo assume o STJ quem pode aliviar as agruras do
inquilino no affair Queiroz, a ponto de, como suspeitavam alguns – e se confirmou
– levá-lo a uma prisão domiciliar e à revogação da ordem para a mulher foragida.
Um dos alvos do inquilino é o STF. Colocá-lo sob controle. E aí o presidente do STJ, na fila para mostrar serviço, na agonia para se antecipar nos ‘agrados’ esqueceu que negara recentemente sete pedidos de habeas corpus fundados no risco de os pacientes presos contraírem coronavírus e repensando sua argumentação anterior decide em contrário e libera Queiroz e a mulher da prisão e os remete à domiciliar.
Acha pouco o leitor? Ele que negou exibir exames em
que constariam estar infectado pelo Covid-19 (buscando proteção mesmo no
Judiciário para não exibir exames) de uma hora para outra vem a público
confessar que está infectado. E para não perder o mote exercita seu lado de
charlatão (mais um absurdo) e de garoto propaganda para indicar medicamento que
o mundo todo reconhece ineficaz para o Covid-19.
Em meio a pancada por todo lado vai navegando leve
e solto para consumar seus objetivos.
E como estamos falando em absurdo, que vai se tornando lugar comum, eis um outro, muito especial, guardado sob sete capas, com idade da República. Falar no assunto leva o indigitado ao paredão e fuzilamento com todos os adjetivos.
Tendo como premissa a melhora na utilização das receitas públicas levantam-se teorias em torno de como reduzir despesas para equilibrar as chamadas contas públicas no jargão denominado de equilíbrio fiscal: suprimir as desnecessárias, no primeiro instante, e equacionar as imprescindíveis.
E aí entra a indagação: para que servem as forças
armadas como instituição com quadros permanentes na ativa quando não vivemos
tempos de guerra? Não seria mais lógico que existissem para a proteção da
soberania e preparada para ‘quando’ viesse tal a ocorrer? Por que manter um
ativo que supera 300 mil homens para comer e dormir esperando uma guerra?
Pois é, caro leitor: eis um país que mantém um
efetivo de centenas de milhares de homens custeados pelo povo em bilhões de
reais à espera de uma guerra? Cujos aposentados custam ao erário 17 vezes mais
que os gastos com os do INSS, como denuncia o GGN.
Mais uma das castas que oneram esta terra brasilis ao lado de Judiciário,
Congresso, Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores, alto coturno do
serviço público. Não que não devessem perceber bem. Mas não podem fazê-lo em
detrimento do restante da sociedade que os sustenta, inclusive.
São os nossos bastidores, que poucos percebem e
muito menos a grande imprensa divulga.
Dirão que é coisa de comunista. Mas mentem, em sua
crítica, Marx, Engels e Lênin em torno de um Estado em que as instituições
estão a serviço de interesses de grupos?
Mas nos acostumamos com este Brasil, cozendo o galo em meio ao “absurdo” como
precedente.
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