Integramos aquela parcela
que amadureceu no curso da existência e perdeu o sonho de eras priscas (ou
enlouqueceu!...). Nada a ver com aquele “O sonho acabou”. Apenas somos assim,
dos que vivemos o entendimento das coisas a partir dos anos 50 do século
passado, com dificuldade imensa de entender por que tanto progresso e avanço
científicos convivem com o inverso absoluto da pretensão do Homem à Felicidade.
Reconheçamos que há
contemporâneos que persistem em ‘entregar a Deus’ – com o valioso apoio da
autoajuda – a solução para os problemas por nós criados e indefinidamente
esperam por dias melhores e, no último instante, apelam para o inexorável ‘fim
dos tempos’, ‘como Deus quiser!’ etc. etc. E mesmo custeiam os que prometem
sanar ou reduzir o desalento elevando templos e quejandos tais mundo a fora
para garantir vaga nas ‘naves da salvação’.
Mas, imagine o caro e
paciente leitor o que significa a informação distante alcançada
através de um rádio alimentado por ‘acumuladores’ (baterias usadas em veículos) – usamos a imagem do instrumento
veicular para ‘contemporizar’ o entendimento – diante do contemporâneo (ainda!)
celular!
Dispensemos outras
experiências de tempos desconhecidos do presente, como brincar na rua, tomar
banho de chuva etc. etc. etc. etc.
Consciente estamos, no
entanto, de que vivemos instantes atropelando-se. E os avanços
técnico-científicos sucedem-se como água rio abaixo.
Dentre tantas e tanto algo
permanece como sempre, dispensado de alterações: riqueza acumulada. Em mãos de
poucos, pouquíssimos, que não sabem o que dela fazer a não ser utiliza-la como
‘toque de Midas’. Com descendência híbrida, que não se reproduz a si mesma.
Aproveitamo-nos de Luiz
Gonzaga Belluzzo (Carta Capital) citando Claudio Borio, diretor da área
monetária do Banco de Compensações Internacionais (BIS)
“[...] Ao invés de
financiar a aquisição de bens e serviços, o que eleva os gastos e o produto,
(*) a expansão do crédito está simplesmente financiando a aquisição de ativos
já existentes, sejam eles ‘reais’ (imóveis ou empresas) ou financeiros”.
Antecipara o articulista:
“O capitalismo global reassumiu a sua forma mais avançada como economia
monetária, cujos agentes detentores dos poderes de criação da riqueza social
são tangidos pelo império da acumulação de riqueza sob a forma financeira”.
Em outras palavras,
cruzamento de jumento com égua, que resulta em burro ou mula e se esgota aí
como geração.
Para evitarmos transtornos aos nossos estimados leitores tal brincadeira envolve, segundo o próprio Belluzzo, cerca de “US$ 1,6 quatrilhões em ativos” (grande parte inteiramente estéril).
Pasme o paciente e estimado leitor: 1,6 QUATRILHÕES EM DÓLARES AMERICANOS, ou próximo a míseros pouco mais de R$ 8.215 quatrilhões na cotação de 6 de janeiro/2024 na valorosa moeda tupiniquim, ou seja, cerca de mais de 80 PIBs anuais do Brasil, sob a estimativa de encerrar em R$ 10,5 trilhões neste findo 2023. Simplesmente 80 ANOS de riqueza produzida anualmente nos valores atuais!
Traduzindo no estilo da velha Tabuada que alimentou nossos primeiros anos de estudo: R$ 10.500.000.000.000.000,00.
Mas, alvíssaras – diríamos
em outros tempos e eras – uma pesquisa científica singular (achamo-la tão
significativa que não a recomendamos ao Ig Nobel) nos despertou para ‘sonhar’.
Matéria da BBC revela a
descoberta do porquê do cocô boiar e afundar. O segredo está na quantidade de
metano que resulte da metabolização intestinal em cada momento, o que leva o
indigitado toloco a querer ‘submergir’ ou ‘emergir’. E como maior responsável,
dentro do conjunto de espécies bacterianas causadoras do ‘mistério’ uma
sobressaiu: a Bacteroides ovatus.
O que nos despertou a
atenção para tão singular tema, muito mais vinculado à escatologia, com
destaque valioso para estudo do Marquês de Sade, muito bem ilustrado por
Pier Paolo Pasolini (1922-1975) em “Saló”, foi o fato de que tal descoberta
abre caminho para utilização ‘racional’ do motivo do sobe e desce do indigitado,
que exige, segundo o pesquisador Nagarajan Kanan, apenas “financiamento” para aprofundar
as razões da “flutuação fecal”.
Supimpa!
Antes que o caro e
paciente leitor comece a sentir necessidade de conferir explicamo-nos diante de
tanto interesse em não sugerir a remessa da pesquisa ao Ig Nobel ou presumir
que há mentes científicas carregadas da Bacteroides
ovatus e familiares próximas: possibilidade concreta de geração de energia
a partir daquilo que insistimos em lançar fora e, modernamente, utilizando a
descarga para tanto.
E daí um salto: como
podemos chegar à utilização energética utilizando o dito cujo por que não
viabilizarmos pesquisa para a transformação da merda em algo mais imediatamente
útil?
Com tanto dinheiro sobrando
sem utilização racional, em meio a isso cá de nossa parte ficamos a refletir:
para aliviar a fome e a miséria dos bilhões que ou nada têm, ou pouco têm ou
ainda querem ter, por que não pegar também parte daqueles US$ 1,6 quatrilhões,
do que sobra, e financiar pesquisa para transformar cocô em comida, escola,
trabalho etc.?
Reconheçamos temerária, de
certa forma, a solução aqui aventada, diante do risco concreto de o sistema (que
hoje domina o universo financeiro) exercer o poder de que dispõe junto ao
Estado contemporâneo, para editar leis para controlar o ‘fiofó’ alheio – tornado
meio de produção – para recuperar o gasto com a pesquisa.
De certa forma algo
adviria de imediato: financiamento em massa em comida para os povos famintos se
integrarem ao processo produtivo.
E, para os que dizem que
não há soluções para os seculares e aflitivos problemas desta que chamam de
Civilização: caminhos existem; não cuida/custa percorrê-los.
______________
(*) Mas distribui riqueza...
(intervenção nossa).
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