DE RODAPÉS E DE ACHADOS
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Não
há justificativa
Registramos
na edição passada desta coluna o apelo do presidente Barack Obama para reverter
o desenfreado uso de armas de fogo nos Estados Unidos. Em dimensão outra – o controle
do poder armado de que dispõe – o seu país atacou um hospital administrado pela ONG Médicos Sem Fronteiras, entidade que se dedica ao servir ao semelhante nos
confins deste planeta. 22 mortos e dezenas de feridos, inclusive crianças (três
delas incendiadas em seus leitos em decorrência do ataque criminoso).
A
instituição médico-humanitária afirma que a localização do hospital em Kunduz,
no norte do Afeganistão, era do conhecimento das forças estadunidenses, que
dela sabia inclusive com dados de GPS. O ataque – que durou uma hora – destruiu
o hospital.
‘Erro’
do caça – afirmaram as autoridades dos EUA. Como se tal fosse coisa nenhuma.
Há
menos de um mês o presidente estadunidense ouviu do papa Francisco: “A mensagem
mais importante do senhor é a misericórdia...”.
Resta a Obama assistir ao incêndio causado por suas armas, que cora o mundo na foto da própria MSF, divulgada através da AFP.
Letalidade
Pouco
tem se falado naquilo que poderia ser definido como “a banalidade do mal” –
como a ele se referiu Hannah Arendt diante do revelado no curso do
julgamento do carrasco nazista Adolf Eichmann – em razão dos altos índices de
letalidade decorrente de ações policiais, especialmente os dados recentemente
revelados sobre o que ocorre no estado de São Paulo.
Os
números são alarmantes. A propósito, disponibilizamos Maurício Dias e sua Rosa dos Ventos em Licença para matar ou aqui
No
entanto, não dispomos de dados que podem ser o contraponto contributivo para o avanço dos índices: a carga horária oferecida pela radiodifusão brasileira
(televisão e rádio) em programações muito mais voltadas para a apologia a tais
confrontos, tratados sob a ótica maniqueísta do Bem contra o Mal. Ainda que a
serviço do “Bem” muito de “mal’ esteja sendo praticado.
Impõe-se
ressaltar que – em tempos de comunicação real – a letalidade não existiria na
dimensão em que existe caso não houvesse respaldo da mídia. E mais dizemos: não
só apoio velado, mas incentivo e aplauso.
Não
custa denominar tal comportamento com a expressão cunhada por Arendt em “Eichmann
em Jerusalém”: “Banalidade do mal”.
Má-fé
Depois
dizem que a imprensa não faz política partidária. Não fora isso, a quem
interessa noticiar que a queda do dólar na quinta-feira se deveu à votação no
TCU. Isso o que vimos no Band News à noite.
Em
nível local – certamente não em razão de correspondente(s) direto(s), tanto que
se fundava nas agências Lusa e Brasil – o blog Pimenta na Muqueca expunha: “A cotação do dólar caiu em todo o planeta após a divulgação
da ata da reunião do Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano).”
Mas
o abutrismo da grande mídia não perdeu a oportunidade.
Esse
Requião!
Mais
uma vez o senador Roberto Requião reflete uma lucidez que deveria nortear a
classe política que efetivamente representasse o povo brasileiro.
Representar –
aqui – no sentido de defender os interesses deste mesmo povo.
Outra
denúncia grave
E
ninguém apura. Trata do que se apresenta como mutreta da grossa – a envolver
Aécio Neves – em negócio que envolve a Cemig (estatal mineira) e a Andrade
Gutierrez (financiadora/torcedora da campanha de Aécio). Mais detalhes aqui
O
azar
Ricardo
Teixeira, José Maria Marin e quejandos do futebol deram um azar danado quando o
FBI deu de investigar posturas da FIFA. Tem gente presa e outra evitando
viajar, acometida – subitamente – de aerofobia internacional.
O
azar de Cunha tramita pelo mesmo paradigma: apuração lá fora. No caso
específico, na Suíça.
Haja
paciência!
Eles
Julgam. Não têm quem os julgue ou ao que fazem. Assim, somos abrigados a conviver com
absurdos como um aumento de 3.000% em gastos com diárias dos senhores ministros
do TSE aqui
Casso
houvesse efetiva transparência caberia ao TSE – pelo menos – explicar as razões de
tanto gasto em diárias.
Diárias
– inclusive – para acompanhar eleições no Quirquistão.
Haja
paciência!
Mais
elogios
Lá
fora, naturalmente. O G1 destaca matéria do New York Times onde o prefeito paulistano é reconhecido como o que trouxe "tratamento de choque urbano" em São Paulo. Outro estadunidense – o Wall Street Journal – já o havia chamado de "visionário urbano".
Por aqui o enfrentamento político-partidário de parcela
considerável da grande imprensa insiste em negar o óbvio: a competência de
Fernando Haddad.
Haddad fez “debate feroz sobre mobilidade”, segundo o NYT (Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo) |
Coisa
pequena I
Imagine!
Disseram que Eduardo Cunha recebera 5 milhões de dólares de propina e na suíça
somente apareceram 2,4 bi.
Que
injustiça com o homem!
Coisa pequena II
Coisa pequena II
Tudo
isso depois de o pobre homem haver encerrado a movimentação de duas das quatro
contas que mantinha na terra da pontualidade. Quem o diz é O Globo aqui
Por coincidência, assim que a Lava Jato teve início.
Por coincidência, assim que a Lava Jato teve início.
