domingo, 13 de agosto de 2023

Para os que somos dos tempos de antanho

 

Dos que somos de tempos outros, nada mal-agradecido com o que de útil nos traga os atuais, folheávamos na rede novas referências em relação a Machado de Assis e sua obra. Dele descobriram escritos inéditos levados à imprensa em tempos idos e não a livros impressos.

Não poucos desta geração desconhecem um processo utilizado a partir da popularidade decorrente da invenção de Gutemberg: muito do que veio a se tornar livro foi publicado capítulo a capítulo em jornais até que compilados em volume único com direito a capa elaborada e quejandos outros.

Mas, às vezes o pretérito pode não ser tão pretérito. Ou – mais preciso – se repete de tempos em tempos. Basta reunir os capítulos.

Mas, certo é que, inspirados em dito alhures por Machado, resolvemos reunir capítulos.

E trilhamos por caminhos específicos, tais sejam escândalos governamentais envolvendo desvios de recursos; uma prática neste mundo que tem a acumulação – não importa o meio – como o instrumento de afirmação e poder. E não falta quem a exercite para chegar ao poder ou dele participar.

Nesta atualidade espoca aqui e ali a forma de retorno dos gastos para chegar ao poder – e nele se manter – sempre sob o viés de “inconveniências” (conforme o inconveniente e o custeio que faça para pô-la em prática) adjetivadas conforme o ‘poder’ exercido sobre os meios de comunicação, que nesta contemporaneidade mais está para confundir do que para explicar para que não seja esquecido o singular ‘tempero’.

Os de antanho acompanhamos escabrosos escândalos envolvendo governantes africanos, beneficiando-se do estado para locupletamento pessoal. Citamos os africanos como referência na mídia ocidental. Mais ‘fáceis’ de agravantes pelo viés da discriminação até que muitos deles começaram a controlar as próprias riquezas e menos transferi-las para os ‘civilizados’.

Em sede tupiniquim a experiência se nos chegou, naturalmente, através da imprensa – assim que tomou fôlego – que nunca deixou de exercer o sagrado dom sem descurar da oportunidade de afirmar o que não era e negar o que fosse. E ficar por isso mesmo.

Mas um registro daqueles tempos – para os que somos dos tempos de antanho – ficou a cargo de um cofre recheado de dólares do governador Ademar de Barros – que estocava anos de ‘profícuo e laborioso’ trabalho – objeto de ação de grupo que enfrentava a ditadura militar e buscava capitalizar-se para tal luta e – quem sabe? – distribuir a riqueza entre os povos.

Para os de hoje – que amanhã serão ‘de antanho’ – a guerra dos capítulos da singular disputa midiática envolvendo presentes recebidos e vendidos – alguns recomprados – por próceres de um governo que – como ainda insiste parte da mídia – veio para acabar com a roubalheira.

Quem sabe encontremos um Machado de Assis contemporâneo para aplicar a ironia necessária ao fato concreto em torno da sobrevivência dos “mais aptos” neste estágio!

Até porque entre a sociedade escravista do Séc. XIX e as ideias do liberalismo europeu (em sua fase neoliberal) neste primeiro quartel do Séc. XXI, como postos sob o prisma contemporâneo nesta terra brasilis, mudou o regime apenas.

O que nos falta é Quincas Borba.

Afinal, “Ao vencedor, as batatas!”


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