Manchete I
Naturalmente
os 55% dos que dizem não votar em Lula de jeito nenhum alimentam o noticiário.
Muito mais do que ser ele também o detentor do maior percentual de quem votaria
nele definitivamente: 23% (já foi 33%).
O
que fica subliminado no resultado da pesquisa Ibope é o fato de que todos os
demais candidatos avaliados superam os 50% para o não votaria de jeito nenhum,
incluindo Marina Silva, agraciada com 50% (superando os 31% anterior, o que não
deixa de surpreender), escapando do patamar somente Aécio, que fica na casa de
47%. Na esteira da alta rejeição, Serra (com 54%), Alckmin e Ciro (52%).
De
imediato, uma conclusão: nenhum avaliado foi beneficiado pela rejeição dos
demais. O que sinaliza uma generalizada rejeição aos políticos tradicionais.
Mais
a considerar: o percentual de eleitores que afirmam que votariam com certeza em
Lula ainda é maior, disparado, do que o dos demais (todos) rivais: se ele cai
para 23% (ante 33% em maio de 2014) as coisas não melhoram para Aécio (com 15%),
seguido por Marina (com 11%), Serra (com 8%), Alckmin (com 7%) e Ciro (com 4%).
Não deixa de ser significativo o fato de
que – à exceção de Ciro – os avaliados foram candidatos em eleições recentes (Serra
há dois anos). Ou seja, estiveram nos holofotes bem recentemente. Sob esse viés, Ciro aparece mais positivamente do que os números
o traduzem, já que sua última eleição nacional o foi em 2002, como candidato a presidente da república.
Por fim – tomando a abertura deste texto –
55% dizem não votar em Lula de jeito nenhum. Em si – caso a eleição fosse hoje – uma rejeição que inviabiliza qualquer eleição.
Por que teme a oposição a sua
candidatura?
Outra perguntinha: por que ninguém cita
FHC?
Manchete
II
A
Operação Zelotes – que envolve um escândalo que supera 19 bilhões de reais –
ainda que tenha entre os apurados a Globo RBS, a Gerdau, o Bradesco, o Banco
Safra, o Santander, políticos e quejandos vários de porte social e financeiro –
encontrou o prato feito: uma empresa de um filho de Lula. Por coincidência, a operação foi deflagrada no imediato do 70º aniversario do ex-presidente.
Não que tenha o rebento e sua empresa qualquer relação com a Zelotes, mas porque alguma ilação investigativa encontrou elementos para suspeitar de patrocínios ou mesmo – ainda que risível – de influência como lobista na aprovação de Medidas Provisórias.
Não que tenha o rebento e sua empresa qualquer relação com a Zelotes, mas porque alguma ilação investigativa encontrou elementos para suspeitar de patrocínios ou mesmo – ainda que risível – de influência como lobista na aprovação de Medidas Provisórias.
A
operação policial, apoiada em determinação judicial, passa então a repercutir
no campo político. Quiçá na sucessão de 2018 quando se tem o próprio Lula como
candidato ou artífice maior da construção de uma candidatura que assegure a
continuidade das políticas de Estado postas em prática a partir de suas
gestões.
Afastado
o fato político – que enche manchetes – ficamos com um raciocinar imediato:
para os que somos contra a corrupção e gostaríamos que todos eles (corruptos)
estivessem na cadeia (lamentamos a seletividade nas apurações que somente
enxergam bandidos num lado e mocinhos inatacáveis no outro, ainda que bandidos
de escopo) não há exemplo tão salutar (que se estendessem aos beneficiados da
Lista de Furnas, aos que traficam cocaína em helicóptero, aos da Castelo de
Areia, do Banestado etc. etc.) que alcançar um nome como o de um filho de um
ex-presidente da república (ainda que escolhido).
Como
caso de polícia cabe a ele se defender. Sairá engrandecido quando inocentado
(se o for).
Como
caso de política, melhor ainda para o pai.
Em
princípio – até ações em contrário – Lula vai ficando a cavalheiro na Lava
Jato. Tanto que a Zelotes entra em cena para atingi-lo através de um filho.
De
tanta apuração citando Lula tende a sair pela culatra o tiro e passar um
atestado de idoneidade nunca antes imaginado: nunca antes nenhum ex-presidente
(nem mesmo Juscelino, perseguido pelos militares) foi tão investigado e – até agora
– nada encontrado que o desabone.
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