Para uma conciliação
Não
fora o compromisso com setores internacionais, não bastassem os nacionais –
onde o jogo bruto da geopolítica empresarial defendida pelo governo dos Estados
Unidos para suas empresas busca ocupar os espaços planejados pelo Brasil e
desconstruir aqueles por este desenvolvidos, inclusive o BRICS – a Operação Lava Jato
avançou desmedidamente, sem imaginar as consequências. Não pelo enfrentamento à
corrupção, mas pelo propósito de inviabilizar empresas e não empresários.
Agiram seus atores como amadores, se queremos entendê-los como não-agentes.
Como
temos afirmado, os atores da Lava Jato – dispensando a análise de autoafirmação
com a exposição que buscam na mídia – não passam de concurseiros (em sua quase
totalidade) onde avaliados em conteúdos que estão pautados em exacerbado
positivismo kelseniano, ou seja, a lei como fonte absoluta do direito. No
particular, o direito por eles construído e interpretado. Pautado este nos intercâmbios e cursos ofertados aos tupiniquins.
Desconhecem
as mais elementares lições de Economia Política, Sociologia, História,
Geografia e, principalmente, Geopolítica. Nesse item o grande imbróglio.
Desconhecendo
– e incentivados por interesses externos – a realidade do mundo capitalista,
onde o capital se sustenta e sobrevive pela acumulação/concentração e a riqueza
deixou de ser um valor sustentado apenas na escassez
posta nos conceitos dos alfarrábios de Economia para tornar-se concentração
estéril, pelo viés financeiro, enveredaram pelo messianismo da ‘salvação da
pátria’ atacando a corrupção, o mantra eterno – desde cíceras catilinárias, último suspiro da República romana.
Sob
esse particular aspecto, desconhecem o caráter atávico da corrupção, a sua
dimensão psicossocial, suas nuances impregnadas até no cidadão comum e visaram no
governo recente e no partido que o sustenta a geração de males seculares que
assolam a Humanidade e o Brasil em seus cinco séculos de existência. Por tal
razão a imperiosa necessidade de ‘selecionar’ os culpados.
Em moto perpétuo, o poder econômico sequestra(ou) a
democracia em todos tempos, onde a corrupção nada mais é que uma peça de
segurança da estrutura e do sistema que organiza o sistema político-eleitoral,
com repercussão em todas as áreas de poder.
Inclusive pelo viés de
asseguramento de privilégios a típicas castas incrustadas no aparelho de
Estado, como ocorre em relação a membros do Poder Judiciário, do Legislativo, do
Ministério Público e servidores neles encastelados. (Para quem se opuser ao dito que veja a remuneração básica de tais servidores, que varia entre 20 a 30 vezes o percebido por um assalariado rural, ampliada/multiplicada por caminhos legais, mas distantes do moral).
Ocorre
– e é aí onde a porca torce o rabo, como dizia vó Tormeza – tiveram aqueles que encontrar razões em quem trabalha no ramo
há décadas. Ou seja, de quem vem cometendo deslizes desde muito. Desde que a
República, em sua fase recente, manteve a histórica ‘legitimidade’ no capital
empresarial que sustentava campanhas político-eleitorais para acesso ao Poder
(Executivo e Legislativo).
Dentre
elas, uma empresa chama a atenção: a Odebrecht. Não só pela longeva existência.
Também pelo que representa no cenário internacional, razão por que seus espaços
conquistados são um alvo preferencial para concorrentes estrangeiras.
Ocorre,
no entanto – e aí os concurseiros da Lava Jato que desconhecem a história –
imaginaram que encontrariam em seus dirigentes um apoio à delação de nomes
daqueles culpados previamente ‘selecionados’. Ao que parece a empresa recusou.
O vazamento logo levado ao sigilo por Sérgio Moro demonstra a explosividade
contida em seus segredos no curso das últimas décadas.
Mônica
Bérgamo, em sua coluna na Folha, na sexta 25, aventa a possibilidade de
informações da Odebrecht extrapolarem a classe política e alcançar Judiciário,
Ministério Público, diplomacia e governos vários, desde os anos 80, pelo menos.
Alguém imaginar que a imprensa esteja fora delas beira o nonsense.
Veja
o leitor: aquela planilha era só um cheirinho. Como escreveu a jornalista, é
“só aperitivo” do que existe nos arquivos da empresa.
As
estruturas políticas deste país sempre se sustentaram na forma que de uma hora
para outra passou a ser criminosa. Criminosas sempre o foram. Aplaudidas e
decantadas. Até que um partido fora da tradição ocupou o poder. E que – por
impossibilidade de enfrentamento ou por erro mesmo – manteve o histórico status quo.
O
vazamento de planilha da Odebrecht com nome de políticos de vários outros
partidos – inclusive da gloriosa e augusta oposição – pode cheirar a um recado
mais profundo: é hora do entendimento.
Se
aliada à delação de Pedro Correia descobrimos que havia uma “acomodação do
mercado” – oportunidade em que uma empreiteira perdedora de uma licitação ficava
com 5% do licitado, como ocorreu no governo Alckmin –, podemos dimensionar o
estouro contido nos arquivos da Odebrecht.
A
Odebrecht remonta ao início do século XX, quando o patriarca Emílio criou a
Emílio Odebrecht & Cia, em 1923. A recente fase começa em 1944, com
Norberto Odebrecht. A empresa está sofrendo prejuízos incalculáveis. Dispensou
obra de US$ 5 bilhões no Peru. Circula que teria posto à venda suas fazendas em
Ipiaú.
Não
vai deixar de graça.
Alguém
já afirmou que o conteúdo dos discos rígidos de Daniel Dantas, então
apreendidos na Operação Satiagraha, caso viesse à tona derrubariam a República.
As
planilhas da Odebrecht têm o mesmo condão.
Essa
dimensão – onde a centenas de outros atores interessa uma ‘conciliação’ – nunca
passou pela cabeça dos concurseiros.
O PMDB conhece os pormenores. Tanto que saltou fora do Governo. Para tentar salvar a pátria e seus patriotas.
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