Particularmente
não cremos que o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff encontre
outro destino: o de finar-se em suas contradições e oportunismos.
Filiamo-nos aos
que acreditam que sem instituições fortalecidas não há Estado de Direito. E a
ruptura com os instrumentos que o afirmam – capitaneados pela Constituição da República – nos levaria ao domínio de caráter meramente tribal, onde a vontade de um – pela força – impõe o
reconhecer-se pelos demais, ainda que não traduza o interesse geral.
No
entanto, com o nível e a qualidade que norteiam a composição do Congresso atual
duvidar não custa que o absurdo jurídico encontre amparo político. Basta que se perceba o esforço de Eduardo Cunha em aprofundar violações ao Regimento Interno para dimensionarmos o quanto de desespero alimenta o seu tresloucado gesto, que não se basta em superar limites, desde que atendam aos seus interesses inconfessáveis e impublicáveis.
Em
razão deste último aspecto não está no tabuleiro a razão, tampouco a emoção,
mas o individualismo oportunista que alimenta egos e egoísmos. Basta que se
perceba a quantas andam certos humores, a ponto de levar à banalidade um
instrumento jurídico excepcional, capaz – pelo açodado uso – de levar ao caos a Nação pelas próximas décadas.
O
contorcionismo da presidente Dilma Rousseff – no
viés da liturgia do cargo – levou-a a, publicamente, dizer que confia na
lealdade de seu vice-presidente.
Sinal preocupante: dizer o que seria óbvio
sinalizava que o óbvio deixava de sê-lo. O espírito remoto contido na
afirmação presidencial mais traduz a real dimensão entre o declarado e
o alvo da declaração.
Certamente
a presidente está mais a cavalheiro, afastada ou liberta do permanente processo
de chantagem a que submetida até o desencadeamento do impeachment. E – mais que isso – vendo a nação conhecer os 'podres poderes' que a cercam: desde parcela da representação política congressual aos pares que as circunstâncias a tornaram deles aliada.
No
entanto, imaginar que há céu de brigadeiro traduziria tão só mais uma postura
de inocência fora de época. Basta olhar o gabinete ao lado. E ver que quem o
comanda tem experiência muito maior que ela em bastidores. Especialmente quando
exercendo atividade que lhe assegura um 'poder marginal', em todos os sentidos.
Jânio
de Freitas, em artigo na Folha (Um poder marginal) – analisando a atuação da Câmara e fazendo respingos no Ministério Público – foi preciso em relação ao
quesito credibilidade parlamentar: “A deslealdade é a norma da Câmara atual. Logo, os números de quem está com quem são
inverossímeis”.
A
elucubração bem se encaixa na solidariedade de Michel Temer.
Mesmo
que não se dispusesse a escrever cartas (álibi) para serem vazadas o
vice-presidente poderia estar picado pela mosca azul e não perceber que apenas substitui o malfadado e imoral Eduardo Cunha
como cabeça do golpe. Que lança no limbo a biografia e que nada conseguirá,
além de assumir a liderança do lado podre da política nacional.
Ou como 'rainha da Inglaterra' para atender ao entreguismo e destruição das conquistas do povo (aquilo a que se recusou fazer Bernardes).
Estreitos os caminhos, só nos resta lutar pela Democracia. Tão duramente conquistada. E ainda não aperfeiçoada.
Dela não podemos desistir. Para que não sejamos "simples boçais".
(Aproveitamos o vídeo, com suas muitas virtudes e um ou outro defeito na montagem, o que significa não concordar com suas imagens em termos absolutos).
(Aproveitamos o vídeo, com suas muitas virtudes e um ou outro defeito na montagem, o que significa não concordar com suas imagens em termos absolutos).
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