domingo, 1 de outubro de 2023

"Mande embrulhar"

 

Arautos contra o preconceito há muitos. Auto declinados de consciência avançada e revolucionária.

FHC comprava religiosamente o jornal “O Lampião da Esquina” em banca localizada na Avenida Paulista. Tempos difíceis, ditadura estourando bancas etc. Disse o jornaleiro que o Sociólogo adquiria o alternativo mas “mandava embrulhar”. Ou seja, negava que lia.

A lição nada recomendável permanece. Eis que é tempo de negar

No plano da compreensão da existência humana situar a espécie como paradigma em razão da exclusiva existência em nível de sapiens sapiens para nós pouco representa no plano de sua evolução social. Isso porque desde então – por volta de 30.000 anos da atualidade – saímos de Eras várias e alcançamos a presente de forma realmente incrível sob o prisma das ciências. 

Dos últimos sete mil anos (com o advento da escrita) até o instante em que vivemos a nanotecnologia, expectativa de revolução na Física e busca de conquistas interplanetárias assustam por não serem palpáveis para parcela considerável das gentes, impacta-nos tudo como certamente o homem primitivo diante da primeira chama.

Mas de nossa parte, de quem escreve e interpreta a província (e o planeta não está longe dela, já o disse Tolstói), avanços científicos avançaram a anos-luz de quando imaginávamos e parece que deixamos de aperfeiçoar e compreender o que representa a convivência, que trilha a passos de cágado.

Cada dia mais escravizados ao consumo em sua dimensão consumista alimentamos o ter e o elevamos à divindade tornando-nos pura e simplesmente peças indistinguíveis de uma realidade mais e mais cruel para com o Homem/Ser.

De modo concreto estamos regredindo no quesito evolução de valores que deveriam nortear a Humanidade no presente estágio civilizatório

E quando em torno disso cabia-nos refletir - e dispomos de todas as ferramentas alcançadas - fazemos de conta que não existe. 

Fugimos de assumir a realidade. Porque mais cômoda a fuga.

Assim, para esconder nossa pequenez vivemos como FHC, leitor de Lampião da Esquina: “Mande embrulhar”.


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