O
tucanato – leia-se, muito mais Aécio – depende de Eduardo Cunha para alimentar
a fornalha do impeachment. Um líder seu até aventou – em favor de Cunha – o
benefício “da dúvida”. (Coisa que essa turma sempre nega ao PT e aos petistas).
Atrelados
a Cunha os tucanos correm o risco de ver o PSDB como conivente.
A
confirmação da existência de contas na Suíça – que Eduardo Cunha nega de pés
juntos – complica a vida do presidente da Câmara. E a de quem estiver ao seu
lado.
Que dirão!
Estamos aqui a cogitar daquela valorosa parte da burguesia brasileira que foi às ruas com os dizeres “Somos todos Cunha” ou “Somos milhões de Cunhas”.
De tostões a milhões
Considerando os valores que levaram Severino Cavalcanti à cassação, e comparando-os à movimentação financeira de Eduardo Cunha e familiares, estamos vivenciando uma luta entre tostões e milhões.
Como fazer amigos
Os
amigos de Cunha não podem dele se esconder. Estão em múltiplas fotos
hipotecando apoio. Como esta, abaixo.
Muitos outros (e não são poucos) – por outro lado – podem fazer parte de sua lista como beneficiários de seus 'apoios', como pode ser deduzido do artigo Vozes da moralidade de Jânio de Freitas na Folha ou aqui.
Por este viés é de fácil conclusão que Eduardo Cunha, em sua prodigalidade (que remonta aos tempos de PC Farias), sabe como fazer amigos.
Próximos
passos
Como
há quem defenda Eduardo Cunha como último bastião da (i)moralidade na Câmara
Federal aguarda-se – caso a maioria não o ponha porta a fora – a célere
caminhada para a desmoralização do Poder Legislativo.
Nem
Barbosa!
Nem
o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa anda aguentando. Diferentemente do ministro Gilmar Mendes – que toma café da manhã com Eduardo Cunha articulando a derrubada da presidente eleita – 'Barbosão salvador da pátria' desceu o malho em seu twitter:
Vistorias
Lemos em uma espécie de release no Pimenta na Muqueca e no A Região que o governador Rui Costa suspendera – até que avaliado o tema pelo setor jurídico – a obrigatoriedade da vistoria veicular por terceirizados.
Para nós, uma suspeita atividade uma vez que o próprio Estado – através de seus órgãos de trânsito – já a exercitava.
A transferência de tal atuação para a iniciativa privada – mormente pelo preço cobrado (em muito superior à tarifa cobrada pelos órgãos estatais) – sempre nos deixou com a pulga atrás da orelha.
Aplaudimos a iniciativa do Governador.
Em conversa com um particular disse-nos ele que tudo não passa de jogo de cena. E que tal vistoriamento voltará, não tardará.
Considerando o que pensamos em torno do assunto, caso volte atrás Sua Excelência, ficaremos com um monte pulgas atrás das orelhas.
Nova modalidade I
A concessionária da denominada zona azul distribuiu panfleto neste sábado noticiando uma "nova modalidade de cobrança do estacionamento rotativo de Itabuna/BA". Não bastasse o seu símbolo (da concessionária) fez inserir no comunicado o brasão municipal, o que dá tônica oficial ao anúncio.
A operação do sistema passa por "uma adequação" em relação aos "usuários que estiverem em condição irregular com a Zona Azul (por falta de pagamento, ultrapassar o prazo máximo permitido, estacionar em vaga errada para seu veículo, sem credenciais em vaga preferencial, etc.)", motivo por que "receberão um aviso de irregularidade para cada hora que permanecerem nesta condição", impondo a "regularização... no prazo de 48 horas a partir do momento em que foi emitida".
Mais chamou-nos a atenção o seguinte: "O processo de regularização será o pagamento de uma hora do veículo estacionado (R$ 1,50 para automóveis e camionetes e R$ 1,00 para motocicletas) e fazer a aquisição de 10 créditos de estacionamento, que serão depositados em benefício do Usuário em Conta Corrente Online do site minhavaga.com.br".
Continua o aviso com as naturais ameaças, inclusive de transformação da obrigação em "Infração de Trânsito, conforme Lei Pertinente".
Nova modalidade II
Causa espécie – para não dizer estranheza – que haja alguma lei a obrigar uma operação de crédito em favor da concessionária, uma vez que (considerando a conjunção utilizada "E") não basta o cumprimento, pelo inadimplente, da obrigação de pagar pelo serviço, mas, também, de "fazer a aquisição de 10 créditos de estacionamento".
Esta circunstância constitui típico empréstimo compulsório (obrigatório) para lastrear o caixa da concessionária sem que esta esteja – temos certeza que não – amparada por qualquer autorização originada dos órgãos do Sistema Financeiro Nacional.
Não bastasse a irregularidade o 'empréstimo compulsório' adquire natureza de sanção (sem previsão legal) de natureza confiscatória para quem se veja obrigado a 'adquirir' e não venha a consumir, caso específico de alguém que resida em outra cidade e que tenha apenas utilizado o serviço local apenas uma vez.
Nova modalidade III
Mais arrepia o fato de que – não faz muito tempo – foram levantadas suspeitas sobre a legitimidade da cobrança da Zona Azul em Itabuna.
E mais: ainda que não tenha procedência a dúvida levantada o fato leva à presunção de que coincide com período anterior ao processo eleitoral, depois de proibido o financiamento empresarial de campanhas político-eleitorais.
Por outra mera coincidência há candidaturas diretamente vinculadas ao sistema. Sejam elas no plano majoritário como no proporcional.
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