Cultura
da certificação
Assim
denominamos o resultado do processo educacional que desaguou no quantitativo em detrimento
do qualitativo. No instante em que a escolaridade, em todos os níveis, passou a
valorizar e referenciar o estatístico – ou seja, o quantitativo de aprovações – acompanhamos a tragédia em que se tornou o ensino/escola como primeiro
instrumento social fora da família a contribuir para a formação do indivíduo/cidadão.
Em razão do tempo neste instante apenas lembramos que embutida está na proposta uma imediata contradição: se a família (hoje obrigada a trabalhar fora do lar) não tem tempo para cuidar dos filhos como exercerá o magistério doméstico? Certamente enquanto dormir, descansando de jornada iniciada às quatro/cinco horas (buscando transporte) e concluída às oito/nove.
A
proposta de ensino no próprio domicílio (sem entrarmos nos méritos que envolvem
o tema, da constitucionalidade ou não da pretensão aos desdobramentos que
desaguarão na avaliação) aprofunda o processo de desqualificação formal.
A avaliação/certificação referida não passa de um engodo. Tão somente o 'papel', como hoje em parte já o é. No caso, passa a ser piorado. Apenas
‘certificará’ para o mercado. Como já fizera as reformas do ensino a partir do
final dos anos 60.
E atenderá às 'exigências' meritocráticas da "elite branca", como denomina Cládio Lembo a classe dominante brasileira.
Bem ilustrada, em suas pretensões, na foto de uma caminhada da turma do 'fora Dilma', vestida de verde e amarelo levando a empregada para cuidar do filho. Afirmam que o marido/pai era dirigente do Flamengo à época.
Urânio
entregue
O avanço
sobre a riqueza e a soberania nacionais move outra peça no xadrez do tabuleiro
de interesses dos Estados Unidos: urânio.
US$ 100
bilhões anuais o comércio de urânio. O Brasil desenvolveu, inclusive,
tecnologia de processamento, o que o qualificava para produzir e vender usinas nucleares. Prenderam o cientista de tudo isso.
A traição promovida por gente custeada pelo governo e encastelada na Procuradoria da República e na Magistratura Federal.
Para entender melhor (aqui).
Comunista desgraçado!
Noam
Chomsky compara prisões de Assange, Lula e Gramsci como expressões do “calar”
inconvenientes aos sistemas de dominação.
Comunista
desgraçado, este Chomsky!
Quem faz um cesto...
Há quem afirme confiar na apuração a cargo da Justiça Militar, instituição jurisdicional que só existe no Brasil (que muito lembra o júri originado dos ingleses no século XIII d.C. – os pares julgando os pares), para o caso dos 81 tiros dos militares do exército no músico Evaldo Rosa dos Santos, no Rio de Janeiro.
Apenas para
lembrar: a mesma Justiça Militar, ainda que o detendo por 15 dias, não condenou
o que hoje assume a presidência da república pela prática de terrorismo, em 1988, ainda que comprovada a sua
atuação através da imprensa ameaçando explodir a adutora do Guandu, em 1986,
caso o governo não concedesse aumento de 60% para os militares.
A Justiça
Militar cuidou de administrar a imagem do Exército, desgastada no imediato do fim da ditadura, reformando/promovendo
para a reserva remunerada, aos 33 anos, aquele tenente que a vem se tornar o
capitão – ainda que “mau militar” no conceito do ex-presidente General Ernesto
Geisel. (Leia o publicado em nosso blog no 31 de março)
... faz um cento
Quem faz um cesto faz um cento, ainda que outro o tempo.
A jornalistas em Macapá o eleito disse – referindo-se ao que denominou ‘incidente’ – que o Exército apontará responsáveis, porque “não existe essa de jogar para debaixo do tapete”.
Faz
sentido. Porque no caso dele, ainda denunciado por terrorismo em 1986, teve como
punição, pela Justiça Militar – repetimos –, a reserva/promoção como capitão aos 33 anos de
idade.
Parábola
tupiniquim
Analisando
a partir das reações do governo federal à luz de dois fatos concretos (os tiros
da polícia paulista e os tiros do exército no Rio de Janeiro) é possível
raciocinar sob a égide da parábola bíblica, visto que Cristo manda perdoar não
sete vezes mas setenta vezes sete.
Em São
Paulo a polícia matou onze assaltantes dos 27 envolvidos. Não faltou elogio do
Planalto pela atuação policial.
No Rio
de Janeiro um músico negro (mera coincidência a cor) morreu em meio a 80 tiros de
fuzil disparados por militares do exército contra o carro onde estava com sua
família. Nenhuma palavra do Planalto nem de quem lhe faça a vez.
Em
andamento a militarização da população com a facilidade para a compra e o porte
de armas de fogo.
O
ministro da justiça pretende autorização legal para inocentar a atuação
policial no combate ao crime mesmo por presunção de perigo ou risco (coisa
experimentada pelo músico negro no Rio de Janeiro).
Apelação
que seja: caminhamos para parodiar a parábola. Assim, na dúvida – presumido o
risco – perdoados não estarão os que derem 80 tiros mas 80 vezes 80.
Agradecida
a indústria da bala.
Ah! E avançamos
para a Paz que pretendemos: a paz de cemitério.
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