quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Falando de manchetes

Manchete I
Naturalmente os 55% dos que dizem não votar em Lula de jeito nenhum alimentam o noticiário. Muito mais do que ser ele também o detentor do maior percentual de quem votaria nele definitivamente: 23% (já foi 33%).

O que fica subliminado no resultado da pesquisa Ibope é o fato de que todos os demais candidatos avaliados superam os 50% para o não votaria de jeito nenhum, incluindo Marina Silva, agraciada com 50% (superando os 31% anterior, o que não deixa de surpreender), escapando do patamar somente Aécio, que fica na casa de 47%. Na esteira da alta rejeição, Serra (com 54%), Alckmin e Ciro (52%).

De imediato, uma conclusão: nenhum avaliado foi beneficiado pela rejeição dos demais. O que sinaliza uma generalizada rejeição aos políticos tradicionais.

Mais a considerar: o percentual de eleitores que afirmam que votariam com certeza em Lula ainda é maior, disparado, do que o dos demais (todos) rivais: se ele cai para 23% (ante 33% em maio de 2014) as coisas não melhoram para Aécio (com 15%), seguido por Marina (com 11%), Serra (com 8%), Alckmin (com 7%) e Ciro (com 4%). 

Não deixa de ser significativo o fato de que – à exceção de Ciro – os avaliados foram candidatos em eleições recentes (Serra há dois anos). Ou seja, estiveram nos holofotes bem recentemente. Sob esse viés, Ciro aparece mais positivamente do que os números o traduzem, já que sua última eleição nacional o foi em 2002, como candidato a presidente da república.

Por fim – tomando a abertura deste texto – 55% dizem não votar em Lula de jeito nenhum. Em si  caso a eleição fosse hoje  uma rejeição que inviabiliza qualquer eleição. 

Por que teme a oposição a sua candidatura?

Outra perguntinha: por que ninguém cita FHC?



Manchete II
A Operação Zelotes – que envolve um escândalo que supera 19 bilhões de reais – ainda que tenha entre os apurados a Globo RBS, a Gerdau, o Bradesco, o Banco Safra, o Santander, políticos e quejandos vários de porte social e financeiro – encontrou o prato feito: uma empresa de um filho de Lula. Por coincidência, a operação foi deflagrada no imediato do 70º aniversario do ex-presidente.

Não que tenha o rebento e sua empresa qualquer relação com a Zelotes, mas porque alguma ilação investigativa encontrou elementos para suspeitar de patrocínios ou mesmo  ainda que risível  de influência como lobista na aprovação de Medidas Provisórias.

A operação policial, apoiada em determinação judicial, passa então a repercutir no campo político. Quiçá na sucessão de 2018 quando se tem o próprio Lula como candidato ou artífice maior da construção de uma candidatura que assegure a continuidade das políticas de Estado postas em prática a partir de suas gestões.

Afastado o fato político – que enche manchetes – ficamos com um raciocinar imediato: para os que somos contra a corrupção e gostaríamos que todos eles (corruptos) estivessem na cadeia (lamentamos a seletividade nas apurações que somente enxergam bandidos num lado e mocinhos inatacáveis no outro, ainda que bandidos de escopo) não há exemplo tão salutar (que se estendessem aos beneficiados da Lista de Furnas, aos que traficam cocaína em helicóptero, aos da Castelo de Areia, do Banestado etc. etc.) que alcançar um nome como o de um filho de um ex-presidente da república (ainda que escolhido).

Como caso de polícia cabe a ele se defender. Sairá engrandecido quando inocentado (se o for).

Como caso de política, melhor ainda para o pai.

Em princípio – até ações em contrário – Lula vai ficando a cavalheiro na Lava Jato. Tanto que a Zelotes entra em cena para atingi-lo através de um filho.

De tanta apuração citando Lula tende a sair pela culatra o tiro e passar um atestado de idoneidade nunca antes imaginado: nunca antes nenhum ex-presidente (nem mesmo Juscelino, perseguido pelos militares) foi tão investigado e – até agora – nada encontrado que o desabone. 


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