domingo, 4 de fevereiro de 2024

Os donos do mundo

 

Registramos em Caminhos Existem:1,6 quatrilhões de dólares americanos, 80 PIBs desta terra brasilis; 8 décadas – quase um século – de riqueza anual produzida no Brasil a preços de hoje concentrada nas mãos de um punhado (e bota punhado nisso!) de especuladores que controlam o sistema financeiro internacional/mundial.

Eis-nos futucando a desarrumada biblioteca e reencontramos “Os Credores do Mundo”, de Anthony Sampson (Editora Record, 1981), com o singular subtítulo ‘Os Banqueiros Internacionais Que Financiam a Dívida Externa’.

Na página 29 (Capítulo 2 – Quem cuida do Mundo), uma citação de Galbraith: “O processo através do qual os bancos criam dinheiro é tão simples que a mente não o aceita”.

“Tão simples” que se nos assemelha à facilidade com que treiteiros (definidos vernacularmente como estelionatários para fins punitivos) vivem e sobrevivem à custa de enganar o semelhante para deles auferir vantagens. Vem-nos à mente Bertold Brecht (1898-1956) na “Ópera dos três vinténs” (1928): “O que é roubar um banco comparado a fundar um banco?”, desdobrada na reprodução cotidiana em ‘o que diferencia um assaltante de banco de um fundador de banco’ e, muito contemporaneamente; ”Roubar um banco é coisa de pobre; afundá-lo é coisa de nobre” (vide) por meio da também não pouco singular e valiosa contribuição tupiniquim a fazer lacrimejar o orgulho pátrio inspirado no Conselheiro Acácio.

Muito a propósito, recomenda-se a leitura de um clássico da Literatura Portuguesa ,“A Arte de Furtar”, hoje reconhecida como do jesuíta Padre Manoel da Costa (1601-1667).

Mas, lá vamos nós, observando o jogo de interesses sob controle dos ‘donos do mundo’, exploradores como ninguém deste o antanho e – naturalmente muitos cairão de pau neste escriba de província – causadores por excelência da miséria e da fome no planeta.

A ‘criminalidade mafiocrata’ – que somente admite de bilionário para cima, em torno da qual gargareja aquela parcela apenas milionária e defendida (não se espante o leitor) com unhas e dentes por quem não tem o que expelir diariamente como excremento, e que, espumante e raivosa, desanca quem critique a ‘livre iniciativa’ e o ‘capitalismo neoliberal predador’ que a miserabiliza.

‘Donos do mundo’ porque assumem o controle de Estados nacionais impondo-lhes regras elaboradas pelos organismos por eles criados para tudo justificar e levado aos quatro cantos como verdade absoluta e tachando de inimigos os que porventura levantem senões.

Pepe Escobar, em uma de suas mensagens no Pepe Café, ilustrando em torno dos destinatários da defesa das minorias alardeada pelos poderosos ilustra muito bem quem são ditas minorias as efetivamente protegidas: os bilionários.

Muito a propósito nos idos de 2008/2009 a quebra do sistema financeiro, colapsado por meio do chamado ‘subprime’ (aperfeiçoamento do dito por Galbraith), que fizera invadir o mercado imobiliário com “papeis’ sem lastro, multiplicados ao infinito, até que pelo meio do caminho alguém tentou resgatar e se viu com a porta ‘arrombada’: de imediato o tesouro estadunidense o amparou com a bagatela entre 4 a 5 trilhões de dólares.

Memória curta a nossa. Talvez por conveniência levados ao esquecimento.

Conclusão deste escriba de província diante de ‘análises’ do mercado: os “donos do mundo” não estão nada satisfeitos com os caminhos pretendidos pelo governo para a economia brasileira. Afinal, heresia pura pretender gerar emprego, distribuir renda, fortalecer a indústria nacional, investir em estradas, portos, ferrovias, refinarias etc. etc. e a maior das heresias: cobrar imposto de quem ganha mais (os muito ricos, naturalmente; não a pequeno-burguesia que os defende).

O centro das preocupações e orientações de sempre: controle da dívida, da inflação, o equilíbrio fiscal etc. etc.

(A propósito da inflação personagem nosso em algum destes mal escritos oriundos desta mente provinciana diz com todas as letras: se inflação fosse ruim para os ricos com certeza não existiria).

Mas, retomando o roteiro: tomar emprestado em suas mãos ‘banqueiras’ e entregar aos seus apaniguados o que resta do patrimônio pátrio certamente é bem melhor. Dizem-no seus porta-vozes.

Tanto que a ‘prudência do Banco Central’ mais e mais aplaudida por tal estamento, ainda que juros escorchantes permaneçam.

Mas, os “donos do mundo” não vivem de tais juros?


Nenhum comentário:

Postar um comentário