Em tempo
de penitência
Uma
pequena amostra da realidade que não tem como ser sublimada tão somente
participando de folias.
Afinal,
cremos, piamente, que esta terra brasilis passa a viver uma nova Era: a de
permanente estado de Quaresma, tanto será o jejum.
Bloco de
carpideiras
Carnaval
é festa. A mais tradicional festa popular do país. Instante para esquecer do
que aflige cada folião. Até a quarta-feira chegar.
Mas, tivemos
dificuldade em nos alegrar diante do que nos ocorre:
Brumadinho,
desemprego, atividade econômica no fundo do poço, desemprego (40% de
desempregados, subutilizados e desalentados), fome e miséria multiplicados,
mortalidade materno-infantil retornando etc. etc. Um mundão de gente em
plenitude de falta da esperança, buscando o desencanto como remédio.
Não
somente isso: time de futebol gastando milhões e a deixar jovens morrerem
incendiados em centros de treinamento fajutos.
E mais:
reformas para massacrar pobres e proteger castas e classe dominante.
Para
combater a violência pastores evangélicos traficam fuzis para favelas. E alguns
militares – para não perder oportunidade – traficando drogas.
E como
se o pouco que acima registramos não bastasse o Ministério Público – que tem
originariamente a função de defender a sociedade – assume sua dimensão de
partido político, ideologizado em nível de retrocesso e cria uma ‘associação’
para contribuir para com a destruição do que resta de valores do estado
nacional.
E para garantir que ‘todo poder emana de mim e por mim será exercido’
uma falcatrua, ao arrepio das leis e do Congresso Nacional, transfere a
bagatela de 2,5 bilhões de reais da Petrobras a fundo perdido para uma tal
picaretagem chamada de ‘fundação lava jato’ (com letra minúscula revisor!) a ser administrada por procuradores da dita cuja, em Curitiba.
Um pouco
mais: o mercado consumidor chinês (como destinatário de produtos brasileiros)
que saíra de U$ 1,3 bilhão em 2003 para os atuais 52 bilhões começa a ser transferido
para os Estados Unidos, que já fecham negócios de 30 bi de venda de grãos (soja),
frango e carne para os chineses.
Não bastasse, a mesma China congela os
repasses de U$ 15 bi de um fundo comum entre os dois países para investimentos
no Brasil.
Ah! Sem
falar nos 500 milhões de abelhas mortas em apenas três meses, vítimas de
defensivos agrícolas.
Diante
de tudo isso restou-nos curtir o Carnaval relendo Fernando Pessoa e escrevendo.
Também vendo filmes de terror. Os clássicos. Porque os trash estão ao vivo nas redes de televisão, em noticiários,
comentários políticos, capítulos de novela e reality shows e na manifestação
da meritocracia analfabeta deste país pondo seu corporativismo em defesa do
patrimonialismo que dizem combater.
Certo é
que não tivemos como botar o bloco na rua.
Inclusive
por falta de carpideiras.
Síndrome
Lemos em
torno da preocupação da gente de Brumadinho em razão da ausência da Vale, temendo
pelo futuro da localidade sem a mineração.
Ainda que
mais de 300 dos seus estejam mortos por causa dela, rios ‘assassinados’ e
ribeirinhos que adoecerão, inclusive com cânceres.
Não há
dúvida: síndrome de Estocolmo.
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