“Seu”
Netinho
Hoje
sexta-feira, amanhã sábado. Dias de comprar farinha de mandioca, simplesmente farinha. A referência itabunense em
farinha não mais atenderá. “Seu” Netinho morreu. Hoje sepultado com as honras
do reconhecimento popular. Afinal, ‘Farinha de Buerarema” tinha um sinônimo: “Seu
Netinho”.
Das
priscas eras incrustadas no primeiro quartel dos anos 60 o jovem se enfeitou para
o comércio. Lá no Bairro de Fátima. E fez história. Desde então marcou
referência/marca: dos rincões de Buerarema a “farinha de Buerarema” era a
farinha do rapazola ousado que se tornou “Seu Netinho”, que dela se tornara
sinônimo.
Naqueles
anos 60 na velha Macuco Paulo Portela ensaiava a vida política – quando Antônio Lopes ainda espreitava o texto e não imaginava conviver com Sérgio 'Stanislaw Ponte Preta' Porto – Vivi trabalhava
o ‘pano verde’ enquanto não infernizava o lateral-esquerdo adversário, Alício ‘Peixe
Louro’ traçava o meio-de-campo do Brasil para alimentar João Calça-Frouxa no
ataque do ‘invencível’ até que jogasse com o 22 de Agosto de Waldélio Campos,
em Itororó.
Buerarema era o Brasil. E a farinha de Buerarema com “Seu Netinho” ensaiava a marca que o faria famoso sem o saber, no
Bairro de Fátima, em Itabuna.
Mas
“seu Netinho” foi – antes de tudo – a certeza de que a credibilidade, a
honestidade e o respeito pelo semelhante existiam(ram). O que o marcou não foi
a qualidade insuperável da farinha que vendeu, mas a forma que impregnou ao negócio que fizera frutificar.
Neste
anos de altos e baixos da economia regional, da insegurança precial, em “Seu
Netinho” tinha-se a certeza do preço justo, relacionado entre o custo-produção.
Apenas
à guisa de exemplo: a farinha de “Seu Netinho” chegara a R$ 8,00 por quilo,
depois de saltar dos R$ 3,00.
Quando
se imaginava que aquele seria o preço dali para diante eis que retornou a R$
4,00. Aritmética de custo de “Seu
Netinho”.
Estamos
aqui a lembrar de “Seu Netinho”.
Antes de tudo, uma referência do Bairro de
Fátima. Que não foi lembrado em vida por aqueles que tinham obrigação de
fazê-lo.
Na
falta do(s) depoimento(s) de “Seu Netinho” vai-se de roldão uma parte da
história da Itabuna que amou e respeitou.
Sem o depoimento.
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