Alguns que houvessem acessado a
postagem anterior antes de publicada teriam recomendado a este escriba de
província que o evitasse. Entenderiam como inconveniente a uma parte poderosa.
Não deixavam de ter razão:
universidade famosa perdeu apoio de financiadores judeus por ter sido palco de
protestos em favor do povo palestino!. Que dirá pobres mortais que dependem dos
outros em quase tudo!
Desde que o homem tornou-se
sedentário, fixando sua realização material não mais na busca do alimento sob o
nomadismo, resultou o que seria natural: excesso no que produziu. Encontrou
como saída a experiência da troca – época que fez surgir o mais típico escambo,
um produto por outro. Mas não tardou alguém produzir em excesso, o que tornava
sua produção, excedente para troca, menos aceita por força da competição e
passou oferecer mais e receber menos em razão da escassez do que produzia o que
precisava.
O comerciar, levando a outros
espaços carentes ou impossibilitados de produzir idênticos produtos, foi a
descoberta milagrosa. Estocar tornava-se possível e garantia oportunidade de
escoamento com menos prejuízo.
Precipitando a análise, no curso
das eras que se sucederam o aperfeiçoamento do processo desenvolveu uma parcela
que passou a controlar e beneficiar-se dos excessos da produção alheia. E mais
se tornou quando a força de trabalho passou a ser mercadoria.
Lição elementar do surgimento do
domínio da terra e de uma legislação que a protegesse na forma de ‘propriedade’
o que permitiu o controle de poucos sobre a riqueza que deveria servir a
muitos.
E desde tempos muito pretéritos
isso se firmou. E um bem de necessidade comum passou a ser disputado: água.
Porque sem água (além do consumo humano) o solo nada produz.
Desde sempre TER passou a
representar mais que SER. E contemporaneamente até mesmo se confundem na forma
de submissão a ordenamentos e princípios elaborados para corresponder a tal
jaez. Assim, ter passou a mais do que nunca a significar poder, controle sobre
quem não possui.
Não de hoje o clamor:
“... Ninguém antes de Jove as terras desmembrava:
A lei que as fere agora, e marcos lhes encrava
que dor faria então. Se tudo era de todos,
a paz era comum a toda a humanidade;
a terra, abrindo a flor dos sonhos soterrados,
punha frutos nas mãos dos homens sossegados”.
Virgílio (70 a.C.-19 a.C.), no Livro I, das Geórgicas
Em tempos hodiernos duas riquezas
se sobressaem: terra e água. A terra e seu subsolo e as riquezas nele
abrigadas. Inclusive petróleo em nível mais profundo; e água, de que depende o
homem para sobreviver...
O decantado agronegócio
brasileiro, por exemplo, é exaltado como celeiro do Brasil e do mundo. Ainda que represente
em torno de 3% do consumo mundial. Porque o que falta ao brasileiro de dieta de
soja a Europa consome para seus animais.
Os poços d’água da Palestina são
o celeiro ambicionado por Israel... os que restam. Que sejam expurgados os
palestinos que ainda os detêm... afinal simplesmente terroristas por tentar
protege-la!
Uma ocupação aqui e ali onde haja
um poço explica o porquê da redução do território palestino e das ambições
israelenses.
A guerra não passa de motivo.
Motivada pela propaganda de quem detém o controle da informação.
O que inclui esquecer Públio Virgílio Maro.
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